corte de sombras e pesadelos • azriel × asteria | EM PAUSA

capítulo 18

CAPÍTULO 18

    O ambiente permaneceu em um silêncio sepulcral conforme aquelas palavras ecoavam na mente da bruxa. Ela estava ali, no meio daquela grande e aconchegante sala, totalmente estática, seus olhos violeta estavam abertos como pratos, não haviam muitas situações na vida que causariam tanto assombro nela, Asteria havia vivido pouco comparado a quanto tempo os três machos na sala com ela haviam, eles com certeza tinham experimentado mais da vida do que ela uma vez sonhou viver, mas ainda assim, seus cento e poucos anos vividos em uma terra assolada por destruição e crueldade lhe serviram para não se surpreender com muitas coisas.

    Mas aquilo, aquela frase, um pedido, uma condição, a havia deixado mais surpresa do que estivera em qualquer outra vez em sua vida.

    Asteria não conseguia se mover, não conseguia sair do lugar ou formular e verbalizar uma resposta para o que tinha acabado de ouvir. A bruxa então riu amargamente, deixando todas as outras três pessoas na sala um pouco perplexas. Ela nunca havia ouvido tamanha loucura, e ela havia saído direto do buraco mais imundo na cidade escavada e crescido ao lado das pessoas mais infames.

    O silêncio era tanto que a risada da bruxa fez uma espécie de eco, era não se importava se parecia louca, porque talvez ela estivesse mesmo, após ouvir aquelas palavras saindo da boca do Grão Senhor em pessoa ela começava a duvidar de sua próprio sanidade, mas não mais do que duvidava da sanidade deles. Nem em seus piores sonhos ela conseguia imaginar um cenário como aquele, Rhysand sugerindo que ela, Asteria Thorin, se tornasse emissária da Corte Noturna na Cidade Escavada.

    Mas à medida que ela ria e observava os machos à sua frente sua risada foi morrendo aos poucos, e Asteria entendeu que não era um teste, muito menos uma brincadeira de mal gosto. Asteria não conhecia nenhum deles, não conseguia se imaginar tendo qualquer nível de intimidade com aquela gente ao nível de conhecê-los dessa forma, mas ela acreditava que obviamente o grão senhor mais poderoso de Prythian não iria usar um momento como aquele para fazer piadas. Asteria percebeu que era sério, as faces dos três enquanto a observavam continha certa sisudez, e Rhysand era uma figura absolutamente austera à sua frente, mas ainda assim ela não conseguia assimilar nada daquilo.

    O rosto da bruxa caiu aos poucos, seus olhos se tornando implacáveis.

    — Isso é algum tipo de piada? — perguntou ela com escárnio. A fêmea girou seu pescoço, ela encarou Azriel como se perguntasse silenciosamente que porra aquilo significava, as sombras dele se agitaram conforme ela o observou mais intensamente em busca de respostas, a face de ambos a representação de gravidade. Azriel quase balançou a cabeça para ela, mas apenas olhou rapidamente, Asteria percebeu que ele não tinha aquelas respostas ou estava fingindo muito bem não saber de nada, ela duvidava que um dos membros mais importantes da Corte não soubesse das decisões de seu amigo e governante. A bruxa fechou a cara.

    — Você parece surpresa com minha proposta — disse Rhysand. Asteria não sabia dizer o que se passava na mente dele agora, não conseguia ler suas expressões além da seriedade que ele transbordava.

    — Porque isso é absurdo de todas as formas que se pode imaginar — respondeu ela, porque era totalmente absurdo que ele colocasse como condição a fornecer ajuda que ela começasse a trabalhar para a Corte Noturna.

    — Me parece razoável — interpelou o general Cassian — É uma questão de estratégia, nós temos as forças que vocês precisam em suas legiões, temos o respeito dos súditos para com Rhysand e nós, guerreiros illyrianos. E você tem as informações que precisamos, não apenas sobre a praga, mas sobre o funcionamento da Cidade Escavada como um todo. Tendo crescido lá você deve conhecer o lugar como a palma de sua mão. E precisamos disso agora, e precisaremos no futuro se quisermos levar a ideia das mudanças em frente. Vamos precisar de alguém que passe alguma credibilidade, e que tenha a confiança do povo de lá.