AIDAN

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Não sei exatamente por onde começar.

Começo falando do dia que a conheci?

Do interesse instantâneo que senti pela garota que invadiu o banheiro masculino enquanto eu usava o mictório?

Falo de como ela virou o meu mundo de ponta à cabeça quando abriu aquela linda boca em forma de coração, me chamou de cafajeste e despejou todas aquelas verdades duras na minha cara sem se importar?

Conto de como fui ingênuo para um caralho ao pensar que aquela vontade louca de provar à ela que eu não era só o que os boatos espalhavam se tratava do desejo puramente sexual de levá-la para cama?

Rá! Achar que eu só estava interessado nela por sexo foi o erro mais ingênuo e idiota de toda a minha existência.

Talvez eu deva começar explicando como era a minha vida antes de Maria Madalena aparecer nela.

Eu sou o irmão do meio de cinco. E tive a sorte de ser aquele que o meu pai escolheu para torturar e atormentar até onde os seus recursos permitissem.

E eu caí na sua manipulação feito um patinho, criado por anos como ele gostaria que fosse: à base do terrorismo psicológico e disciplina.

Seu lema era: faça o que eu mando, aja como eu mando, aprenda a ser um filha da puta como eu e talvez um dia você tenha chance de tomar conta dos negócios da família.

(Bom, o filha da puta eu tomei a liberdade poética de acrescentar ao lema)

Na primeira oportunidade que tive, fugi pra longe da influência tóxica do meu pai e me mudei para Ilha Bela, indo contra sua vontade de cursar uma faculdade fora do Brasil.

E a minha liberdade durou quatro lindos anos.

Enquanto cursava administração, vivi tudo que não podia sobre a fucinheira apertada na qual o meu pai me manteve antes.

E admito que exagerei um pouquinho. As festas, a bebedeira, as encrencas que arrumava... E as mulheres.

Minha nossa, as mulheres.

Eu não fazia ideia de que ter uma vida sexual agitada poderia trazer tanto escândalo. Nunca tinha morado em uma cidade pequena antes e não sabia que funcionava assim.

Quando você chama a atenção e faz algo, todo mundo fica sabendo. Todo. Mundo.

Na época não me importei, considerei uma propaganda gratuita ao meu favor porque as mulheres na minha cama não cessavam.

MORDE E ASSOPRAWhere stories live. Discover now