Capítulo 14- Duas almas a mesma sepultura

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O roçar do corpos folhados das árvores protestavam contra o silêncio alegando a presença incomoda de indivíduos que ousavam esgueirar-se entre os bosques e acabar com a monotonia da noite entre a cabana e a floresta. Nenhum barulho advindo de animais recorrentes da fauna do norte da Califórnia se fez presente, apenas, no entanto, a respiração pesada conjunta a músculos tensos agaravam-me contra si.

A brisa gélida do começo da noite mergulhou a varanda ao qual estavamos e imediatamente o som de portas de um possível veículo,  abrindo-se e após fechando, fez com que o balançar proeminente da cadeira cessasse.

Não ousei espiar entre as pálpebras fechadas. Não ousei deixar que minha respiração me entregasse. Mesmo que, o céu banhado por entrelas, ao qual imaginava entre a torrente de sono em que me mergulhava, fosse atraente demais ou que meu ritmo cardíaco advindo do nervosismo e da tensão que se intaurava, me causasse um possível infarto tão nova.

De repente, me vi agarrada de boa vontade contra meu sequestrador, pois além do que eu podia ver me causava arrepios e eu não era corajosa demais para enfrenta-lo.

Passos soavam contra o solo úmido pelo soreno do fim do dia, coadjuvante com o barulho de chaves balançando e velcro abrindo-se. O arranhar dos tecidos acompanhava a sinfonia de seu caminhar e logo, poucos segundos depois, o som do bico de ferro de uma possível botina soou quando se encontrou com o começo das escadas, como se quissesse limpa-las contra os degraus.

Christopher firmava suas mãos em minhas costas enquanto possívelmente, tenta esconder meu rosto contra seu peito na penumbra daquele ambiente. Conseguia captar o  barulho da armadilha de choque para matar mosquitos pendurado na varanda, conforme alguns insetos se chocavam, mas a respiração dele, um vez tensa, agora adquiria tons de tranquilidade e quase não conseguia senti-la.

Ele escolhera sua armadura e estava vestindo-a. Enquanto eu, optara por fingir permanecer no escuro, quando não estava.

-Martin...-o tom neutro usado em sua voz não apresentava nada do qual estava sentindo e sem poder visualizar suas expressões e tentar descodifica-la, Christopher estava indecifrável-Está bem longe de casa, não acha?-a escolha de suas palavras rudes fez com a presença do homem causasse desconforto-Por acaso se perdeu nas estradas?

-Christopher sempre é bom te ver...-suas palavras se perderam de ante ao barulho dos ventos pela colina abaixo-Christian me mandou aqui...

-Como sempre...-o ranger da porta da mosquiteira da cabana ao se abrir acompanhada com a voz grave de Jhon causou-me arrepios na nuca-Christian sempre manda a cadelinha dele para fazer o serviço...-debochou e sua voz alegava o seu desgosto pelo desconhecido ao qual citavam, explícito.

-Jhon!-comprimentou-Chritian prefere ficar pela cidade, vocês o conhecem...-argumentou.

-E o que ele quer?-respondeu ríspido, o moreno.

-Mandou avisar que Antônio está causando problemas demais na cidade e acabará chamando atenção demais para o caso...-comentou-Ele disse que está na hora de vocês intervirem ou ele o fará!

-Nós não podemos obriga-lo a voltar para a cabana!-argumentou Jhon, sua voz grave aumentava o tom usado-Porra!-urrou-A mulher dele acabou de morrer, cara....

-Chritian não vai levar em conta seu luto quando o colocar atrás das grades! Ele está fora de si e precisa ser parado! Se atrair a atenção da mídia para a pacata Virgin River, haverá consequências...

-Merda...-grunhiu Jhon exasperado.

-Avise meu irmão que Antônio não dará mais problemas...-prometeu o homem quase em um sussurro sobre meus ouvidos-Eu cuidarei disso pessoalmente, já que, luto nenhum justifica nos expor...

De volta à CabanaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora