CAPÍTULO 18

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MARIA CLARA


"Em reunião. Me espera no meu apartamento. Porteiro vai te entregar a chave."

Foi essa a única mensagem que Salvatore me enviou, junto com a localização que eu imaginava ser seu endereço. Nós deveríamos trabalhar no fechamento da matriz da Black Dragon, mas com as infinitas reuniões de Salvatore, ele mal estava parando por mais de uma hora no complexo. O único momento que eu teria para obriga-lo a lidar com a pilha de papéis e PDFs que precisavam de sua atenção, seria agora, na parte da manhã, entre sua reunião das nove e a das uma da tarde.

Por isso, eu estava em pé em seu prédio de classe alta, encarando a porta de sua cobertura. A chave eletrônica em minha mão e a longa porta de madeira negra com aço inoxidável deixa claro o que eu já imaginava: Salvatore tinha dinheiro.

Eu sabia que os Fiori tinham boas condições. Casas confortáveis, carros do ano, boa educação. Mas assim que entro na cobertura espaçosa e completamente elegante de Salvatore, tenho que segurar meu queixo para que ele não caia, porque isso é um novo nível de riqueza. E eu conhecia riqueza de perto.

O apartamento é masculino, com mobília moderna e aconchegante e uma televisão gigantesca ocupa uma das paredes da sala. Há vidro, preto e mármore para todo o lado. Caminho pela sala, tentando absorver todos os detalhes e mal me surpreendo quando vejo a cozinha espaçosa, cheia de aço inox e eletrodomésticos de ponta. No primeiro andar, o escritório, quarto de hóspedes e banheiro social ocupam o corredor, e subindo os longos degraus para o segundo andar, acho três suítes e uma mini-academia com aparelhos de musculação e saco de pancada.

Uma das suítes pertence, obviamente, às suas sobrinhas, é azul claro, com duas pequenas camas e arco-íris espalhados para todos os lados. A cama de Melissa tem tantos bichinhos rosas e frufrus que mal sobra espaço no colchão. Na de Violeta, apenas um travesseiro com estampa de unicórnio e uma grande almofada em forma de vidro de ketchup.

Entro na suíte principal e fico de queixo caído com a linda vista que Salvatore tem, a cama gigantesca ocupa o centro do quarto e está coberta com roupa de cama preta, é claro. E já que estava xeretando, entro em seu banheiro e nem fico surpresa ao perceber que ele não tem banheira. Salvatore não parecia ser o tipo de cara que ficava horas cozinhando no banho.

Seu chuveiro, no entanto, é digno de comercial, cheio de jatos saindo das paredes do box espaçoso. Sobre a pia não há muito, apenas escova e pasta de dentes, fio dental, desodorante, perfume e uma loção pós-barba. Na primeira gaveta a direita, um pente, um cortador de unhas, lâmina e espuma de barbear. Na gaveta à esquerda, um enorme vidro de lubrificante e camisinhas. Muitas camisinhas. Extragrandes.

O maldito.

Maldito, maldito, maldito.

É claro que tinham que ser extragrandes.

Bato a gaveta com força e saio correndo do banheiro, sentindo minhas bochechas queimarem pela vergonha – e pelo ciúme. A ideia de Salvatore com uma mulher enchendo cada pensamento e revirando meu estômago.

Não. Não. Não.

Isso era péssimo. Não podia acontecer.

Não quando tudo entre nós estava indo tão bem, com tanta harmonia.

O pânico por talvez ter sentimentos por Salvatore se instala em cada músculo do meu corpo. E faço então a única coisa que me acalma quando entro em parafusos: arrumo alguma coisa para organizar. Corro até a sala, tiro minha sandália e caminho até o hack sob a televisão, abrindo a longa gaveta e achando exatamente o que eu esperava: uma completa bagunça de jogos de videogames, controles, CDs e fios.

REDENÇÃO - Irmãos Fiori: Livro III - COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora