DEZ

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Aidan e eu estamos novamente no meu carro

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Aidan e eu estamos novamente no meu carro.

Agora o silênio enquanto ele dirige é confortável, nenhum de nós dois sugere ligar o rádio ou colocar uma música, em um acordo tácito que a quietude é a melhor opção no momento.

O barulho do vento entrando pelas janelas enquanto o carro voa pela cidade é a única melodia da qual precisamos.

Dessa vez, dei o meu endereço e Aidan prometeu me levar diretamente para casa — mas finjo não notar que ele está pegando o caminho mais longo, dando a volta por fora da cidade.

Não me importo que a viagem seja mais a demorada, dirigir é uma das coisas que mais alivia o meu estresse, especialmente quando não tenho lugar nenhum em específico para ir.

Foi dirigindo depois de ter terminado o namoro que acabei em Ilha Bela, e mesmo que não seja eu a pessoa no volante, esse passeio prolongado me dá tempo para pensar e colocar tudo que aconteceu essa noite em uma balança.

Eu medito sobre tudo, especialmente sobre o cara sentado ao meu lado.

Olho de soslaio para ele, muito rápido para que não perceba. Rael parecia ser uma pessoa bem previsível no começo, do tipo que você acha que conhece porque já viu tantos parecidos por aí.

É o esteriótipo perfeito. Toda cidade tem seu cafajeste, todo mundo sabe reconhecer um. Porém, no final das contas Aidan Rael acabou se tornando um enigma difícil de se desvendar.

Não é um simples cara. Havia mais ali, me desafiando a ficar para descobrir o quê.

Mas a verdade é que eu ainda não cheguei a uma decisão final sobre ele. Sempre que me permito achar que Aidan é um cara decente, algo acontece para me provar o contrário.

E então mais mil outras coisas surgem e mudam completamente o que eu já tinha decido que era verdade. Quem era esse garoto, afinal de contas? Aidan era mesmo tudo o que diziam ou os boatos fizeram dele uma lenda urbana que se dissossiava da realidade?

Eu não sei.

Não faço ideia.

Mas uma coisa ficou clara para mim esta noite: apesar de tudo... Eu não o odeio.

Está muito óbvio agora que ele não é aquilo que eu julguei à princípio. É claro, Rael ainda é um cínico na maior parte do tempo, porém não sei mais se o considero uma pessoa essencialmente ruim, fruto de tudo que há de pior na terra.

Uma pessoa ruim não teria feito o que ele fez hoje, por exemplo.

A não ser que isso tudo seja uma atuação, a qual estou muito tentada a acreditar.

Respiro fundo, sentindo-me inquieta e insatisfeita. As pontas dos meus dedos estão formigando por ação e o meu pescoço ensopado de suor.

O que diabos está acontecendo comigo? De uma hora para outra, nada me parece mais certo, inclusive guardar o que eu penso só para mim.

MORDE E ASSOPRAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora