Capítulo 10- Um acordo

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De acordo com estudos, nas Idade Antiga e Média, o termo "lobo" se dava a homens que viviam na floresta, por serem barbudos e cabeludos. E o capuz da chapeuzinho vermelho, teria aparecido por volta do século 17, simbolizando o sangue, a menstruação, a alma, a libido e o coração.

Já se fazia alguns instantes desde que a porta batera pela última vez na velha cabana. E eu já havia decorado todas as possíveis variações das linhas quadriculadas da estampa do sofá. O fundo era de um tom verde musgo e estava acompanhado por linhas horizontais e verticais vermelhas, outrora brancas. Até que sucedessem e dividissem a estampa em minúsculos à grandiosos quadrados bordados.

Não tive coragem o sufiente para levantar e encarar o que me aguardava pacientemente ao pé da cozinha americana. Mas uma hora a paciência dos homens brutais acabou e me senti como um banho de água gelada, literalmente.

-Acorda bela adormecida...- a voz do moreno preenchia meus ouvidos enquanto levantava desesperada após ter inalado água o sufiente para me engasgar. Meus cabelos estavam ensopados, assim como pequenas gotículas pingavam de meus cílios ruivos. O baude na sua mão o acusava veeemente do crime ocorrido.

-PORRA HOMEM!-berrei. Ainda tossindo com a água entalada. Assim como meus pulmões, garganta e nariz protestavam em queimação-Eu já estava acordada!Está cego?

Procurei limpar meu rosto na blusa, no entanto, estava encharcada tanto quanto o espaço no sofá em que eu uma vez estive.

-Menininhas como você não deveriam ter a boca tão suja...seus pais não lhe ensinaram bons modos?-questionou arqueando sua sobrancelha grossa marcante.

O grande homem estendeu-me uma toalha de rosto e antes que eu pudesse pega-la, retirou-a de meu alcance.

-Quais são as palavras mágicas...?-debochou levando as mãos ao alto e se eu sequer sonhasse demais ou quisesse com vontade profunda, não conseguiria tira-las das mãos daquela muralha ambulante.

-Se você gosta de joguinhos, vá brincar com uma criança...-argumentei ouvindo a gargalhada do ruivo na cozinha.

Dei alguns passos pela madeira da sala em direção ao cômodo oposto, mas mãos fortes agarram meu ante-braço, impedindo-me de prosseguir meu caminho e impelindo-me a ficar. A sua força era tamanha que logo me choquei com seu peitoral enorme.

Sua voz parecia severa e seu hálito de menta assustava alguns fios dos meus cabelos ruivos.

Olhei em seus olhos castanhos profundos sem demonstrar o medo que estava sentindo, qualquer fraqueza estava atuando como coadjunvante. Meus olhos não fracassaram ou me entregaram e os encararam até que os seus cedessem, procurando uma rota de fuga alternativa, para com uma das paredes sem qualquer decoração reconfortante.

Um som em negativa saiu por seus lábios e sua mão direita coçou a barba por fazer-Então você morrerá de frio ratinha...

-Vá se fuder!-respondi soltando meus braços dos dele, atordoada. E caminhei em direção ao homem que lia um livro velho perante a mesa de madeira no centro da cozinha americana. Ele tomou seu café e sorriu para mim, algo como orgulho fazia com que seus olhos brilhassem como brasas ferventes, que ao se aproximar em demasiado seria altamente tóxico-Façamos um acordo...-argumentei cruzando os braços na blusa que agora colava pesada em meu corpo.

-Outro?-arqueou uma das sobrancelhas ruivas, colocando o livro a mesa e sorrindo contra a borda da xícara de porcelana-Esse pretende cumprir?-contra atacou.

-Que escolha eu tenho....

-Bom argumento...-elogiou estendendo umas das grandes mãos indicando o lugar para me sentar a ponta oposta da mobília castigada pelo tempo-E qual acordo seria este?-indagou.

De volta à CabanaWhere stories live. Discover now