QUARENTA

1.8K 250 196
                                    




Eu guio Aidan pela sala escura da minha casa, sussurrando para que tenha cuidado e não bata sua cabeça na luminária. Os meus irmãos por serem altos sempre acabam se machucando ali, então não seria uma surpresa se com ele acontecesse o mesmo.

Nós dois subimos as escadas nas pontas dos pés em meio ao breu e por sorte, meu quarto é o primeiro do corredor. 

Abro a porta e eu finalmente acendo a luz, revelando meu cantinho.

Não há nada de surpreendente ali: por ser a mais nova, acabei pegando o menor quarto quando nos mudamos para cá. Ele tem o espaço todo preenchido pelo grande guarda-roupa, uma cama de casal e um espelho de moldura dourada de quase dois metros, que fica ao lado da minha escrivaninha de cavaletes.

Aidan passa os olhos por tudo, desde o mural com alguns dos meus desenhos preferidos até a estante entupida de livros e fotos.

Seus olhos param nas portas duplas que dão para a varanda.

— Então foi assim que você me viu chegando.

Eu assinto.

— Não consegui dormi de jeito nenhum e estava observando a chuva quando você chegou.

Ele passa as mãos pelos cabelos molhados.

— Eu também não consegui dormir nada essa noite... E nem na noite passada. Na verdade, não durmo direito faz um tempo.

Nervosa por tê-lo ali do meu espaço pessoal, não mantenho contato visual por mais de cinco segundos.

— Precisamos trocar essas roupas, acho que tenho um short antigo do meu pai que dá em você. Ele está por aqui em algum lugar...

Começo a vasculhar pelo guarda-roupa enquanto falo, mas quando me viro percebo que Aidan me observa em silêncio, super concentrado.

Começo a sentir meu coração bater mais rápido, me dando conta que estamos sozinhos em um ambiente tão pequeno e dessa vez não há nada nos atrapalhando.

— Pare de olhar como se quisesse me devorar — Eu peço em modo de repreensão. — Precisamos manter o foco aqui, lembra?

— Certo, certo — Ele balança a cabeça, tentando se livrar dos pensamentos impróprios. — Você mencionou umas tais pastas, mas eu ainda não entendi do que se trata.

— Primeiro, tire essas roupas.

Aidan ergue as sobrancelhas.

— Aqui?

Eu olho para a porta do meu quarto, fazendo uma careta; ela é pesada e feita de madeira antiga, sempre que alguém a abre, faz um rangido horrível. Se Aidan sair agora, alguém definitivamente vai ouvir e querer saber quem está acordado a essa hora. E essa pessoa vai ser o meu pai, que tem o sono leve.

E até ele, que foi sua vida inteira um pai tranquilo, não gostaria de descobrir que eu trouxe alguém escondido para o meu quarto, não importa qual idade eu tenha.

— Sim, vai ter que ser aqui para não correr riscos de alguém nos ouvir. Eu não vou olhar, viro de costas se quiser, só não quero que pegue uma gripe, então tire as roupas molhadas, ok? Por favor.

Rael abre aquele sorriso, o percursor do pecado original e da malícia.

— Não me importo se você assistir, já fizemos isso antes, lembra?

Minha garganta fica seca quando ele leva as mãos até a camisa e a puxa de vez, tirando pela cabeça. Aidan fica só de calça jeans e posso sentir minha sanidade deixando meu corpo à medida que mais pele bronzeada e tonificada vai ficando à mostra.

MORDE E ASSOPRAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora