capítulo 11

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CAPÍTULO 11

    Asteria acordou com um claridade incomum iluminando suas pálpebras. Seu rosto foi banhado por meia luz, e ela lutou para abrir os olhos, sentindo uma dor intensa no olho esquerdo. Ela sabia com certeza que havia um hematoma ali e sequer ousou em tocá-lo. Mas ela enxergava melhor com seu olho direito que estava apenas dolorido e mal familiarizado com a luz. 

    Depois de incontáveis dias presa naquela cela subterrânea, estar em um ambiente com algo além de feixes de luz de velas ocasionalmente, era custoso se adaptar. Seus olhos, que estavam cansados, lacrimejaram e ela forçou suas pálpebras, piscando as lágrimas para fora dos olhos e limpando a visão. Sua cabeça pendeu para trás, tentando afastar-se da luminosidade. Sua visão estava muito sensível. 

    Asteria não precisava abrir os olhos para saber que o local em que se encontrava agora não era sua cela subterrânea. Ela reconheceria seu cativeiro, pelo cheiro de mofo, pela falta de luz, pelo frio e até mesmo pela umidade da pedra. O lugar em que ela estava parecia diferente, limpo. O cheiro era mais agradável, com certo frescor. Não era no subterrâneo. 

    A superfície sob a qual ela estava deitada também era diferente de seu usual colchão de palha. Não rangia e fazia ruído de palha se esmigalhando quando ela se movia sob. Pelo contrário, era macio e deslizava em sua pele como seda. Asteria já havia experimentado aposentos agradáveis, até luxuosos se levasse em consideração o que seria considerado luxo ao comparar seu quarto no Cove com o padrão da maioria das pessoas na Corte dos Pesadelos. 

    Aquilo em que ela estava deitada era uma cama de verdade. Com um colchão macio, lençóis de seda e algodão finos. Travesseiros com enchimento de plumas. Não era apenas um colchão velho de palha no chão, aquela cama tinha uma armação, e parecia alta, como.se fosse suspensa no chão. Além disso era realmente espaçosa, caberiam facilmente quatro pessoas de tamanho normal. Ou… Asteria pensou — enquanto refletia sobre todos os aspectos agradáveis daquele aposento — ou poderia acomodar um enorme macho illyriano, com o adendo de grandes asas coriáceas. 

    Asteria sabia que havia sentido um cheiro familiar. 

    Ela abriu os olhos e tentou se levantar muito abruptamente, ela percebeu que usava roupas limpas e que suas feridas pareciam ter sido fechadas e tratadas. Suas mãos e antebraços estavam envolvidos com faixas brancas dos curativos, assim com ela desconfiava que seu torso também estava, havia certa rigidez nos curativos daquela área. Para suas costelas quebradas, ela lembrou.

    A fêmea sentiu uma tontura, estava debilitada, sentia-se abatida e vulnerável, com costelas quebradas e um esmorecimento abatendo sobre seu corpo. Ela se acomodou sobre a cama, o colchão afundando onde ela apoiou seu cotovelo para se erguer um pouco e ser capaz de observar o resto do espaço em que estava. Era uma tenda do acampamento, ela percebeu ao olhar com atenção. 

    O cobertor que aquecia seu corpo deslizou para baixo e ela finalmente notou que aquelas não eram suas roupas, uma camisa branca de mangas compridas e nada além disso. Asteria estava deitada em uma cama imaculada, com roupas tão brancas que ela chegava a se sentir impura usando-as, e em sua pele não havia mácula de imundice de qualquer tipo. Ela não se lembrava de tomar banho ou estar em condição para fazê-lo sozinha, o que significava que alguém havia feito isso por ela. Visto seu corpo, suas marcas, limpando-a e vestindo-a.

    Um arrepio percorreu seu corpo e ela tentou se levantar, não era pudor que a deixava assustada e atormentada, mas sim o horror de ter estado tão exposta. Asteria não achava que tinha pudores com nudez, mas aquele era um território inimigo. Ela encontrava-se cativa, e todos eles haviam visto-a em seu estado mais vulnerável. Ela sequer compreendia o porquê de ainda estar viva. 

corte de sombras e pesadelos • azriel × asteria | EM PAUSAWhere stories live. Discover now