Capítulo XXXII

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                      (Lucas)

   Montanhas russas, elas são legais, você entra em um carrinho, ele começa a andar, sobe, sobe, até não conseguir mais subir, e então desce rápido. Essa era basicamente a fase do meu relacionamento com o Danilo. Não tinha nada entre nós dois que ficasse melhor, tudo apenas piorava.

  A razão disso era simples, ciúmes, desde aquele incidente com o pacote, ele ficou diferente comigo. Mais frio, mais calado, mais distante. Suponho que ele esteja desconfiando que eu o traio. Mas prefiro não falar nada pra não criar intriga. Me sinto sufocado, sinto como se ele colocasse a culpa do que aconteceu em mim.

   Eu pensei que ele tinha confiança em mim. Eu me esgotava por ele. Saí do meu apartamento, para vir morar com ele, e agora tenho que suportar isso.

   — Oi —. É o quê ele diz ao entrar em casa, depois de receber um abraço. Antes do incidente, ele não me deixava respirar com seus beijos alucinantes. E agora mal me abraça. Ele segue direto ao seu quarto. Fico parado no meio da sala, olhando para ao meu redor com os olhos todos marejados. Isso já acontecia a duas semanas. E cada vez ele ficava pior, mais distante.

   Fui para a janela, e fiquei olhando a lua lá longe. Queria resposta, talvez ele podesse me dar. Queria saber quem estava querendo estragar meu relacionamento. Porque o Jonas não era. No dia seguinte ao ocorrido fui falar com ele.

   — Vem cá seu verme, você não tem medo de apanhar do Danilo não? —. Falei quando o vi na faculdade.

   — Apanhar? Por quê? —. Falou assustado.

   — Não faz uma de inocente. Da próxima vez que você ficar me enviando pacotinhos, eu vou te matar, ouviu bem? —.

   — Pacote Lucas? Eu não enviei nada. Perdeu o juízo? —.

   — Não Jonas, você quem perdeu, eu até tenho paciência, mas o Danilo, ele não —.

   — Lucas, põe uma coisa na sua cabeça, eu não enviei nada, entendeu —.

   Tudo bem acreditei, fazia tempo que ele não tentava voltar comigo, com aquelas suas propostas imbecis. Eu só queria que tudo voltasse ao normal. Quando tudo era tão perfeito, ele carinhoso, atencioso e amoroso.

   Ele vem até a sala, mas ignora que eu estou ali. Liga a tv, e vai assistir alguma coisa. Eu sigo para o quarto, e anuncio.

  — Vou dormir —. Ele apenas concorda com a cabeça. Eu estava com raiva dele também, pois eu não gostava de ser tratado assim como um nada. E o pior de tudo, era que nós tínhamos de dividir a cama.

   — No quê eu fui me meter? —. Perguntei entre lágrima, enrolado no cobertor. Agora a ficha finalmente tinha caído. Danilo não era um príncipe, estava mais para ogro. Ele era tóxico, violento, prepotente, egoísta. E eu acreditei nele. Pior me apaixonei por ele.

   A única coisa boa que acontece ultimamente, foi a minha afilhado, que está crescendo na barriga da mãe. Joana e Rodolfo eram a melhor parte do meu dia, e Danilo tinha se tornado a pior.

                    (Danilo)

   Eu quero muito acreditar que ele não está mesmo me traindo, porém há evidências. Uma das coisas que aprendi na polícia foi investigar. Embora tudo estivesse cheio de lacunas.

   Eu só queria encontrar o verme que estava mandando essas coisas. Que eu ia esfolar vivo. Por algum motivo Blanco estava com raiva de mim, a semana toda não deixou que eu montasse, e nem deixou que chegasse perto.

   Lucas estava estranho também, agia diferente, aí entra minhas paranóias. Mas eu tentava de toda forma acreditar que ele era fiel.

   Desligo a televisão, e vou me deitar. Lucas estava já coberto, deitado de lado. Tiro aquela roupa toda e vou dormir também.

   O abraço, e tento tirar seu short, mas desisto quando ouço um barulho de choro.

   — O quê foi Lucas? —. Pergunto preocupado, eu só havia lhe visto chorar duas vezes, e isso era como se alguém arrancasse meu coração com a mão.

   — Nada Danilo —. Ele falou e permaneceu naquele estado. Fico preocupado. A coisa que eu mais odiava era vê-lo sofrer.

   — Foi alguma coisa que eu fiz? —.

   — Não Danilo, você não fez nada, a culpa é minha como sempre —. Lucas parecia estar irritado. Ou apenas cansado. Não quis saber o motivo. Apenas fiz carinho no seu cabelo. Pouco a pouco, o choro foi diminuindo.

   — Não precisa chorar amor, é só me contar —. Falei, mas ele permanece em silêncio. Quando percebi, ele já estava dormindo. Dormiu chorando. Não tardei muito a dormir, e caí no sono também.

                    (Lucas)

  Era tão contraditório, como um homem de 32 anos não consegue perceber que está agindo mal. E ainda tem a cara de pau de me perguntar o quê aconteceu. A verdade, era que eu era mais adulto que ele.

   Na manhã seguinte amanheci sozinho, ele havia ido embora, sem nem me beijar, ou me abraçar. Pode parecer besteira, mas essas pequenas coisas mudavam meu dia completamente. Antes eu me sentia todo leve com vontade de sorrir em todo momento em todo lugar. Mas agora, me sinto definhando.

   — Hora de acordar mesmo Lucas, príncipe encantado não existe, só você mesmo —. Digo a mim mesmo quando me levanto.

  

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

 

  

  

  

  

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