VINTE

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Juliette Freire.

No domingo Sarah não me ligou. Passei o dia cuidando de Bil e dando atenção à Cecile. Levei ela para brincar no parquinho da praça, comprei picolé para ela, compensei-a da minha falta de companhia no sábado. Não havia trabalho nenhum para fazer e também descansei.

À noite Mary foi embora e eu fiz Carla sair com a Thaís. Não ia sair e eu mesma poderia me encarregar de Bil.

Fiquei na sala brincando com Cecile, depois fizemos lanche e preparei-a para dormir. Ela estava deitada no meu colo, rindo de uns vídeos engraçados na televisão, quando Carla chegou ficamos jogando conversa fora, falando de Thaís e seu jantar e reclamando da sogra que tem, falamos de alguns conhecidos e sobre amenidades, quando percebi que Cecile dormia, levei-a para cama e depois voltei à sala.

Como Sarah previra, eu estava dolorida, principalmente no ânus, mas nada muito sério.

- Como Bil está hoje?

Carla pegou um pote de sorvete e duas colheres e voltou para a sala e sentou junto comigo me entregando uma colher.

- A mesma coisa. Não acordou.

- Você parece cansada. Está pálida.

Eu me sentia cansada. Não fisicamente, mas emocionalmente. Estava confusa, preocupada, tensa. Tinha medo da confusão em que eu me meti com Sarah.

Carla parecia perceber o meu estado. Por fim ela foi direto ao ponto.

- Você está apaixonada por ela, não é?

Quis negar e desconversar, mas ela me conhecia bem demais e eu confiava nela.

- Estou.

- Ela sabe?

- Não! - Falei rapidamente e enfiei uma colher de sorvete na boca. - É uma loucura, eu sei. Minha vida é uma confusão só. Sou casada, tenho uma filha, mas... Não pude evitar. É algo que não consigo controlar. Mas quando nós pararmos de nos encontrar, vou me recuperar e tudo vai voltar ao normal.

- Claro que sim. Você é uma mulher muito forte. - Ela sorriu para mim. - Sabe, acho que você já gostava dela antes. Quando se conheceram.

- Era atração. Eu sempre amei o Bil.

- E ela? A gostosona da bunda grande? - Quase engasguei.

- A Sarah?

- Sim. Ela gostava de você?

- Há dez anos? Ela me odiava Carla. Tinha raiva da gente, mas sempre houve essa atração física entre nós.

- E hoje? Será que ela não gosta de você? Sabe, fiquei pensando: Essa mulher quis que dormisse com ela em troca de dinheiro. Quer a sua companhia. Exigiu um mês. Ontem levou você para uma festa, comprou vestido para você. Se ela quisesse só te usar, transaria algumas vezes e pronto. Acho que ela se interessa por você mais do que gostaria.

Olhei-a detidamente. Por fim balancei a cabeça.

- Não. É como eu disse, muita atração. Parece que quanto mais nós... Você sabe... Mais queremos. Como um vício. Ela não gosta de mim e nunca gostou.

- Será?

- Tenho certeza. De qualquer forma, nunca daria certo entre a gente. Sou casada. Preciso me concentrar nisso e me manter fria. Com o tempo tudo volta ao normal.

Mudamos de assunto. Evitei tocar no nome da Sarah e, depois que tomamos quase a metade do pote de sorvete, Carla foi para a casa, fui cansada tomar um banho quente e me deitar.

CHANTAGEM - SARIETTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora