Capítulo 1-Paranóica

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Esta é a história de Megan,a chapeuzinho vermelho.Que apesar de chapéu nenhum pussuir,andava acompanhado com seus longos fios ruivos.

Quando criança eu sempre me perguntava o porquê de meus cabelos serem ruivos,diferentemente dos meus pais e toda a minha família.Estava claro para mim que minha mãe não era tão santa quanto sempre me fez acreditar,e toda vez que penteio meus cabelos,como agora-e vale ressaltar que preciso corta-los pois estão chegando a metade de minhas costas-me faz  acreditar ainda mais que minha mãe traíra meu pai.

Essa possibilidade me assombra,mas para Benjamin,o biológo,que possuí doutorado e phd em algumas das faculdades mais renomadas,me fez crêr que a natureza dos fatos não devem ser questionadas e longe de mim querer que tudo não passa-se de uma visão utópica,mas fatos são fatos,afinal.

No entanto para a minha "querida" mãe,que pode achar que eu não percebo seus olhos para com meus cabelos ruivos que,sem eufemismo,odeia.E a certeza veio quando,desde pequena,me fazia acreditar que se pintasse as mechas ruivas,combinaria mais comigo.

Algumas madrugadas a pego chorando sozinha no banheiro,fosse de alívio ou de saudades,não consigo destinguir e ganhei belas infecções urinarias por desistir de usar-lo.

Meus pais são o típico casal chiclete dos filmes,o que me faz inveja-los por possuirem um ao outro,quando vejo que,a minha realidade possa ser diferente.

Thomaz é seu nome.O bad-boy popular da escola.O cara que minha mãe frisou que eu deveria permanecer longe e mais uma vez não dei ouvidos,suas paranóias me levam a temer que,quando ficar mais velha acabe como ela.

Suspiro terminando de pentea-los,caminhando em direção a cama ao qual minha mochila estava.Não posso deixar de notar,pelas grandes janelas do segundo andar de minha casa que o verão acabara por pousar na capital,e consequentemente todas as famílias viajarão ao interior para aproveitar as belas paisagens,rios e lagos.Menos a minha.

Desço as escadas correndo para o ultimo dia de aula da semana e encontro meu pai lendo jornal.O homem que recusa adaptar-se a tecnologias e minha mãe preparando panquecas na grande ilha.

-Bom dia!-comunico abraçando carinhosamente meu pai,que me aperta em seus braços e me faz sentar em seu colo para acompanhar as notícias do estado-Serial-killer?-questiono franzindo as sobrancelhas,ao analizar a manchete do papel impresso,e logo roubo algumas torradas com geléia de seu prato.

-Onde?-minha mãe se vira,curiosa.

-Virgin River...-comento e logo posso ver seu estado apático ao derrubar as panelas no chão-Já esteve por lá?-questiono e logo posso ver suas mãos trêmulas.Não imaginava que sua repulsa pelo pequeno interior fosse a tal ponto.

Meu pai levanta-se para ajuda-la e rapidamente vejo pela janela da sala de estar,o carro preto de Thomaz a minha espera.Corro desesperada para que eles não percebam,desejando um ótimo dia,que não notaram pois ainda limpavam o chão coberto de massa de panqueca.

-Você é louco!-protesto ao entrar no carro em direção a escola,ao qual mesmo com 18 anos ainda não havia terminado.Repeti por muitas faltas e todas elas foram causas por ele.

-Eai,gatinha!-me beijou com fervor deslizando as mãos para dentro de minha blusa,ao qual recuei imediatamente-Não precisa ter medo!-argumentou contra minha falta de líbido.

-Aqui não,Thomaz..-retirei sua mão e ele suspirou cansado,estava me cortejando a pelo menos mais de um ano e pensará que me fazia de difícil e logo seria mais um troféu e um nome em sua lista.

Ele partiu em direção a escola e logo o climão se instaurou no ambiente,como todas as vezes antes que tentara tirar minha virgindade e fora desacreditado por minhas palavras.

Gosto dos nossos momentos juntos quando ele mostra quem realmente é:um bom músico com aptidão extrema para o lado artístico.E sempre que chegamos a escola,ele veste sua jaqueta de couro e milhares de camadas frias e ranzinzas,o que era atraente para as outras garotas,menos para mim.Nada além do que consta em seu famoso rótulo.

