capítulo 06

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CAPÍTULO 6

    Asteria soube instantaneamente o exato momento em que Azriel caminhou para dentro dos túneis subterrâneos. Foi uma sensação esquisita sentir a presença dele e ouvi-lo se movimentando pelos túneis em direção a cela dela. 

    Ela estava sentada no colchão de palha e tinha acabado de comer. De alguma forma ela não sentia frio ou calor ali, o ambiente parecia estar sempre na mesma temperatura agradável. Asteria não tinha um palpite do que mantinha a cela na temperatura ideal para que não ficasse congelada ou suasse até a desidratação. Mas era uma cela sob o chão, que impedia o seu captor de atravessar diretamente para dentro, com certeza havia outros feitiços ali. 

    Durante os dias em que havia ficado presa no subterrâneo, Asteria não tinha conseguido pensar em nenhuma forma de escapar. Um guarda estava sempre de prontidão no corredor, e um segundo lhe trazia comida, eles nunca conversavam com ela, apenas a olhavam de esguelha e ela até mesmo já havia visto um deles se encolher e desviar o olhar dos olhos violeta dela, o que era estranho pois ela enquanto prisioneira não oferecia nenhum perigo, e nunca se aproximavam o suficiente para dar a ela uma abertura para roubar as chaves das fechaduras das celas. 

    De qualquer forma, Asteria não havia conseguido traçar uma rota de fuga. Desde que o General Cassian viera tentar persuadir Asteria a contar tudo o que sabia sobre a criatura morta na floresta e quaisquer planos que ela tivesse contra eles, pois sim Asteria sabia que eles com certeza achavam que ela estava ali com um objetivo. Ela não era uma espiã, não trabalhava para ninguém, nunca o fizera, ela não era do tipo que tinha parceiros no crime e não se submetia ao comando de um líder. Exceto no exército, o que era um caso à parte. 

    Sua mente estava tão fechada que ela tinha certeza de que não havia ninguém no mundo suficientemente poderoso para invadir seus bloqueios mentais. Isso era o que acontecia depois de anos reprimindo tudo e empurrando cada coisa para o fundo de um poço profundo e escuro e então selando-o com sete chaves.

    Ninguém havia quebrado a mente de Asteria antes. Não importava quantos ossos fossem esmigalhados, quantos hematomas surgissem em seu corpo, ela permanecia intransigente. Estava preparada para qualquer coisa que Azriel estivesse guardando na manga para usar contra ela. Nenhum deles conseguiria nenhuma informação dela, a não ser que a própria decidisse colaborar. Ela não seria forçada, tortura não funcionaria. 

    Ela sentiu quando Azriel entrou no corredor e se aproximou, embora não tivesse olhado naquela direção da qual ele vinha, suas sombras o acompanharam, calmamente, como se descansassem sobre seus ombros, apenas aguardando o momento em que seu possuidor as invocaria. 

    Asteria girou entre seus dedos um pedaço de palha que havia arrancado do colchão, agiu o mais despreocupadamente possível, ainda que um suspiro tivesse escapado de uma boca no momento em que o encantador de sombras puxou uma cadeira do canto onde o guarda que a vigiava costumava se sentar. Ela ouviu o ranger dos pés da cadeira se arrastando pelo chão de pedra e pensou que o espião estava, obviamente, fazendo tanto barulho de propósito.

    A fêmea não queria se virar e encarar o macho que estava ali sentado observando-a enquanto ela se sentia a pessoa mais vulnerável de todas, mas ela não pôde conter o impulso de inclinar a cabeça e olhar para ele. A primeira coisa que Asteria reparou foi que ele não estava vestindo sua armadura adornada com sifões azuis, ela sabia que a armadura era mágica e que ele poderia invocá-la ao bater onde seus sifões de poder se localizavam e então a armadura cairia sobre sua pele como uma luva. 

    Azriel usava roupas casuais, um casaco escuro, calças com um corte perfeito para ele e botas que pareciam ter custado muito caro. Ele estava sentado com as pernas e braços cruzados, seu cinto de armas estava lá mas Asteria apenas conseguia distinguir uma bainha, provavelmente a adaga que ele parecia carregar consigo para qualquer canto que fosse. Seu cabelo preto estava arrumado de uma forma que parecia natural, apenas em um estilo "acordei exatamente dessa forma." 

corte de sombras e pesadelos • azriel × asteria | EM PAUSAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora