Capítulo 6-A observadora

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O saculejar do pequeno corpo do menino junto ao meu sobre as pedras beira rio,constantemente avisava-me que logo ele alcançaria e nos faria arrepender amargamente por adentrar a floresta. Sua floresta.

O garoto permanecia com a cabeça baixa cantarolando canções que davam toda a tragédia amarga um fundo musical enquanto aqueles que observavam a espreita da escuridão a cena aterrorizante que avistariamos com apenas um girar angular do pescoço.

Minhas lágrimas sufocavam meus olhos enquanto um grito intalado na garganta tentava rugir de minhas cordas vocais.O grito do medo.

O grupo de garotas se disperssava a minha frente,onde algumas adentravam ao rio desesperadas tentando inultimente atravessar até à outra borda e outras,como eu,tentavam a todo custo chegar a barreira de matagal,espelhada pelas águas negras correntes e banhada pelo grande cobertor estrelar.

Meus pés prostestavam a cada passo dolorido sobre pedregulhos afiados e no entanto,apenas,corria para tentar escapar do destino certo...a morte.

Agradeceria ao céus por ser uma líder de torcida,embora negligente e em alguns momentos distintos ser obrigada a percorrer quilômetros junto a minha mãe,dizia que,um dia correr poderia ser minha única salvação.

Carrega-lo me atrasava alguns segundos,mas a adrenalina que possuia minhas veias como uma droga viciante,distorceu seu peso real,ao qual meus braços alertavam depois.Senti meu corpo congelar sob o machado que passara e levar consigo alguns fios de cabelos ruivos avoroçados pelo vento e pequenas gotas de sangue.

O ardor se misturava ao aglomerado de sensações,a ponta de minha orelha estava com um breve corte e expelia em minha blusa o protesto da mais pura dor.

Apertei ainda mais a cabeça do pequeno garotinho que parecia sonolento em meus ombros,aumentando a corrida árdua.O machado cairá alguns metros à frente e algo me dizia que aquele assassino psicopata queria jogar comigo.

Brincar com sua presa.

-Nana neném que a cuca vem pegar papai foi pra roça e mamãe foi trabalhar...- o garotinho susurrava as palavras que pareciam se distorcer pela penumbra do noite e fazer eco floresta à dentro.

Os gritos trilhavam conjunta a minha respiração frenética,sem cessar.O medo delas e o meu parecia palpável e bem-vindo ao assassino.

Sem olhar para trás podia sentir seus olhar queimar minhas costas.Sua gargalha audível me fizera imaginar seu sorriso maquiavélico destinado ao caus daquela noite estrelada.

Palco do mais puro néctar da essência terrorista.

Quanto mais me aproximava da enorme floresta,maior era a sensação de que ele me deixava escapolir por entre os galhos, e indiretamente às entrelinhas percebi o jogo que estavamos jogando: esconde-esconde.

Seus passos lentos e calculados sobre a terra a caminho de sua arma a metros de distância do percurso que tomei, deram-me os segundos suficientes para esgueirar por entre o bosque sombrio, repleto por protesto sonoros do perigo eminente.

Meus passos rápidos entre as folhas secas me denunciavam e o desespero conjunto me abraçava solidário.

Um labirinto de grandes árvores sombrosas se formava,alguns gritos de desesperos eram ouvidos;súplicas de piedade.E por fim a lamúria e os cortejos da morte.

Inospitaleira, a floresta queria confundir-me.Um estrada confusa e circulatória.Depois de minutos tentando ao menos escapar da certeza do último suspiro,estava atrás dos meus próprios passos,pegadas,aquelas,que tinham sido marcadas pela lama da chuva de verão,quando meu sapatos prostestaram contra o chão.

Cansada,enfim,passei as mãos pelos cabelos em um ato desesperado.Os gritos ao lado de fora não abalavam o pequeno garotinho,apenas meu choro sôfrego fez com que levantasse a cabeça acompanhado das grandiosas mechas castanho-escuro e olhos atentos sombrios como um espelho na escuridão.

-Eu gosto desta canção...-murmurou alegre em meus braços,apoiando as pequenas mãozinhas em meu ombros em agitação-E minha preferida,mamãe sempre canta pra mim!

-Que canção?-ousei questionar em um susurrou ancioso.Estavamos parado a margem das sombras de grandes troncos,enquanto tentava achar a trilha ou marcas de pegadas diferentes das minha.Outrora,os gritos como um lamúria cessaram,por fim.Significando que,todas estavam mortas.

O pensamento fez um arrepio passear como um raio por meus pelos e congelar minha espinha.

-Ela está nos chamando...-susurrou.

-Quem criança?-questionei preocupada e aterrorizada.

-A floresta,ela é encantada...

Apertei ainda mais o garotinho entre meus braços,atenta ao qualquer mero sinal de barulho...mas,apenas o silêncio mortal recaída sobre nosso ouvidos,a luz da lua iluminava apenas pequenas partes daquela que a escuridão se apossava.Logo passos estatelaram galhos e folhas secas ao longe.

Uma brisa gelada carregava o cheiro de ferrugem...sangue.

Meus passos eram calculados embora mal conseguisse olhar ou avistar para onde percorriam e onde se davam,se cederia a algum buraco ou o protesto agudo emitido de minha localidade.O suor gélido percorria minhas costas e banhava minha nuca.Expirava de total desespeiro.

Teria que entrar naquele jogo mortal.

-1..2...3....4-o garotinho contava em murmúrios contra meus ombros.

Ao longe uma luz iluminava o terreno,para de volta à grande cabana.Em meio ao caus e as árvores consegui ver os carros ainda parados no mesmo lugar,intocados.

E mais a dentro,saindo da grande mansão dois grandes homens com seus respectivos machados seifadores a mãos,analisavam a carnificina que agora tomava todo o solo dentro e fora do perímetro da casa.

Todos mortos.

Não ousei respirar quando o olhar de um deles se deu para floresta à dentro,como se sentisse minha presença a espreita.

E de repente,meu coração se sobressatara com a imagem de mais um deles saindo a alguns quilômetros a minha esquerda,de dentro do bosque para a pequena reunião que se formava.

Agora,eu era a observadora.

O sangue empunhava suas mãos como uma segunda pele e seus machados pingavam o líquido marsala,deixando um trilha de rastros.

-Todos mortos?-consegui identificar as vozes,mesmo que a distância não me desse fidelidade dos dados-Ninguém conseguiu escapar,ou perto disso?-questionou mais uma vez o mais forte deles.

-Não...-murmurrou o que acabara de escapar do grande mural de matagual,o último a se unir ao trio mascarado-Os anos se passam e eles parecem menos propícios a nos divertir...A não ser por ela....

A palavra arrancou outro arrepio de minha alma.Minhas pernas não conseguiam se mexer ou meu corpo,para dar qualquer indício de movimento.

-O xerife nos avisou,mas eu não a vi entre os jovens na casa...-comentou o outro que até o momento permanecia quieto com os braços cruzados,ao qual sangue e tatuagem cobriam toda a pele exposta-Pelo menos,isso,culminou em uma boa diversão para o fim de semana...Eu sei que as morenas são suas preferidas....

-Aquela tinha exatamente as características...mas não deu nem para o cheiro....a morte foi rápida demais....-lamentou.

-Bom,eu a vi na margem do rio...-suspirou o outro limpando a ponta do machado com os dedos,não antes de se sentar ao toco de uma árvore para faze-lo-Cristian estava certo, a garota se parece muito com você e...-suspirou incerto-Megan...

As batidas frenéticas do meu coração ensurdeciam meus ouvidos.Sem perceber,precionava o pequeno corpo do menino contra o meu.

-Precisamos acha-la...

-Bom...-comentou novamente o que estava sentado observado a escuridão que a floresta mergulhava,exatamente para o ponto em que estavamos inertes-Diria que não está muito longe...-segundos se passaram até que o homem voltara a limpar a lâmina,enquanto seus amigos,arrastavam os corpos para uma grande fogueira que dava início e fim ao massacre,e iluminava todas as bestas que bricavam de se esconder entre a escuridão.

De volta à CabanaWhere stories live. Discover now