Nem ao menos desejou-me um bom dia,apenas se juntou a seu grupo de amigos visiados em todas as nicotinas possíveis e caminharam em direção a arquibancada do campo para matar as primeiras aulas.

Antigamente eu faria o mesmo,mas não queria decepcionar meu pai mais uma vez,com o boletim vermelho e um futuro incerto.

-Vocês brigaram de novo?-Jenne questionou quando me viu passar pelas portas da sala de aula,era a irmã mais nova dele e consequentemente minha melhor amiga-Não me olhe assim,Megan!-protestou-Isso não faz bem para vocês,nem para mim!-argumentou me fazendo arquear as sobrancelhas-Ele irá descontar tudo em mim!Você sabe que é a melhor coisa que aconteceu na vida dele....

-Mas talvez ele não seja a melhor coisa para mim...-comentei sincera,era a primeira vez que desabafava sobre meu relacionamento.

-V-você está pensando em separar-se dele?-questionou abismada-Mas você não o ama?-indagou perplexa.

-Eu estou cansada....-susurrei antes que a professora adentrasse a aula e me mandasse para a diretoria,como fazia muitas vezes,apenas por pura perseguição.

-Mas você ainda vai com a turma no final de semana,na casa da floresta de Peter?-questionou me fazendo ter uma vertigem,causada pela promessa que havia feito de ir com ela-Bom,você me prometeu Megan...

Percebi a professora destinar-me um olhar torto,esperando para que acabasse a fala.Voltei meu corpo para frente,mas não muito tempo depois,susurrei argumentos contra Jenne.

-Claramente minha mãe não deixará!Ela odeia aquela cidade!E bom,você não lê jornais?-questionei preocupada-Tem um serial-killer assolando Virgin River!

-Quem ainda lê jornais amiga?-protestou incrédula-Pelas estatísticas,a qualquer momento das nossas vidas poderemos cruzar com algum serial-killer sem realmente saber que é...-argumentou-Não vamos deixar de viver,Megan!Além do mais ficaremos apenas pelo final de semana e eu te prometo que se algum momento quiser voltar,nós voltaremos!-jurou estendendo seu mindinho,me fazendo suspirar derrotada.

Convenci a mim mesma que,estava tão paranóica quando minha mãe e constatei logo após que isso deveria vir de família.

Algumas aulas se passaram tão lentamente,que chegava a arder os olhos ao continuar enfim a prestar a mínima atenção.Reescontei minha cabeça sobre a carteira e segundos depois fui atingida por uma bolinha de papel em minha cabeça.

"Olhe para a janela"

Estava escrito a letras garrafais e quando a atenção de todos recairam simultaneamente ao grande cartaz estampado a janela:"Megan,eu te amo!".Acompanharam a minha reação ao vivo,que surpreendemente,acabei por deixar um sorriso escapar com o jesto,um tanto quanto cafona,mas admirável.

E antes que pudesse contestar,a professora apontou para a porta da sala,indicando que saísse como em todas as aulas,furiosa.E fosse direto a sala do diretor carrancudo que adorava me dar suspensões.

Porém,corri pelos corredores até o campo de futebol,encontrando Thomaz a espera sorrindo orgulhoso.Tomada pela sensação que bombeava freneticamente meu coração,pulei em seus braços e beijei seus lábios.

-Eu te amo Megan!-comunicou pela segunda vez em quase dois anos,frisou meus pensamentos-Me perdoa meu amor...-comunicou totalmente sincero me surpreendendo com sua atitude exasperada-Eu vou te esperar!-perpetuou passando as mãos pela mechas de meus cabelos,afetuoso.Enquanto minhas mãos pesseavam pelos seus cumpridos.

Megan,nunca havia sequer descoberto o amor.Mas julgava saber decor até aquele momento.

Julgou tão precipitadamente,que apesar dos fatos,pensou que o Thomaz pudesse ser o lobo-mau da sua história.

E apesar de toda a sua frieza e melancólica.Tantos vícios com tão pouca idade e camadas frias para uma personalidade repleta de exuberância.

Tanto a chapeuzinho,quanto Megan deixaram-se levar pelo caminho curto de precipitações e ignorância.

Thomaz,estava longe de ser,o lobo-mau de Megan.

De volta à CabanaOn viuen les histories. Descobreix ara