DEZESSEIS

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Acho que nunca trabalhei tanto como trabalhei nessa última semana.

Por estar no comando do projeto, já tinha um monte de coisas que fazer e acabei duplicando as minhas responsabilidades quando percebi que tudo deixado pelo arquiteto anterior era inútil e mal feito.

Toda vez que limpo o suor da testa durante o trabalho duro, lembro de quando um garoto na faculdade me falou que ser arquiteto significava "só" projetar casas.

Que piada.

Eu era responsável por pensar em cada detalhe, além de ter certeza que a construção era possível, firme e sustentável.

Estava encarregada de ver a disponibilidade e qualidade dos materiais, gerir os gastos usados com eles, me preocupar com a a instalação elétrica, hidráulica e até onde ficaria melhor um simples móvel.

O pior de tudo é que tive que fazer quase todas as plantas e cálculos do zero, mudar algumas coisas e pensar em detalhes completamentes novos porque queria dar o meu próprio toque ao lugar que estava projetando com tanto esforço.

O  arquiteto é quase um artista e apesar do trabalho ser exaustivo, não deixa de ser prazeroso ver os rascunhos que começaram no papel tomando forma a cada dia que se passa.

Talvez parte de mim tenha se entregado ao projeto mais do que o necessário para fugir dos atuais problemas que enfrentava na minha vida pessoal.

E olha que são muitos.

Para começar, tudo que Aidan disse que eu me lembraria sobre aquela noite acabou mesmo voltando.

Com o passar dos dias, fui lembrando de vários  detalhes que antes estavam em branco.

E a cada memória reconquistada, mais a minha vontade de ser engolida pelo chão aumentava.

Porém Rael infelizmente não era o único com quem eu tinha que me preocupar.

O Luciano se recusa a me ver — ou atender as minhas ligações — e a sua prima, com quem divido o apartamento, decidiu cortar relações comigo também.

Ela insiste em acreditar na ideia de que sou uma megera sem coração e faz dias que não fala comigo.

O clima de convivência nunca esteve tão insuportável.

Não que eu ultimamente passe mais de cinco horas em casa.

Estava tão ansiosa para terminar o projeto no prazo que praticamente dormia na mesa do meu escritório todas as madrugadas.

Quando dormia, porque com o barulho que os pedreiros faziam o dia todo, era difícil ter a oportunidade de pregar o olho.

Para provar o meu ponto, acordo no susto ao ouvir o grito estridente que faz a furadeira do lado de fora,

MORDE E ASSOPRAWhere stories live. Discover now