corte de sombras e pesadelos • azriel × asteria | EM PAUSA

capítulo 20

CAPÍTULO 20

    Asteria se sentou em uma cadeira, seu olhar fixo no chão. Ela girou a adaga na mão conforme observava o piso com uma atenção incomum.

    Seus pertences já haviam sido empacotados, as poucas coisas que ela tinha consigo quando partiu naquela missão semanas antes. Ela tinha recuperado suas armas e se armado, parecendo-se de novo com ela mesma.

    Azriel não estava ali no momento, o macho tinha sido relutante em deixá-la sozinha, mas não tinha escolha além de confiar minimamente nela. A bruxa esperava que ele voltasse logo, pois nem ela confiava em si mesma para se manter longe de problemas. Além disso, ela odiava esperar.

    Era o que ela estava fazendo enquanto estava sentada ali no meio da tenda encarando o chão, esperando. Esperando por Azriel. O macho tinha saído para procurar o General Cassian, ao que parece agora Asteria teria que se reportar a ele também. Teriam que ter uma conversa sobre como proteger o acampamento agora que ela estava de partida em uma missão com o encantador de sombras.

    Asteria achava isso muito estranho. Em toda sua vida ela tinha sido uma ladra, uma assassina enganadora, mas agora ali estava ela, a inquietação tomando conta de si enquanto sua cabeça girava com a perspectiva de se tornar, de ser, parte da Corte Noturna efetivamente.

    Ela nunca poderia ter imaginado algo assim, mas agora era uma informação que sua mente não conseguia bloquear. Ela era emissária da Corte dos Sonhos, isso era praticamente uma traição contra a cidade escavada. Asteria queria manter isso em segredo, ela não podia imaginar o que Verena diria quando soubesse. Asteria, a bruxa problemática, irmã mais nova do respeitado Kieran Thorin, tinha conseguido um cargo como emissária. Chega a ser patético, pensou ela, enquanto se levantava.

    De tudo que ela pensou que fosse acontecer em sua vida, isso era a coisa mais inesperada possível.

    Asteria andou pela tenda, seus sentidos aguçados. Ela arrumou seus longos cabelos em uma trança e esperou. Ela ouviu com cuidado enquanto passos se aproximavam, e ela não precisou olhar para trás para saber que Azriel estava chegando, o cheiro de outro macho o acompanhando.

    Ela sentiu as sombras dele chegando até ela também, sorrateiras. No início, ao conhecer o mestre espião, ela pensava que aquelas sombras eram algo curioso, mas não sentiu medo em momento algum. Como poderia? Asteria tinha suas próprias sombras para lidar. E ela sabia que, mesmo não sendo próxima dele, e não conhecendo Azriel, afinal ele era um complexo macho centenário difícil de entender, mas ela sabia que as sombras eram guardiãs. Que há mais mal espreitando no mundo do que os humanos sabem, e que as sombras estão no mundo para garantir que não saibamos sobre isso.

    Azriel e suas sombras eram como uma guarda, e era interessante pensar nisso a partir do ponto em que machos illyrianos são extremamente protetores. O que Asteria achava um pouco sufocante, ela não queria ver esse lado do illyriano.

    — Você demorou — ela disse, ainda sem se virar.

    Ela não sabia dizer se ele estava sorrindo provocativamente, mas na voz dele havia uma pitada de malícia.

    — Sentiu minha falta, bruxa?

    Asteria endireitou os ombros, havia algo na voz dele quando ele dizia bruxa, como se ele quisesse dizer mais, como se soubesse mais... O quê Asteria não sabia exatamente. Mas havia esse algo sobre Azriel, que a perturbava, era como ele estivesse sempre olhando partes dela que estavam escondidas sob sua pele.