corte de sombras e pesadelos • azriel × asteria | EM PAUSA

capítulo 19

CAPÍTULO 19

    De volta à tenda, Asteria sabia o que Azriel iria fazer. Ela tinha o visto ficar estático ao olhar as luas tatuadas em seu antebraço. Ela havia pensado naquilo de última hora. Havia pensado rápido em um modo de obter uma garantia de que o acordo que ela firmava com o Grão Senhor seria cumprido como fora combinado.

    Não havia sido nada premeditado, embora os três machos pudessem cogitar que ela viesse planejando isso há algum tempo. Asteria só soubera do acordo naquele momento em que o Grão Senhor havia proposto, portanto não pudera pensar em nada antes. Sendo sincera, Asteria não havia sequer imaginado que Rhysand pudesse propôr uma aliança entre os dois. Ela esperava um interrogatório, não uma barganha.

    Mas a fêmea estava feliz por aquilo. Ela se sentia mais confiante agora que tinha uma carta na manga. Azriel estava acorrentado a ela assim como ela à ele. E a barganha só teria um fim quando as dois lados cumprissem sua parte naquele acordo, não importava quanto tempo levasse até que Asteria conseguisse erradicar a praga com a ajuda das forças do Grão Senhor e sua Corte, e importava menos ainda quanto tempo ela levaria para descobrir mais sobre os planos de Keir. O acordo só seria cumprido e consolidado quando aquilo tudo tivesse um fim. Daí então Azriel e Asteria se separariam, suas tatuagens desapareceriam por fim.

    Azriel estava com raiva. E poderia ser um eufemismo, pois não era apenas raiva, ia muito além disso. Ele estava trastornado, incomodado e desconfortável. O Encantador de Sombras não parecia nada feliz por ter sido subitamente e sem aviso prévio sido incluso naquele plano maluco de Asteria.

    Ela sabia que ele não entenderia suas razões. Ela precisava de uma garantia, que ninguém melhor do que um dos amigos e membros mais importantes daquela Corte para servir como bode expiatório? Azriel podia não entender, mas isso não importava tanto para Asteria. Ela tinha o que precisava para levar mudanças até seu lar, até a Cidade Escavada e toda a Corte dos pesadelos.

    A bruxa nem conseguia imaginar qual seria a reação de Verena quando ela voltasse para casa e contasse as novidades. Com certeza a fêmea ficaria surpresa com o desenrolar da história, até mesmo Asteria estava surpreendida com o caminhar das coisas. Ela não esperava conseguir um bom acordo depois de todo aquele tempo sendo tratada como uma prisioneira. Ela não esperava nada menos do que uma morte lenta nas mãos dos illyrianos, pelo simples fato de que ela era uma bruxa.

    Asteria pensou que não sairia dali tão cedo, se tivesse continuado nas celas subterrâneas, sem contato com o sol ou a terra, ou a chuva ou a luz da lua, ela com toda a certeza teria definhado. Ela se dava bem com a escuridão, mas aquele lugar era artificialmente escuro. Cavernas não eram o melhor lugar para uma bruxa como ela estar, Asteria preferia estar ao ar livre, a escuridão de uma floresta ou estar sob as estrelas.

    Fato era que agora ela não era mais uma prisioneira, havia o fator desagradável de que ela era uma emissária da Corte Noturna na Cidade Escavada agora, fato esse que ela estava tentando não pensar muito, afinal ela estava trabalhando para Rhysand agora. Asteria queria vomitar de desgosto, ela podia sentir a náusea e um arrepio toda vez que pensava naquilo.

    Pelo fato de não ser mais uma prisioneira, Asteria não entendia o porquê de aquele morcego enorme e furioso estar seguindo-a para dentro da tenda. Era a tenda dele, ela sabia disso, mas agora que estava livre ela não via motivos para que ele continuasse ofegando atrás dela.

    — Presumo que mereça isso, mas você pode me dizer por que quer me matar desta vez? — perguntou ela, enquanto vasculhava todos os cantos em busca de suas armas.