Capítulo XXV

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                       (Lucas)

   Eu era muito trouxa mesmo, só bastava aquele homem pedir uma coisa, que eu fazia na maior felicidade. Eu estava apaixonado, como nunca estive em minha vida, nesses últimos tempos tenho tido uma explosão de criatividade. Escrevo muito, pois as palavras são muitas.

  Minha decisão até que foi benéfica, afinal agora eu poderia ficar com meu amor por mais tempo, já que ele voltaria a trabalhar. E também, agora eu não conseguiria dormir sem ele agarrado a mim.

   Estou dormindo quando sinto minha orelha sendo lambida por Danilo, com aquela sua grande língua.

   — Meu amor, bom dia, já estou indo trabalhar, acho que só volto a noite —. Danilo diz me acordando, passeando sua mão por minha pele desnuda. Abro os olhos, e vejo ele de volta naquela farda. Confesso estava com bastante saudades de retirá-la.

  — Tudo bem, bom trabalho —. Falei abraçando-lhe, eu estava muito sonolento, quase não conseguia abrir os olhos devido a claridade.

   — Desse jeito não vou conseguir ir trabalhar —. Ele fala rindo lindamente, colocando a mão no meu rosto.

   — Vai sentir saudades? —. Pergunto querendo provocá-lo.

   — Muita —. Danilo muito sacana, me vira de costas e dá um beijão na minha bunda seguido de um tapa forte.

   — Ei! —. Protesto sentido minha pele arder. Às vezes eu tinha medo de Danilo quando estávamos na cama.

  Ele então partiu, e eu fiquei sozinho naquele apartamento. Deitei e não demorou muito tempo para voltar a dormir. Quando acordei já era quase dez da manhã.

   — Droga —. Exclamo, eu tinha acabado de perceber que mudar não seria assim tão fácil. Eu teria de avisar minha mãe e o meu pai, teria de explicar porque da mudança, explicar do meu namoro com o Danilo, sobre o Danilo, sobre a profissão e a idade do Danilo.

   — Por que eu fui me apaixonar de novo? —. Caio desanimado na cama, pensativo e todo bobo.

                    (Danilo)

  Eu não conseguiria imaginar como seria vê-lo partir. Agora indo ao meu trabalho, percebo que eu estava muito ligado a ele. Eu só conseguia pensar nele, em sua pele, no seu cabelo, no seu rosto. Era um apego muito forte, para quem se conhece a poucos meses. Acho que era amor, o mais puro e real.

  Quando cheguei ao batalhão, a primeira coisa que fiz, foi ir ver o meu garanhão. E lá estava ele na sua cocheira. Quando me viu ele ficou inquieto, e então o funcionário o soltou, e ele veio em minha direção.

   — Bom dia garanhão, adivinha quem está de volta?! —. Blanco tenta me beijar mas eu desvio.

  — Tem que ser mais rápido —. Faço carinho em sua crina, e colo a minha testa a sua. Era incrível como ele ficava manso Perto de mim.

  — Você tinha que ver como ele estava triste esses dias —. O meu chefe diz ao se aproximar.

  — Mas agora não precisa não é garanhão?! —.

   — Aproveitou seu tempo de descanço? —.

  — Tanto que se pudesse não teria voltado a trabalhar —. Brinco, e vejo ele sorrir. Geralmente meu chefe era um senhor de idade ranzinza, que reclamava de tudo e de todos.

  — Calma que você ainda vai trabalhar muito —. Ele põe a mão no meu ombro e me conduz para dentro do prédio.

  Silva estava na entrada fumando um cigarro enquanto arrumava seu fuzil, ele me jogou um olhar nada amigável seguido de um sorriso de deboche. Para mim ele já estava passando dos limites, se pudesse já teria lhe dado um tiro no meio da testa.

                      (Lucas)

  — Jô, eu estou ferrado amiga —. Falo ao telefone com ela, Joana era a segunda pessoa mais fofoqueira do mundo, a primeira era eu. Contávamos tudo um para o outro, talvez eu soubesse até a data de nascimento do bisavô paterno dela.

  — O quê foi amor? Não vai dizer que é problema com o policial que guarda o cassetete na cueca —. Com certeza ela estava no salão, e com certeza tinha um bando de mulheres fofoqueiras ouvindo, mas eu não estava nem aí.

  — Ele me chamou para morar com ele —. Coloco a mão na cabeça, me sentindo completamente perdido.

  — O quê? — Ela quase me deixa surdo com o seu grito — Vocês vão casar praticamente —. 

  — Eu sei, você tinha que ver o que aconteceu aqui ontem, ele se ajoelhou, e disse que não vivia sem mim —. 

  — Amigo depois me ensina como você faz na cama, para deixar os homens viciados assim —. Ela brinca. Eu simplesmente amava o humor da Joana, acho que ela é minha cara metade, doida como eu.

  — O quê eu faço Jô? —.

  — Amigo, boa sorte, se fosse eu aceitava, deixar um machão daquele solto por aí, dormindo sozinho, sei não. E outra, pisa bem nesse macho, mostra quem manda nessa relação —.

  — E como é que vou explicar isso para meus pais? —.

  — Lu, presta atenção, você já é assumido, é adulto. Se eles não aceitarem, beleza, você mora com o Danilo de qualquer jeito, ele não vai te deixar desamparado. Isso se você está preocupado com seu financeiro —.

  — É justamente isso que eu tenho medo, vai que dá tudo errado entre nós, eu vou sair dessa sem nada, só meus móveis, vou ter que procurar outro apartamento, e você sabe que aquela bodega onde eu moro tem muita gente de olho, se eu quiser voltar vai ser complicado achar vagas —.

  — Menino, para de ser negativo, já fica querendo arruinar teu relacionamento —.

   Joana me deu várias broncas e conselhos, até ter de voltar a trabalhar. Levantei e fui tomar meu café, Danilo tinha deixado um prato com sanduíches de mortadela para mim. Com um bilhetinho em cima: “Para Lucas”.

  — Até que ele não é um brucutu —. Sorrio.

  Decidi que quando Danilo chegasse, eu perguntaria se ele realmente iria quer isso. Se sim, iríamos ligar para minha mãe, e ter uma conversa com ela. Já prevejo a vergonha que vai ser, quando ela ver um homem quase da idade do meu pai. Mas pelo menos eu acho que ela não iria mais se preocupar com minha segurança. Só espero que dê tudo certo.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

 

 



 

 

  

Fardado [+18]Where stories live. Discover now