Capítulo VI

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(Danilo)

Fiquei impressionado como o garoto de cabelos coloridos conseguiu encantar Blanco. Ele era tão antissocial, lembro-me de diversas vezes, em que ele deu coices em funcionários do batalhão.

— Ele é tão lindo. — Lucas disse o acariciando.

— Lucas desculpa atrapalhar, mas temos que entrar. — A garota ao lado dele falou, e o puxou pelo braço. Ela parecia estar irritada comigo, deveria mesmo ser namorada dele.

— Então tchau. — Lucas se despede levantando sua mão para dar um aceno.

— Tchau. — Minha mão é levantada também, quase por instinto.

— Vamos traidor. — Guiei Blanco para sairmos dali, os outros fregueses olhavam assustados para nós, pois Blanco ficou muito próximo das outras mesas.

—Major Danilo, Cabo Silva a caminho para dar suporte. — Meu rádio me informa.

— Entendido. —

— Será que ela era namorada dele Blanco? — Pergunto tentando entender a relação dos dois. Na realidade eu estava sendo muito bobo, por dar atenção a algo tão pífio.

— Tem razão Blanco, o que eu tenho a ver com isso?! — Falo voltando a realidade. Era curioso minha preocupação para com ele.


(Lucas)


— Amigo quem era aquele deus montando naquele cavalo? — Joana perguntou quase tendo um troço.

— Major Danilo, ele me deu carona na saída da festa ontem. — Falei, também quase tendo um treco.

— Espera, o quê? Meu deus! — Ela tapou a boca para segurar o surto — Seu safado, e eu com dó de você. Me conta tudo —. Ela falou sacudindo meu corpo no meio do corredor.

— Eu vou é te dar um tapa, pra você se controlar. — Falei soltando o braço dela.

— Vai me conta, eu me comporto eu juro. — Ela disse né dando um beijo na bochecha.

— Eca! — Digo limpando a baba dela — Eu conto! — Falei já ficando irritado.

— Então vai, para de enrolação. —

— Eu estava andando sozinho na rua, decepcionado pela noite. Aí ele me aborda, achando que eu era menor de idade, pede pra ver minha identidade. Depois me oferece uma carona para me deixar em casa. — Digo. Sorri ao lembrar de todos os detalhes, e ao relembrar a sua gravíssima voz.

— Meu deus! E o resto? — Ela falou colocando a mão na boca do novo.

— Eu chamei ele para subir, ele aceitou, depois disso ofereci um macarrão, e fui preparar. Mas ele acabou caindo no sono, então o deixei dormindo no sofá, enquanto eu dormi no chão. —

— Incrédula! Menina eu achando que tinha encontrado o ouro, e você encontrou o seu vibranium. —

— Deixa de viagem, não temos nada, e eu ainda acho que ele é hétero, mesmo ele tendo gostado do meu cabelo. — disse tentando cair na real, já para não criar falsas expectativas.

— Aqueles músculos deixaram você burro? Querido acorda! Um homenzarrão daquele elogia seu cabelo, te oferece carona, e ainda sobe ao seu apartamento. E você ainda acha que ele é hétero? — Ela fala me dando aquilo que eu não queria — Esperanças. —

— Lá vem você com esse negócio de gaydar de novo. — Respondo querendo fugir daquela conversa.

— Funcionou com o Jonas na primeira vez que vi ele, e funcionou com você também quando apenas bati o olho em você. — Ela fala toda orgulhosa.

— É mais você não adivinhou que o Jonas era um idiota. — Retruquei. Até hoje quero esquecer aquele idiota. E jogar todas aquelas lembranças, onde eu falava que o amava, no lixo.

— Ai amigo esquece isso. — Ela fala me abraçando.

— Se você defender o Jonas de novo na minha frente, vou dar pro seu garoto musculoso. — Digo rindo.

— Sua puta. — Ela me apertou rindo.


(Danilo)


— Fica bem de olho nesse povo esquisito, nunca vi tanto esquerdista comunista junto. — Cabo Silva falou, olhando os alunos entrarem na universidade.

— Esse não é meu primeiro dia aqui. — Respondi franzindo o cenho. Não gostei do comentário dele sobre os universitários. Eu não os considerava esquisitos, mas sim originais, e bastante sofisticados.

— É tem razão talvez deva se aposentar. — Ele falou, e riu com aquele sorriso que eu tanto odiava. Blanco, aliado a mim como sempre, anda alguns passos a frente do cavalo onde o Cabo Silva estava, e solta uma flatulência bem forte.

— Cavalo nojento — Silva fala, prendendo a respiração para não sentir o mal cheiro — Um dia você vai ser meu, e aí eu vou te ensinar o seu lugar -.

— Não enquanto eu viver. — Digo, lhe lançando um olhar intimidador.

Ele permaneceu calado. Enquanto eu agradeço Blanco com uma carícia no pelo.


•••


 —Boa noite Torão meu velho, hoje a minha noite vai ser animada, ao contrário da de alguns. — Silva falou me provocando.

Estávamos no batalhão, nosso turno tinha acabado, era tarde da noite. Fomos colocar os cavalos nas cocheiras.

— Vai dar a bunda hoje a noite? — Perguntei devolvendo todas as provocações.

— Ficou maluco? O único que parece viado aqui é você rapaz! — Ele fala se alterando — Vai procurar uma mulherzinha pra você, ou um macho. — Ele estava irritado.

— Se sua mangueira falhar hoje, é só lembrar de mim que ela sobe, brocha. Só não vai apelar pro Viagra dessa vez, vai que você passa mal como naquele dia. — Respondi, ele saiu dali irritado, os meus outros colegas riram da situação. Até Blanco riu também, da maneira dele.

— Tchau parceiro, tenho mesmo que ir. — Me despedi. Blanco traz sua cabeça ao encontro de minha mão. E esfrega nela.

Nisso sinto um fio de cabelo entre seu pelo. Quando puxo, vejo que o fio era azul.

— Lucas! — Pertencia ao seu cabelo quase que único.

Blanco traz sua cabeça de novo ao encontro de minha mão. Colocando o fio de cabelo entre nós dois

— Você tá ficando velho mesmo. — Falei segurando o fio, e indo embora.

Fui até a garagem peguei minha moto, e fui em direção a minha casa, com um turbilhão de coisas na minha mente. Mas com uma fome maior na minha barriga.


(Lucas)


— Será mesmo? — Me perguntei, bebendo meu copo de leite antes de dormir. Eu já estava vestido com meu pijama, que se resumia a uma camisa enorme, uma meia, e uma cueca.

Quando estou prestes a me deitar, ouço alguém batendo a porta. Estranhei pois era tarde, e geralmente meus vizinhos não me incomodavam.

Caminhei devagar, e abri a porta. Muito curioso.

— Posso entrar? — Major Danilo perguntou parado a porta. Era ele. Ainda com a farda, e com algumas caixas de pizza na mão.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

Fardado [+18]Where stories live. Discover now