CAPÍTULO 10

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MARIA CLARA 



- Mariana, abre essa porta! – Eu digo, batendo na porta de madeira do quarto de Mariana, que se recusa a abrir para mim. Hoje era aniversário de Cadu e Mariana estava me evitando há quatro dias, após toda a situação com o encontro com Gabriel. Cadu estava na casa de seus pais e se encontraria conosco daqui a uma hora na casa de Mama e seu Heitor.

Só depois do idiota do Daniel ter mencionado que todos estavam achando que era um encontro romântico, que as engrenagens finalmente funcionaram na minha cabeça estúpida.

Mariana tinha sentimentos por Gabriel.

Como eu não tinha percebido antes? Estava bem na minha cara. As bochechas coradas, os olhares atravessados, a raiva emanada toda vez que ele se aproximava. Para se proteger. A bobinha estava apaixonada e estava tentando se proteger.

- Mariana, se você não abrir essa porta agora vou jogar todas as suas cervejas de gente velha pela janela – eu digo, me referindo a coleção de cervejas antigas e importadas que ela mantinha com orgulho. A verdade era que Mariana conseguia ser uma caixinha de surpresas maior do que eu. Linda, apaixonada por cerveja, obcecada por Metallica e qualquer coisa que se parecesse com rock. Bufo de novo. Ela e Gabriel eram perfeitos um pro outro.

A trava se mexe e finalmente uma Mariana de bochechas vermelhas e cabelo bagunçado me encara pela fresta da porta.

- Se você mexer nas minhas cervejas vou colocar fogo na sua horta. – Ela resmunga, com a voz doce e eu tenho que segurar a vontade de rir porque ela era tão suave e cuidadosa que mal conseguia ser grossa comigo, apesar de estar claramente chateada.

- Por favor, me diz que você sabe que eu nunca teria nada com o Gabriel. – Eu digo de uma vez, empurrando a porta para conseguir vê-la melhor. Suas bochechas conseguem ficar ainda mais vermelhas.

- Não sei o que você quer dizer. – Ela resmunga. E eu perco a paciência, segurando sua mão e a puxando para sala. Nós sentamos no sofá e tenho que engolir a minha vontade de arrumar meu cabelo e parecer mais decente porque Mariana é tão bonita que me torno automaticamente autoconsciente de todas as formas que eu não sou.

- Para com isso, você está linda. – Ela diz, franzindo o cenho. Está vendo? Ela era o ser humano mais decente que existia nesse planeta! Eu sou sua melhor amiga, hipoteticamente roubei o cara que ela gosta e ela está aqui, não deixando que eu me sinta insegura perto da sua beleza celestial.

- Você é boa demais para esse planeta. – Eu digo, fazendo um biquinho, e quase consigo um sorriso seu.

- Mari, eu nunca imaginaria que você tinha sentimentos por ele. – Eu digo baixinho.

- Não tenho sentimentos por ele. Só fiquei surpresa com a possibilidade de você ter.

- Por isso você me evitou por quatro dias? – Pergunto com um sorriso e recebo um olhar culpado.

- Não estou apaixonada por ele. Não sei o que sinto. Só me senti mal com a ideia de vocês dois juntos.

- Para mim toda essa situação foi uma maluquice, a ideia de rolar qualquer coisa entre eu e Gabriel é tão impossível que nem pensei no que sair com ele sozinha significaria. Na minha cabeça seria como sair com um primo, ou um irmão. Nada demais. E eu só precisava de ajuda para comprar uma moto e ele se ofereceu. Sinto muito se te chateei. – falo, segurando sua mão, para que ela perceba que estou sendo verdadeira.

Mariana respira fundo e aperta minha mão, concordando com a cabeça.

- Desculpa ter te evitado, só não sabia como lidar com tudo.

REDENÇÃO - Irmãos Fiori: Livro III - COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora