Capítulo 17- Não ressucitará dos mortos

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Sentia cada fibra do meu corpo urrar contra o frio que balançava o ar pesado da pequena cabana. Meu corpo se retesava constantemente ao se esfregar contra o estofado velho do sofá em busca de calor para aquecer-me. Estava tentada a subir novamente os degraus e debruçar-me sobre os lençóis confortáveis e quentes, com o cheiro específico de madeira e loção pós barba, no entanto, quando o Sol nascente advindo do leste cruzou seus primeiros raios de luzes contra as fendas das tábuas que constituía a velha e desgastada morada, meus braços clamosos por aquecimento presenciaram o lençol da cama do grande ruivo me acobertar e um beijo casto e lento se repousar na altura de minha testa e começo dos fios ruivos espalhados contra a estampa e o estofado.

O cheiro do café passado conjunta a vocalização frequente dos pássaros contra o boque me fez despertar relutante de olhos fechados. Quando estava prestes a me concentrar novamente em dissoadir a consciência e me submeter ao sono restante, a voz do moreno cruzou e preencheu os cômodos, com passos pesados sobres os degraus frágeis a esse ponto.

-Bom dia...-desejou ao ruivo parando imeditamente seu caminho quando pisara no assoalho manchado da cabana e senti meu rosto queimar sob seu olhar, imaginei, abrasador-Por que a deixou dormir no sofá?-questionou voltando a sua rotina entre abrir portas de armário e bate-las contra seu descanso. Panelas e tampas sincronizadas em uma batida aguda e exitante me fizeram franzir o cenho e resmugar irritada. Contudo, dois homens imensos em um lugar tão minúsculo causavam uma sinfônica singular de passos, murmúrios e sons que se chocavam contra o ar.

-Eu cedi minha cama à ela...-comentou arrastando uma cadeira contra o chão e me perguntei internamente se fora propositalmente em uma intenção clara de me acordar. Claro que estava funcionando, não consegui pregar os olhos novamente, embora, ver seus rostos pela manhã não fosse uma das coisas mais péssimas de suportar, preferi manter-me em meu casulo antissocial por mais alguns instantes, antes de ser arrastada para a bolha misteriosa e fria, rodeada por medos e anceios-Porém, o sofá lhe pareceu mais agradável...-suspirou frustado.

-Você não deveria dormi no chão, Chris...-alertou-Está velho demais para essas coisas! Por quê não utiliza o quarto de Antânio enquanto ele não está?-questionou abrindo um dos armários acima dos eletrodomésticos, chocando as porcelas que reverberaram seu cotidiano tintilar-Pelo que parece irá demorar a voltar...-suspirou culpado, ao menos foi o que se deu a entender após o resmungo incoerente que Christopher proporcionou-Quero que possamos voltar a nos falar como antes, sem segredos que possam estar envolve-nos...-almejou quase em um murmúrio.

-As coisas não são as mesmas desde que Júlia sentenciou a própria morte, Jhon! Aquela cadela teve o que mereceu...-respondeu mal-humorado e já poderia fantasiar Christopher sentado como o costumeiro em sua cadeira e os raios solares inundando pela pequena janela chocando-se contra sua enormes costas, dando lhe uma áurea quase angelical, ao qual, nunca possuiu.

-Não fale assim...dela-pediu o outro em desanimo e quase abri meus olhos para checar sua expressão tristonha que encaminhava seu tom-Esqueça!-desdenhou após-Não sei porque ainda me esforço para que você não seja esse pedaço de gelo, mas...-sussurou em um lampejo que quase não consegui escutar plenamente-Eu conheço uma garota que o faz derreter como uma mateiga, Chris, não tente disfarçar!-apontou e uma gargalhada perpetuou entre ambos-Porra! Você está vermelho?-duvidou, talvez em estado de choque.

-Cale a maldita boca, porra!-respondeu em contra ataque-Você sabe como amo minha garota e eu faria de tudo por ela; o que eu tive que fazer e o que nos custou não é a ponta do iceberg...Eu sou capaz de muito mais...-bebericou de seu café pelo barulho que emitiu contra o líquido vaporoso.

-Você é apenas um homem, Christopher e homens possuem pontos fracos, este é o seu...-anúnciou.

-E qual é o seu?-questionou curioso e eu estava aflita e entretida com o diálogo para perceber que Jhon já havia se sentado e tomado seu espaço contra a mobília-Eu sou seu melhor amigo, caralho...-emitiu quando não saiu nenhum som por parte do moreno.

De volta à CabanaWhere stories live. Discover now