Capítulo 23- Frio lá em cima

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Jhon

S

irvo mais uma dose reforçada do meu velho wiskey em três copos, esses dispostos sobre a mesa de carvalho enquanto os dedos grossos do Christopher apertam e demarcam o vidro, como se consequência de quebra-lo fizesse os esforços valerem a pena se o caco abrisse caminho em sua pele. A luminária amarela sobreposta a mesa continua a piscar frequentemente com a fraca corrente elétrica enquanto zumbidos de moscas e suas sobram demarcam a cozinha sombria da cabana.

Viro minha dose rapidamente espantando o topor presente no ambiente, denso, como se o ar estivesse estagnado sob a gravidade-A garota está segura, isto é o que realmente importa...-concluo para acalmar meus pensamentos nebulosos sobre essa madrugada-Nada será capaz de tira-la de nós!-murmuro lançando-lhes o olhar da promessa que espero que acreditem.

-Não posso perde-la novamente...-Chris detém sua expressão vazia. Seus movimentso visíveis totalmente calculados enquanto engole o líquido quente sem qualquer ameaça de careta. Mas a percepção fria e pervesa de seus olhos obscuros afogam qualquer ser que ousasse olhar demasiado. Engulo seco antes de desviar meu olhar para Antônio, mais tatuagens visíveis em sua pele, quase cobrindo-a totalmente. Alertando-me de que nada está realmente fácil sobre a partida precipitada, mas necessária de Júlia.

-Você não teve culpa sobre o que aconteceu Chris...-argumentou o loiro esperando tira-lo das profundezas macabras de sua alma, mas já era tarde o suficiente, sempre fora. Christopher nunca buscou por redenção.

-Eu sei...-sua voz soou cortante, tal como seu olhar em direção a Antônio-Mas posso garantir que quem participou está neste momento a sete palmos da terra, com larvas comendo seu resto miserável e torço para que sua alma esteje queimando no inferno, só para que, quando eu mesmo pisar lá poder tortura-la um pouco mais...

O compromisso com que suas palavras soaram sob a neblina pesada de sentimentos da cabana foi capaz de arrepiar minha espinha e borboletas sagrentas se agitarem em meu estômago. Christopher desperatara medo em muitos homens e eu era realmente um deles.

-Não houve realmente culpados!-o loiro retaliou. Sua coragem sempre foi perceptível e admirável para mim, mesmo a distância-Se não por...-sua voz se perdeu quando ouvimos sons de passos reagirem a madeira da escada. Seu cheiro rapidamente denunciou-a, algo como o gosto de mel e morangos frescos, um brisa molhada no verão e a sensação reconfortante dos raios do Sol.

Por um instante, vi com meus próprios olhos a postura de Chris relaxar. Seus ombros que uma vez permaneciam rígidos, perceptivelmente cairam junto ao olhar gélido. A cor retomou suas bochechas e a linha de expressão de mero contentamento, milimetricamente se esboçou contra seus lábios.

-Esta muito frio lá em cima...-murmurou incerta, mudando o peso de seus pés rapidamente. A luz proveniente da lua banhava as janelas e consequentemente a sala, mergulhando sob os fios ruivos e o rosto angelical. Um suspiro soltou de meus lábios, aquele que segurava por horas, desde que Megan permanecera desacordada. A menina era apenas um esboço do que já fora, enrolada em um manto. Seus olhos refletiam os medos que uma vez permaneciam escondidos e camuflados-Eu...eu...apenas pensei...-sua voz se perdeu no próprio raciocínio perante ao nosso escrutínio.

Por um segundo, pensei ve-la refazer o caminho de volta para o quarto, mas em menos de um piscar de olhos, sua postura havia retomado como um fênix, resurgindo das cinzas. O olhar penetrante e vidrado em nós, desafiando-nos implicitamente.

-O que era aquilo na floresta?-o murmúrio cortou o silêncio mortal da sala, mas quase como um susurro que dificilmente passou despercebido. Ambos os homens estraram em estado de alerta e agora estavam tomados por seu escrutínio minucioso. Megan com certeza era a mesma garotinha de sempre, a quem tinha amado uma vez ou outra, até demais.

De volta à CabanaWhere stories live. Discover now