Capítulo XVII

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                      (Lucas)

   Eu estava muito preocupado com Danilo, ele estava estranho, ao que me parecia, estava a esconder algo.

   “O que era aquela sensação”. Pensava ao colocar a mão no peito, e senti os batimentos acelerados. Alguma coisa de errado aconteceu, eu sentia no ar, sentia na luz.

   Entre esses pensamentos, eu me encontrava ansioso. Não consegui voltar a dormir, então sentei no sofá, e liguei a tv para assistir o jornal.

    Estava passando algumas coisas desinteressantes, até que uma reportagem me chamou bastante atenção.

    “— A operação foi hoje de manhã, foi coordenada pelo 69° batalhão de polícia, houve 3 polícias mortos, e mais 7 feridos, ainda não se tem muitos detalhes de quem são os mortos. Aguardamos a coletiva de imprensa que está marcada para 16:00 horas —”.

   — Merda, esse é o batalhão do Danilo —. Falei em desespero, só poderia ser isso mesmo, Danilo estava morto. Nesse momento não consegui ficar sentando, fui me vestir para sair.

   — Por favor não, por favor não, por favor não —. Era o que eu falava entre lágrimas. Eu não queria que ele morresse, eu o amava tanto e disso eu tinha certeza. Eu queria ficar ao seu lado para sempre. Ele era o homem da minha vida.

    Saí apressado de casa, fui correndo descendo aquela escadaria, sem o mínimo medo de cair e se quebrar todo.

   Cheguei ao térreo, fui até a rua e chamei um táxi, eu iria até o batalhão pessoalmente. Eu precisava de respostas.

   Durante todo o trajeto eu chorei, eu segurava minhas duas mãos, fazendo algo parecido com uma prece pedindo que ele estivesse vivo.

   Se eu o perdesse, não saberia o que fazer. Eu desistiria dessa história de amar, e talvez me jogaria de algum prédio alto, somente para não sentir uma dor como essa.

   O táxi parou, e eu devo indo apressado até o portão, mas ele estava fechado. Sou parado por dois seguranças, que não me permitem passar.

   — Ei garoto, pensa que vai aonde —. Um deles falam.

   — Eu preciso muito saber notícias de uma pessoa —. Falei me ajoelhando, e implorando a eles passagem.

   — Olha não podemos deixar você passar. O que você quer tanto saber? —.

   — Queria saber a situação do major Danilo, ele estava na operação não estava? —. Perguntei. Eles se olharam por um momento, com o rosto assustado, isso me deu muito medo.

   — Desculpa garoto, isso tudo ainda é sigiloso, não podemos informar ainda —. O outro respondeu.

   — Mas eu preciso saber! —.

   — Se eu contar, depois vou ter que arcar com as consequências —.

    Se eles não disseram nada, é porque Danilo estava naquela operação, simples assim, essa era a minha ideia. Essa era a minha conclusão.

    Voltei para o táxi, e fui para o apartamento dele, rezando para que ele estivesse lá. O trânsito parecia não a dar, enquanto as horas do dia se passavam rapidamente.

   Paguei o taxista. Subi o elevador como uma bala. Eu estava tão nervoso que nem percebi que havia uma mulher e uma menininha no elevador.

   — Uau cabelo de fada —. A menina fala sorrindo para mim.

   — Filha —. A mulher deve ter pensado que ela me ofendeu.

   — Obrigado, você que é uma, princesa —. Falei. E elas duas sorriram para mim. Pelo menos uma coisa no meu dia foi agradável.

   Desci do elevador, peguei a cópia da chave que Danilo havia me dado. E abri sua casa, para então, encontrá-la vazia, sem nem um sinal dele.

   — Danilo! —. O chamei, e fui respondido pelo silêncio. Fui até seu quarto, encontrei sua cama arrumada, e seu guarda roupa aberto.

   Tudo estava normal, exceto pela presença de uma folha de papel no chão. Caminhei até ela, a peguei. E quase tive um passamento ao ver o que estava nela.

   Era um mapa de onde a operação aconteceu, havia uma marcação de caneta, indicando onde era a casa do chefão do tráfico.

   — Não, não, não, não —. Digo caindo em lágrimas, minha vontade era me jogar desse prédio.

   — Danilo não —. Saí daquele quarto e caminhei até a sala. Ao ver as suas fotos, desde quando era criança, até quando se tornou o que ele era hoje, me pus a chorar.

   Meu corpo estava paralisado, então eu caí no chão, me sentei e agarrei minhas pernas, e fiquei na posição fetal. Meu medo era maior que qualquer coisa, e meu desespero me fazia fraco.

    Com todas aquelas informações na minha cabeça, eu só deduzia uma coisa, que Danilo estava mesmo morto. As possibilidades de que não, eram muito vagas.

    Eu já nasci mesmo sem sorte no amor. Acho que meu destino é sofrer eternamente, entre beijos e chutes que a vida me dá.

   Quando eu finalmente encontro o homem perfeito para mim, o destino quer tirá-lo de mim. Isso é muita injustiça. Eu nunca fiz nada de mal para merecer isso, sempre fui uma pessoa boa. Fui mau com quem merecia, mas nunca fui arrogante.

    Essa operação, Danilo não quis me contar, era isso que ele escondia, foi por isso que ele se escondeu de mim. E eu pensando besteira, desacreditando nele. Eu era mesmo muito infantil ainda.

    Olhei momentaneamente para uma foto dele quando mais novo,  e disse:

   — Se você morrer, eu nunca mais vou amar de novo. Vou me fechar para qualquer um —. Digo entre prantos. Eu já estava há muito tempo alí, nem sabia quanto. Meu medo me controlava, e não permitia que me movesse.

   Naquele momento eu tinha me arrependido de o ter conhecido, não sabia que teria um peso tão grande quanto aquele. Se soubesse teria ficado na festa com o barman retardado, pelo menos eu não o teria encontrado.

   Eu me sentia um lixo por dentro, ou pior. Era indescritível a minha sensação. Eu chorava tanto que tinha medo de morrer desidratado.

   — Nunca mais eu vou amar — Digo chorando — Nunca mais eu...

   Ou um barulho de porta se abrindo. Saí do transe e olhei naquela direção para ver Danilo chegando. Como uma visão do paraíso, que me tirou daquele momento de inferno.

   — Danilo! —. Eu grito correndo, até os seus braços, eu o abracei e apertei ele muito forte.

   — Vai com calma —. Ele disse sentido dor, foi então que eu percebi que ele estava com o braço enfaixado.

    — Danilo eu te amo, te amo muito —. Falei lhe dando mil beijos.

  

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

  

Fardado [+18]Where stories live. Discover now