Capítulo 3-Consequência

3.1K 314 21
                                    

Nos sonhos mais profundos de Charles Perrault passaria a alusão da pequena garotinha de capuz vermelho possuir algum afeto pelo lobo-mau.

Pena que,Charles Perrault teve uma crise de insônia e não pode escrever essa história,onde a chapeuzinho além de possuir afeto,era a cara do lobo-mau.

-Estou avisando...-Marcus alertava zombeteiro,seu olhar caia sobre Tina ao lado de Jenne-Você deve tomar cuidado,tem todas as características que esse serial-killer está a procura...

-Para de falar merda garoto!-Jenne defendeu-a,enquanto meus olhos caiam sobre ela.Morena de olhos claros.Talvez...Esse assunto já estava fazendo minha cabeça doer pela terceira vez só nessa tarde,quando o carro parou bruscamente no caminho para a floresta.

-Droga!-Thomaz sussurou,abaixando os vidros e empurrando toda a fumaça que seu cigarro de maconha havia feito,além de pingar rapidamente colírio em seus olhos vermelhos e mascar ciclete para que o cheiro do álcool sucumbisse.

Logo a frente alguns carros da polícia cercavam a entrada para a grandiosa mata,enquanto um possível guarda questionava alguns mostoristas,alguns desciam do carro e outros eram presos ao tentarem escapar.Logo outro atrás,vinha mostrando algumas fotos de mulheres desaparecidas,constatei.

-Boa tarde seu guarda!-Thomaz comprimentou sorridente,o que de nada abalou o mau humor do homem,de chapéu e óculos escuros.

-Documento e habilitação por favor...

Thomaz com seu desespeiro aparente começou a procurar entre a bagunça de embalagens e latas de cerveja ao qual Marcus havia deixado em seu carro.O homem passou seus olhar por todos do veículo parando segundos demais em mim.

Enguli em seco,não conseguindo escapar de sua inquisição sem motivo,com medo de desviar os olhos e parecer culpada de alguma coisa.

-Desçam do carro imediatamente!-ordenou com sua voz grossa para o alívio repentino do meu namorado e irritação premeditada de Marcus-Me siga!-ordenou com as mãos para minha figura enquanto arregalava os olhos levemente.Thomaz tentou nos acompanhar mas recebeu um olhar matador em sua direção,depois que o grande homem tirou os óculos,amostrando um par de olhos verdes.

Engoli várias vezes em seco sentindo a sobrancelha tremer de nervosismo.Olhei para traz alcançando quando o segundo policial chegava até o grande grupo dos nossos amigos que,desceram do carro e negavam a cabeça para as perguntas inquisitivas do homem quando insistia em mostrar a foto de alguns desaparecidos.

-Como é seu nome garota?-questionou sério enquanto meu olhar ainda estava perdido no caminho que trilhamos até um local afastado,mas que ainda sim poderia ser visto por eles.

-Megan....-sussurei,e logo pude ver seus olhos se arregalarem como suas pupilas dilatarem-Tem algum problema?-questionei preocupada,pensando se talvez naquela pacata e pequena cidade,logo aquele cara conhecia minha mãe.

-N-não!-apressou-se em dizer com nervosismo,em seus movimentos deixara a vista seu identificador:"xerife de Virgin River"-Apenas algumas perguntinhas de rotina!Você me lembra muito alguém...

Voltei instantes depois frutada para o impala,sem saber o porquê de tantas perguntas irrelevantes como:minha idade,onde nasci,quem são meus pais.Thomaz parecia irritado com o xerife de cabelos loiros alaranjados,a beirada dos quarenta anos,enciumado.

Afrontoso,saiu cantando pneu em frente aos policias que pareciam não se importar.Aos poucos tudo e todos foram se distanciando e apenas e só o que era visto,árvores de todos os tipos e espécies,barulhos de riachos e animais silvestres.

O carro de Peter ia a frente guiando os outros cinco.Tudo parecia de uma igualdade absurda,perdidos por alguns instantes até que a grandiosa e luxuosa cabana foi vista,abraçada pela imensidão de árvores e o nada.

Não demorou muito para que o silêncio fosse quebrado com muita música,cerca de trinta jovens com muita sede e testosterona para todos os lados.

A noite estava caindo e com ela alguns casais foram sumindo subitamente e aos poucos em uma roda estava apenas alguns amigos mais próximos de Thomaz,e uma fogueira foi acessa.

-Vocês conhecem a história dessa floresta?-Peter questionou-Ela é assombrada!-comunicou arrancando suspiros de alguns e um revirar de olhos de minha parte.As mãos de Thomaz alcançaram meus ombros,enquanto me cobria do vento gélido que ora ou outra resolvia dar as caras-Meus avós diziam que essa floresta não é como qualquer uma!Ela pode levar pessoas para o passado e algumas para o futuro!Mas isso tem uma consequência...-alertou em tom de suspense enquanto se ouvia apenas grunhidos de algumas corujas e o estatalar do fogo.

Peter sorriu e logo levantou-se em direção a cabana,deixando-me curiosa.E antes que pudesse levantar,Thomaz me puxou para um sessão obrigatória de amassos.

-Gata,a gente poderia tentar,se você quiser...-comentou,descendo os beijos pelo meu pescoço.

-Aqui não...-comentei me esquivando de sua proposta.

-Podemos ir para um quarto...-propôs.

-Tudo bem!-comentei pedindo ajuda com as mãos para levantar.O álcool já fazia efeito e comandava minhas ações.

Thomaz me puxou pelos corredores,não antes de passarmos pela cozinha e encontramos Peter procurando mais cerveja ou alguma coisa que continha teor alcoólico.

-Espera!-comentei para ele,indo em direção ao rapaz-Qual é o final da história?-questionei erguendo uma sobrancelha e cruzando os braços em ceticismo-Depois de toda aquele negócio de "consequência".

-Sempre haverá um final triste!-comentou-Pelas histórias que contavam para me assustar quando criança a floresta faz o que quiser com quem quiser!Tira pessoas boas e castiga as ruins,cruza destinos e encontra pessoas que são impossíveis de achar...-sorriu.

Suspirei me virando em direção ao corredor longo,pensando o porquê de ter perdido meu tempo com aquilo quando ouvi a voz dele me chamando:

-Megan...-me virei lentamente por conta do álcool que fazia minha cabeça girar-Relaxa,isso é apenas uma história para criança dormir!

Sorri forçadamente indo em direção ao quarto que estavamos ficando.Virgin River parecia ser uma caixinha de surpresas e nenhuma delas me agradava.

Aquela noite,regada com o vendo gélido e com uma floresta agitada,jovens embriagados fazendo sexo enquanto alguns regungitavam o almoço...ele estava lá.

Sozinho e predador,encarando suas próximas vítimas,que nem se davam conta de sua presença tão altiva e dominante,assustadoramente a expreita....

Talvez se Charles Perrault escrevesse esta história,haveria aqueles que salvariam-a no último segundo...

Pena que ele não pode mudar o destino da menina de cabelos ruivos.

De volta à CabanaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora