Jesus me curou, querida. Pode te curar também.

Capítulo 8: A mulher - Quem sou eu?

Acabei de voltar de uma festa com o meu namorado Paco, estamos bêbados, nos jogamos na cama de casal do nosso quarto. Moramos no mesmo apartamento.
Estou sem emprego, pois fui demitida por nem sempre estar bem e muitas vezes chegar atrasada. Não passei nas provas para ir a uma faculdade. Odeio estudar, mas eu só quis fazer essa faculdade para conseguir ter uma vida boa, mas eu odeio estudar, por isso não devo ter conseguido passar nas provas.
Pensei em fazer curso para melhorar minha arte, mas acabei desistindo também. Não sinto vontade de fazer essas coisas, prefiro ficar sempre indo a festas com meu namorado. Já temos um apartamento, que é meu apartamento alugado antigo, que as pessoas da igreja tinham pagado pra mim e eu também pagava com o dinheiro do meu emprego. Prefiro que meus ex-sogros não pagassem, pois já fizeram muito por mim e meu ex namorado não tinha emprego, não tinha como pagar e ajudar.

E agora que estou sem emprego, meu namorado paga o apartamento pra mim. Ele dá o jeito de roubar para conseguir comida para nós e pagar o apartamento. Então está tudo ótimo.

Eu não tenho família nessa cidade. Meus pais morreram em um acidente na cidade que eu nasci, eu tinha três anos. Fiquei morando com minha única família, era minha tia, mas ela acabou tendo câncer de mama e morreu quando eu tinha nove anos. Então eu me mudei pra essa cidade pequena e vivia roubando pra me sustentar. Roubei celular, dinheiro, roupas em lojas e etc...

Mas uma vez que fui roubar o celular de um jovem, o carro da polícia estava passando bem na maldita hora. Aí tive que fugir e invadir um quarto de um jovem. Depois disso acabei me apaixonado por esse idiota e me tornei cristã. Frequentei a igreja do pastor que era pai do meu ex. E eu estava feliz. Eu gostava. Tive um ótimo relacionamento com Deus. Mas agora estou em outro momento. Meu novo namorado não é cristão, então fica difícil dividir Deus com ele.
E sei lá, acabei me envolvendo com as drogas e bebidas, não acho que agrado mais a Deus. Ele não vai me querer por perto.

Ainda não voltei a roubar, não sei porque, mas não sinto essa vontade novamente. Só que o meu namorado rouba. Ultimamente estamos sem nada pra comer direito, porque agora ele rouba para achar drogas, invez de nos sustentar. Ficamos discutindo porque ele quer que eu arranje um emprego. Eu achei que não precisasse.

Eu tinha uma casa sendo construída, tinha emprego e comprei algumas coisas para construir a casa e as pessoas da igreja do meu ex também me ajudaram, junto com meus ex-sogros.
E então virou uma casa de um andar, com sala, cozinha essas coisas eram espaços pequenos. Mas era uma casa boa para se viver. Em uma Rua tranquila.
Mas como eu quis me afastar de tudo que lembrava meu ex. Pois a família dele e ele me ajudaram a construir a casa. Tinha gastado dinheiro do empregos que tinha antes. E eles me ajudaram com o dinheiro deles.
Mas precisava esquecer o passado, então coloquei a casa para vender. E vim para uma Rua bem distante.

Eu acordo com dor de cabeça. Não tem nem remédio, depois deve passar.
Meu namorado não está na cama. Eu tomo banho bem rápido, pois meu corpo está bem devagar, bem desanimado e só quero voltar pra cama.
Então vou para cozinha e preparo café preto e pego um pedaço de pão. Ainda tem três. Comendo em pedaços acho que dá pra sobreviver.

Tento abrir a janela de vidro da minha sala, mas não consigo. Eu vejo minha vizinha que mora no apartamento de frente pra mim. Ela está arrumando a sala.
Eu volto para o quarto e deito na cama.

Acordo com meu celular fazendo barulho de despertador. Eu poderia vender, mas amo ficar vendo páginas que falam frases bem depressivas. Não posso perder meu celular.
Eu não sou uma pessoa depressiva. Mas gosto de ver frases que falam sobre isso.
Já é meio dia.

Eu vou para meu quarto escuro onde pinto. E fico mexendo a cabeça lentamente de um lado para o outro. Eu sento no banco e fico de frente para o quadro. Mordo os lábios. Levanto da cadeira, mudei de ideia não quero mais pintar. Também estou sem criatividade.

Saio do quarto e fico apertando as mãos andando para um lado e para o outro na sala. Paro de andar e cruzo os braços. O que farei nessa tarde? Essa maldita dor de cabeça não passa.
Acho que vou caminhar, olhar a natureza. Deus fez algo incrível tenho que admitir.

Então me aproximo da porta da sala e está trancada. O que está havendo? Paco trancou?
Eu tento abrir, quase quebrando a fechadura. Que merda!
Eu dou um chute na porta e quase caio por causa da fraqueza.

Vou até nosso quarto e pego meu celular em cima da cama. Eu ligo para ele e chama, chama e ninguém atende. Mando uma mensagem:

Cadê a chave, amor?

Sento na cama com as pernas tremendo. Não gosto de ficar fora do controle. Quero sair quando eu quero.

Ele me liga e eu atendo. Ele diz:

- Sempre que eu chego em casa você não está. Então resolvi te deixar um pouco aí.

- O quê? Você me trancou?

- Sim, gata. Logo eu chego.

- Isso é um absurdo! Eu quero sair. Está um tédio aqui.

- Como eu disse. Logo eu chego.

Ele desliga. O que ele pensa que está fazendo?
Eu ligo novamente e cai na caixa postal. Irritada eu jogo o celular na cama.

Eu saio do quarto e faço o almoço. Então depois de almoçar, fico assistindo televisão. Só porcaria de jornal, falando de coisas horríveis. Minha vida já é uma droga e ainda tenho que ver isso?
Cadê o Paco! Que saco!

Eu tento desenhar, mas não consigo me concentrar.
Ele me trancou aqui, como uma prisioneira. Ele nunca fez isso. Qual o problema dele?

Fico mexendo no cabelo agitada e minhas pernas tremem. Mordo os lábios, estalo os dedos. Levanto do banco e saio do quarto escuro.

Fico na sala e vejo minha vizinha dançando ouvindo louvor.

Começo a sentir dor no peito e falta de ar. Não consigo respirar. Ai, meu, Deus.
Eu já tive isso antes. A primeira vez que usei drogas. E também quando meu namorado me bateu pela primeira vez por está bêbado e com ciúmes.

Eu coloco a mão no peito e tento respirar.

Escolha o próximo capítulo:

Capítulo 9 - C consegue dar um jeito de se acalmar e sair do quarto.

Capítulo 10 - C continua tendo crise.

Obs: Música acima: All I Want de Kodaline