CAPÍTULO 15

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SALVATORE 



Ter visto Maria Clara daquele jeito tinha feito alguma merda com a minha cabeça porque agora a vontade de protegê-la de todo o mal do mundo estava latente em cada poro do meu corpo. Mas como se protege alguém de seu passado? Como se luta contra o invisível, o intocável?

Era assim que Maria tinha estado na segunda: completamente intocável. Perdida em meio a uma névoa incompreensível para mim. Havia tanta dor nela, tanto ódio. Eu queria poder ter evitado que ela desligasse, que se perdesse no buraco negro que parecia engoli-la. Mas nada funcionava. Eu deveria ter ido até ela no domingo, ter arrombado sua porta, olhado em seus olhos e ter me certificado de que ela estava bem, segura – principalmente dentro de si mesma.

Se eu tivesse olhado em seus olhos, eu saberia.

A frustração que me toma é tanta, que bufo alto enquanto caminho em direção ao bar em que Alex, Danilo e Gabriel irão tocar. Sei que a família inteira estará lá, e espero que Maria Clara também porque apesar de ter falado com ela no telefone ontem a noite e ter me certificado que ela se divertisse com a família, eu ainda precisava estar perto dela, me certificar de que ela tinha conseguido se libertar de seus fantasmas, pelo menos dos mais gritantes.

Era mais do que óbvio que ela tinha seus demônios, e pelo visto eram familiares – os piores de todos. Não há nada mais triste do que ser assombrado por seu próprio sangue, e pelo vazio nos olhos dourados de Maria, estava claro que esse era o caso.

Entro no bar lotado já observando o máximo de espaço possível, vejo que os caras já estão no palco arrumando os instrumentos e espalhando fios de um lado para o outro. Tem gente para todo lado. Desde que começaram a postar vídeos de covers na internet, os três vinham chamando mais e mais atenção.

Vejo o cabelo loiro de Ana a distância e perto dela Nina e Daniel estão sentados em uma mesa.

- Finalmente, porra. – Daniel diz.

- Sim, estou muito atrasado. – reviro meus olhos, porque o show está longe de começar.

- Oi, bebês – digo estalando um beijo na cabeça de Ana e outro na cabeça de Nina.

- Cadê Cadu? – Nina pergunta, olhando para Ana.

- Está chegando com a Mari e a Maria. – Ana responde, afastando o cabelo loiro bonito de seu rosto. Sento ao seu lado e puxo a garrafa de água de Daniel de sua mão. Eu estava dirigindo então nada de álcool.

O universo parece ouvir Ana porque os três amigos surgem na porta do bar e caminham em nossa direção. Cadu está vestido com suas roupas chiques de sempre e quase se joga em cima do palco, feito um fã alucinado.

- Quero um autógrafo no meu tanquinho por favor. – Ele grita, recebendo uma gargalhada de Alex e Danilo e um riso de Gabriel.

Mariana está linda, como sempre. Os cabelos ruivos estão presos no alto da sua cabeça e ela veste jeans e camiseta de uma banda que eu nunca ouvi falar. Ela vem espalhando beijos e cumprimentos pela mesa, se sentando ao lado de Daniel, que estala um beijo em sua bochecha. Eu sou o único a perceber o olhar longo que Gabriel lança para ela. Que ótimo.

Volto meu rosto para cumprimentar Maria, e percebo que ela ainda está caminhando e tem uma expressão exausta em seu rosto. Eu a havia dado folga do trabalho hoje, então não fazia ideia do que poderia ter acontecido. Apesar de estar pálida, ela está linda como sempre. Usando calça e blusa pretas, combinando comigo.

REDENÇÃO - Irmãos Fiori: Livro III - COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora