Capítulo XXXVIII

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                        (Lucas)

   A cada dia tudo piorava, era coisa demais para minha mente, trabalho, namoro, faculdade, e agora eu tinha que provar para Danilo que eu não o traia. Conversávamos várias vezes, mesmo assim eu sentia que ele duvidava de mim. E não o culpo totalmente, ultimamente o desgraçado que quer estragar meu relacionamento está trabalhando incansavelmente.

   Recebi uma carta, junto de outro presente imbecil, esse Danilo teve o prazer de jogar no lixo. E o cartão dizia o seguinte:

  “— Espero que goste, ainda sinto seu cheiro desde a última vez que nos vimos —”. Lembro que Danilo permaneceu em silêncio apenas me olhando, eu já estava tão cansado dessa palhaçada.

   — Você com certeza deve estar pensando que estou te traindo não está?! —. Me sentei no sofá, e fiz força para não chorar.

  — Eu juro que estou tentando —. Me falou, sentando no chão bem na minha frente, ele pôs a cabeça na minha coxa, e eu fiquei fazendo carinho.
 
  — Eu entendo, eu duvidaria, não sei mais como provar que sou inocente. E sabe o quê eu queria? —.

  — O quê? —.

  — Ir embora desse mundo louco, ir para o nosso cantinho, eu não aguento mais ficar aqui nesse inferno —. Pensei naqueles campos verdes, com um pequeno bosque ao redor, me imaginei deitado no campo lendo livros, com o meu amor dessa vez como um homem do campo.

  — Falta pouco, temos que ter força, eu vou achar esse desgraçado e vou arrancar a espinha dele —.

  Eu estava em um abismo, não sozinho mas com Danilo, pelo menos ele cumpriu com sua promessa e continuou ao meu lado. Joana disse que eu estava pálido, perguntou se estava tudo bem eu então respondi:

   — Está dando tudo errado, eu nem sei mais como o Danilo acredita em mim, ele deve estar achando que estou fazendo ele de otário —.

   — Isso deve ter dedo do Jonas, tem certeza que não é ele?! —.

   — Já falei com ele, ele nega, sem falar que esse admirador deve ter dinheiro, e o Jonas é pobretão —.
 
  — Cara você está com problemas —. Rodolfo diz servindo Joana. Era lindo como tudo entre eles se tornava melhor. Joana agora dizia que amava o Rodolfo, mas ainda o maltratava quando podia.

  — Problemas e mais problemas —.

  — Esse Danilo deve te amar mesmo —.

  — Falando nisso vocês ainda nem se conheceram, não foi? —. Digo, percebendo que Danilo nunca viu Rodolfo nem sequer por foto.

  — É mesmo, temos que marcar um dia para vocês virem aqui —.

  — É mesmo —.

   O dia mais difícil para mim, foi quando vi Danilo me seguido quando eu ia para a faculdade. Eu o percebi, mas fingi que não.
Por dentro eu sentia o meu coração sangrar. Doía tanto, ele com certeza estava se certificando que eu ia mesmo para a faculdade.

   Quando cheguei em casa, fui dormir, não esperei por ele, estava triste e cansado demais. Apenas senti ele se mexer na cama, e depois acordei sozinho no outro dia.

                    (Danilo)

   Eu queria muito ter mais fé no Lucas, mas era tão difícil, sei que ele me viu naquela noite, me doeu muito fazer aquilo, mas foi preciso. Minhas investigações não levam a lugar nenhum. O último pacote que foi entregue eu recebi pessoalmente do motoboy.

  — Garoto quem é que mandou isso? —.

  — Eu não sei senhor eu só faço entregas, mas sei de que loja foi —. O motoboy me entrega o cartão da tal loja, e fui lá pessoalmente, era um lugar enorme, movimentado. Seria difícil conseguir qualquer informação.

  — Moça, é que recebi esse pacote, vocês não sabem quem comprou? Não tem como se lembrar? —. Perguntei a uma balconista

  — Senhor, sabe quantas pessoas vem aqui diariamente? Eu não lembro nem do que comi hoje, se quiser pode perguntar a outra pessoa mas creio que a resposta será a mesma.

  Voltei para casa cabisbaixo naquela noite, e muito bravo com tudo que acontecia.

   Era engraçado como Lucas e eu conversávamos, mas não adiantava de nada. Nossa relação ia se distanciando dia a dia, o que nos unia era apenas o amor, que lutava para sobreviver em meio a tanto caos.

   — Nada, ele sumiu, evaporou —. Meu chefe diz olhando a ficha criminal do traficante Mosquito —.

   — Ele já deve estar em outro país —. Silva falou, e pela primeira vez em muito tempo foram palavras lúcidas.

   — O pessoal dessa delegacia deve estar de olhos bem abertos caso ele reapareça —. Acho que o Sargento tinha alguma coisa em mente.

   — Sugiro trocar alguns chefes de gangue de presídios —. Silva deu a ideia mostrando um pilha de papéis.

   — O quê acha Danilo? —. O sargento pergunta minha opinião. Mas sinceramente minha cabeça estava em outro lugar. Ultimamente eu comia mal, tinha crises de insônia. Ou seja estava definhando, e tudo não parecia ter um fim.

   — Eu acho que minha vida não vale nada, porque quase morri para prender esse verme, e ele fugiu com tanta facilidade —.

   — Não quero insinuar nada, mas desconfio de alguém daqui de dentro —. Silva falou olhando para as pessoas lá do lado de fora.

   — Se desconfia diga um nome —. O sargento falou imensamente. Silva aponta para um colega nossa, o Figueredo um dos policiais responsável por apreender drogas.

  — O Figueredo?  —.

  — Eu vi ele falando no telefone lá no fundo do batalhão, parecia que não queria ser ouvido —.

   Eu não acreditava em uma palavra sequer que saía daquela boca. Ele tentava dar uma de esperto, mas eu era mais, bem mais. Olhei para meu chefe e sinalizei um não para ele, acho que entendeu.

   Silva saiu da sala, o sargento ficou me olhando por um momento, até que enfim rompe o silêncio.

  — Não confie em ninguém, nem na sua sombra, qualquer um pode te trair, qualquer um. Sei que ele parece suspeito, também acho, mas não deixe sua emoção falar mais alto —.

   — O senhor desconfia também? —.

   — Desconfio, dele e de todos, o que mais confio é em você, não sei o motivo apenas sinto isso. Agora fique de olhos bem abertos, a milícia está daqui dentro. Infiltrada, como um parasita, só colhendo informações. Pode ser o Silva, e isso é bem provável, mas não podemos fechar nossos olhos para os outros —.

  — Tem razão —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

  

  

 

Fardado [+18]Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin