Capítulo 8-De volta à cabana

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Diferentemente das histórias escritas por Charles Perraul ou Irmãos Grimm o caminho escolhido e trilhado por nossa chapeuzinho vermelho levaria ao mesmo fim...

Já que, a floresta encatada, era se não, mais obscura e perversa que o próprio lobo-mau.

A colina era como um vulto para mim e a grama junto aos meus cabelos um emaranhado de informações. Meu tonozelo protestava diante do caminho ingrime ao qual caira e minhas mãos estavam raladas ao irem de encontro com o mar de pedregulhos.

Minha respiração estava frenética junto as árvores de ante ao caus. Passáros voavam assustados e a colina pitoresca estava mais repugnante. O paredão de folhas e galhos obstruíam a luz calorosa do Sol, tornando o clima gélido e sombrio, palpável.

Sangue se espalhava pela trilha ao qual tentava escapar. Meu sangue. A raiz detestável ao topo íngreme teria toda a culpa, se não pelos coadjuvantes, pequenos pedredulhos afiados e espinhos das relvas.

Estava cega pelos longos fios ruivos que insistiam veemente em dificultar a minha saída e logo minha visão já não estava aflita. Meus cabelos protestaram com a gravidade e no entanto se submeteram,de cabeça para baixo quando uma armadilha para animais agarrou meus tornozelos e me puxou para os ares. Se tentasse com toda a minha vida e meu esforço conseguiria relar, mesmo que, minimamente as pontas dos dedos no chão de terra.

A blusa em meu corpo escorregou até meu braços deixando o meu tronco vulnerável e minha face escondida. Passos pesados esmagavam galhos caídos e gramas mortas pela campina.

Uma lágrima escorreu para com o núcleo da gravidade, obedecendo-o. Deixando pequenos pingos na terra. Lágrimas de desespero.

Tentei cachoalhar o corpo e me contorcer até que minhas costas protestassem, até que a ponta de meus dedos rachassem contra pequenos pedregulhos presos ao solo.
Até que estivesse dolorida demais para se quer me movimentar, se não, pela própria brisa que mergulhava a baixo da colina. Até que os passos pararam a minha frente e eu estivesse impossibilidade de visualizar seus donos.

-Ora, ora... O que temos aqui?-questionou um dos homens,constatei pela voz grave que emanava de seu ser-Uma garota?-questionou e surpresa banhava suas cordas vocais.

-Nunca vi homens com tão belo par de seios...-outra voz semelhante cruzava e cortava a brisa agridoce.

-Obrigada!-comentei envergonhada pelo lisonjeio-Mas será que vocês poderiam me ajudar?-minha voz esganiçada entregava meu estado atônito-O sangue já está descendo para minha cabeça....-a forte dor de cabeça se empregnava conforme os segundos se passavam.

-Por que ajudariamos alguém que tentou invadir nossa cabana?Nós somos a vítima aqui...-a voz do primeiro homem rugiu pelo ar e senti um leve deboche armagar suas palavras.

-E no entanto eu é que estou presa!-argumentei-Caçar animais no norte da Califórnia é crime!-constatei.

-Quem disse que caçamos animais?-a voz sombria preencheu o curto silêncio da mata.

-O-o quê?-um grito rugiu de minha garganta ao sentir minha costas se chocarem contra o terreno e uma pequena vertigem se instaurou em minha cabeça.

Abaixei a blusa e levei as mãos ao local dolorido cobrindo meu rosto.
Precisava de ajuda e no entanto algo me alertava de que esses homens não eram confiáveis.

-Invadir propriedade privada em todo estado é crime garota!-mãos fortes agarraram meu ante-braço e me levantaram de meu leito lamúrioso.

E sem dificuldades me lenvantou como um pena de uma ave.Meus tornozelos cederam e logo as mãos fortes agarraram meus ombros e um suspiro pesado como de um búfalo me fez abrir os olhos fechados.

E quando o fiz me encontrei em frente a um homem de quase dois metros de altura e estatura forte.
Seu rosto....seu rosto...o nariz, as orelhas e os olhos...

-Jesus!-o voz do outro homem espantou o silêncio angustiante, constantando o que eu percebera desde que pus meus olhos nele-Vocês são idênticos!

Tentei me afastar mas as mãos fortes agarraram-me com mais força,protestando contra o pequeno espaço que ainda nos restava separados.

-Quem é você?E como chegou até minha cabana?-os olhos do homem grande, azuis gélidos, eram inquisitivos e pertubadores. E uma rajada de brilho sombriamente gutural surgia em suas íris.

-Me solta!-argumentei tentando puxar meus braços, mas aquele homem era forte demais e não cederia as minha falhas investidas-Ok...me solte e eu lhe contarei tudo o que quer saber!-argumentei com a voz falha e suplicante.

As sobrancelhas ruivas se arquearam em desconfiança mas veemente concordou em me soltar. Lentamente as grandes mãos desprenderam-se de mim e voltaram a junção do seu corpo.

-Quem é você?E como veio parar em minha cabana?-questionou ainda mais furioso pela demora de minhas próximas ações, que prometeriam comprir o que foi uma vez acordado.

Meus pés vacilante ousaram ir para trás e quando tomei distância o suficiente me virei para correr. Para longe de seu olhar nebuloso. Mas o plano miserável falhou quando me choquei com outra muralha de músculos enorme.

-É uma pequena ratinha fujona...-comentou o grandioso moreno com a barba por fazer.

-Quem é você, garota?-questionou curvando-se para parear-se a minha altura e olhar profundamente no fundo dos meus olhos assustados, pude perceber ao vê-los apavorados pelo reflexo dos seus.

A floresta reluzia em seus olhos castanhos e me perdi de ante a grande imensidão de sua íris.

-O gato comeu a língua dela,Cris...-debochou.

-Já que não quer abrir a boca por bem...será por mal...-o ruivo,chamado Cris,atirou-me sobre seus ombros e caminhou em direção a relva e a colina a muito tempo esquecidas.

-ME SOLTE!-soquei suas costas largas e machuquei os nódulos dos dedos com a colisão.Senti um tapa em minha bunda pelo protesto que estava fazendo e grunhi de raiva-Vocês são a porra de uns loucos e serão presos por sequestro e caça ilegal de animais!

Os homens se entre olharam e gargalharam.

-Todos nos somos loucos por dentro, ratinha....-a voz do moreno foi ouvida e um suspiro de desespero meu foi levado pela brisa e se dissipado colina e relva abaixo enquanto caminhavamos de volta à cabana.

Não importa quem escreveu esta história ou se Charles Perraul e Irmãos Grimm iriam concordar com o rumo que estava tomando.Pessoas ligadas por um mesmo destino sempre vão se encontrar...por bem...

Ou mal...

De volta à CabanaWhere stories live. Discover now