TRINTA E UM

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Juliette Freire.

Tomei um susto quando o celular começou a tocar, me fazendo voltar a realidade. Eu havia deixado o aparelho no braço do sofá, sentei-me rapidamente e atendi.

- Oi Jully. Como estão as coisas por aí? - Fechei os olhos ao ouvir a voz dela.

- Bem... - Disse baixo, recostando-me no encosto, tentando afastar aquele aperto do coração.

- E a Cecile? Vocês estão melhores?

- A Ceci não entende bem o que aconteceu. Carla disse a ela que o papai foi para o céu e ela aceitou. As vezes pergunta por ele, mas está bem.

- E você? Como está lidando com isso?

- Estou legal. - Menti.

- Bom saber. Só liguei para saber como vocês estavam. Estou preocupada de verdade.

Eu não queria que ela desligasse. Pensei desesperadamente em algo para dizer.

- Não se preocupe, Sarah, eu estou bem. É bom passar um tempo com a Ceci e a Carla, mas também fico feliz que tenha ligado.

A linha ficou muda por alguns segundos, a respiração um pouco desregulada de Sarah dava para ser ouvida com clareza, o silêncio desconfortável já estava me deixando agoniada fazendo todas as minhas preocupações voltarem a mente como um baque, e elas apenas seriam resolvidas com o dinheiro do nosso acordo.

- Sarah... Sobre o dinheiro do acordo. - Engoli em seco, nervosa. - Você poderia fazer o adiantamento? É que eu preciso fazer o pagamento para a funerária.

- Juliette...

- Sarah! Por favor! Eu preciso do dinheiro! Se quiser pode aumentar o prazo do contrato.

- Tá, tudo bem... - Um suspiro escapou de sua boca. - Me passa o número da sua conta por mensagem, depois irei fazer o depósito dos cinco mil.

Um alívio tomou conta do meu corpo, como se uma pedra fosse retiradas das minhas costas. Um problema já estava resolvido.

- Obrigada, Sarah. Nem sei como te agradecer...

- Esquece isso, Juliette. O dinheiro é seu, não tem motivos para eu negá-lo a você.

- Bom... É que eu não cumpri o um mês de serviço a você.

- O meu tá, tudo bem. - Ela deu ênfase nas três últimas palavras em um tom de deboche. - Também foi concordando com o aumento do prazo do acordo. E eu que vou decidir por mais quantos dias eu vou querer você.

A resposta de Sarah veio como um balde de água fria. Tá certo que eu havia dito para ela aumentar o prazo em troca do adiantamento do dinheiro, mas eu não imaginaria que ela daria essa sentença dessa maneira. Ela não parecia aquela Sarah que me ajudou e protegeu no dia anterior, mas apenas decidi concordar com isso.

- Ok, mesmo assim obrigada. Sei que não gosta da gente. Quero dizer...

- Eu sei o que você quer dizer. Não vou fingir que sinto pela morte de Bil, mas lamento que ele tenha sofrido tanto e que tenha deixado uma filha tão pequena. Como eu lamentaria por qualquer ser humano.

- Eu sei... Sarah. - A chamo depois de um tempo. - Como você está? Em relação a Vitória.

- Desculpe-me, Juliette, mas não quero conversar sobre isso por telefone.

- Ah! Tudo bem...

- Se precisar de algo, fale comigo. Você sabe que eu estou aqui. Já sabe o que vai fazer da sua vida daqui para a frente?

CHANTAGEM - SARIETTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora