Capítulo XIX

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                        (Lucas)

   Danilo estava frágil, eu percebia isso. E isso nos uniu um pouco mais, ele agora dependia de mim pra muita coisa. E agora namorávamos, a ficha ainda não tinha caído, eu fiquei tão feliz que esqueci a turbulência que foi hoje de manhã.

   — Obrigado —. Ele disse ao se sentar na cama.

   — Qual foi o médico que te deu alta nesse estado? —. Indago. Eu era totalmente leigo em medicina, mas era evidente que Danilo deveria estar em um hospital, afinal ele pegou um tiro.

   — Eu que quis vim para casa —. Explicou. No mínimo Danilo deve ter enforcado o médico até ele dar alta.

   — E por que essa pressa? —.

   — Queria te ver —. Ele passa a mãos nos meus cabelos molhados, e em seguida segura meu lábio inferior.

   Não consigo falar mais nada, geralmente era isso o que acontecia quando eu estava apaixonado.

   — Vou trazer sua sopa, enquanto isso vista-se —. Saí do quarto, e fui até a cozinha. Acho que eu estava me tornado uma verdadeira “dona de casa". Mas isso não importava.

   — Muito bem, agora você se deita e eu vou dar na sua boca —. Falei.

   — O quê foi que eu fiz pra merecer tudo isso? —. Ele pergunta fazendo humor.

   — Vamos logo —. O apressei.

   Peguei um pouco de sopa com a colher, e soprei, para não queimar sua boca.

   — Ver você fazendo isso é tão recompensador —. Ele falou.

   — Não vai se acostumar —. Levei a colher até sua boca, e ele engoliu rindo.

   — Está uma delícia —.

   — Claro que está, eu que fiz —.

   Ele tomou tudo, parecia estar faminto. Quando a sopa acabou, eu limpei sua boca com o guardanapo. Depois ajeitei seu travesseiro, e tomei um pouco de sopa também.

   — Lucas! —. Danilo grita por mim. Saio correndo para ver o que tinha acontecido.

   — O quê foi? —. Pergunto assustado.

   — Deita aqui comigo! —. Ele falou.

   — Você deu esse grito apenas para isso? —.

   — Não quero dormir sozinho —. Ele fez uma carinha que eu não consegui resistir.

   — Tudo bem —. Deito, e me cubro com o mesmo cobertor que ele, abraçando-o com muito cuidado.

   — Sabe, quando eu apaguei, a única pessoa que me veio a mente foi você —.

   — Sério? Como foi? —.

   — Eu senti uma dor insuportável, e caí no chão, antes de apagar lembrei do seu cabelo, do seu sorriso, da sua pele, e pensei que eu nunca mais sentiria isso —. Com esses dizeres meu corpo treme, fico totalmente arrepiado, pois não tinha pensado nessa possibilidade.

   — Eu fiquei com tanto medo de te perder, eu nunca me senti tão mal assim, nem quando eu descobri toda a verdade sobre o Jonas —.

   — Não se preocupa. Agora eu vou ficar aqui para sempre, ao seu lado —. Danilo era tudo o que eu queria, se soubesse da existência dele, eu teria cometido alguns crimes para chamar sua atenção.

   — Às vezes parece que você saiu de um conto de fadas —.

   — E você com esse cabelo colorido? Acha que saiu de onde?  —.

                           •••

   Acordei, eu estava com o braço peludo de Danilo envolvendo meu corpo, ele dormia tranquilamente. Levantei olhei as horas no relógio, vi que já era o final da tarde.

   Fui fazer um lanchinho para o Danilo, ele tinha que recuperar suas energias. Depois de preparado coloco tudo em uma bandeja, e levo até ele.

   Estava tão cansado que ainda dormia profundamente, vou devagar até o seu rosto e dou-lhe um beijo para despertá-lo.

   — Ei! Acorda, fiz um lanchinho pra você —. Dei outro beijinho dessa vez no pescoço, e vi um sorriso surgir.

   — Oi —. Sua sonolência era muito fofo, me deixava com vontade de mordê-lo.

  — Faz esse lanchinho, eu vou ter que ir em casa me arrumar para a faculdade —.

  — Pensei que você ficaria comigo hoje a noite —. Fazer chantagem não era com o Danilo, seu estilo estava mais para mandão.

  — Eu chego cedo meu bem, se quiser eu durmo com você —.

  — “Se você quiser” — Me imitou — Claro que eu vou querer, você não é meu namorado? —. Esse sim fazia o seu estilo.

  — Sou —. Ri daquela situação.

  — E então? —.

  — Olha lindo, quando eu voltar conversamos —. Digo saindo pela porta.

  — Espera! —. Ele grita.

  — O quê foi —.

  — Não vou receber nenhum beijo? —. Aquele homem me querendo daquela forma, me deixava de pernas bambas.

  — Claro que vai —. Fui até onde ele estava, e colei nossos lábios rapidamente. Me afastei, mas senti o braço de Danilo me puxar de volta. Ele me dá um beijo de verdade, que me deixa quase sufocado.

   — Calma, que beijo foi esse? —. Falei puxando ar de volta para meus pulmões.

   — Espera só eu ficar bom, que você vai receber o que merece —. Ele mordeu os lábios olhando meu corpo, como um daqueles tarados que encontramos na esquina.

   Em seguida me dá um tapa na bunda. Ele era um troglodita, mas era o meu troglodita. Não sei que tipo de cara sou eu que se diz tão inteligente, e é louco por um cara como Danilo.

    — Agora tchau tenho que sair —. Falei antes que ele me comesse com os olhos.

                         •••

   — Jô se prepara —. Falo ao sentar ao seu lado na sala de aula.

   — Que foi lindo? —. Me olhou curiosa, já com um sorriso na cara.

   — Estou namorando! —. Falei animado, nem me preocupei que tinha outras pessoas na sala.

   — Espera um pouco, ele aceitou seu pedido assim tão rápido? —. Seu sorriso era incrédulo.

  — Foi ele quem fez o pedido! —. Falei apertando sua mão.

  — Mentira —. Joana surtou, e eu também. Fazia tempos que aquilo não acontecia, mas era muito bom.

  — Garoto qual foi a macumba que você fez, pra agarrar esse homem assim? —.

  — Que macumba o quê?! Foi a minha beleza minha filha! —.

  — Hum, tenho que concordar você é bem gatinho mesmo, e esses machões peludos, amam um veadinho desse jeito, sem nenhum pelo —.

  — Jô ele é perfeito, só um pouco mandão e bruto —.

  — Você com um homem desse ainda reclama, quer o Jonas de volta é? —.

  — Prefiro namorar meu dedo, pelo menos é fiel —. Brinquei.

   Expliquei tudo o que aconteceu hoje, inclusive o tiro que ele pegou, ela acreditava em quase nada. Na fim da aula, Rodolfo pergunta se eu não queria sair com eles, eu disse que não, falei que o Danilo me esperava, e ele me deu uma carona. Ele é um cara legal, um pouco burro mais um cara legal.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

  
  

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