Capítulo 34: O garoto - Não.

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Eu levanto a cabeça e olho para a pessoa que falou comigo. Realmente conheço a voz, mas não consigo me lembrar quem é a pessoa. Só que essa voz é tão conhecida. Alguém que falou comigo recentemente. Mas quem seria esse homem?
Ele tinha dito pra eu passar tudo, pelo visto está me roubando. Ele diz:

- Você é surdo?

Novamente uma voz conhecida. Mas talvez eu esteja confuso, pois o homem não me reconheceu e se eu também não o reconheci, talvez a voz só seja parecida com a de alguma que eu conheci.

Enxugo as lágrimas do meu rosto e levanto do chão. Eu paro de enxugar as lágrimas, pois não tem mais nenhuma e digo:

- Eu só tenho grana para o uber. O celular uma pessoa me roubou.

Minha nossa, uma pessoa roubou meu celular. E agora outro assalto.

- Como é que é? Há rapaz... Caramba é você.

Eu? Ele me conhece? Antigamente só fui assaltado uma vez e nunca mais. Agora estou sendo assaltado algumas vezes. Será que vai ser assim em diante? Sem minha namorada, sem celular, dinheiro... E de onde esse cara me conhece?

- Eu?

- Sim. Eu me lembrei do seu rostinho. Você tentou me ajudar falando de Jesus. Péssima ideia.

- O quê?

- E eu te roubei. Peguei seu celular. E eu quase te bati. Mas deixei pra lá, porque achei que sua vida com Jesus era pior do que eu te bater. Você usava um suspensório. Eu disse algo sobre sua religião ser uma prisão. Lembrou?

Minha nossa. Sabia que essa voz é conhecida. É ele mesmo. Ele estava bêbado.
Ele pegou o celular que eu tinha por tantos anos. O homem que eu tentei ajudar. E mesmo ele sendo ruim comigo eu aprendi com meu Senhor Jesus que devo orar por essa pessoa.
Ele tinha dito pra eu passar tudo. Então ele continua roubando e acaba me roubando novamente. Eu não acredito em coincidências, como minha ex acreditava. Eu preciso ajudar esse homem.
Eu digo:

- Minha nossa.

- Você realmente não tem sorte, sempre cruzando no meu caminho.

- Talvez você tenha sorte por cruzar no meu caminho.

- Piadista ele. Só passa logo a droga do dinheiro.

- Tem certeza? Podemos conversar um pouco. Depois você leva minha grana.

- Quem disse que quero conversar com você? Passa logo o dinheiro, moleque!

- Está roubando pra comprar comida? Posso comprar pra você.

- É muito corajoso mesmo. Sua sorte que não tenho arma, se não acabaria com sua vida agora mesmo.

- Ficaria feliz, iria para os braços de Deus.

O homem rir, e então me olha parando de rir e com as mãos segura em minha camiseta e me joga na parede. Então ele se aproxima de mim e me dá um murro no rosto. Ele pega minha camiseta de novo e me joga no chão. Estou sentindo dor, mas não adiantaria reagir.
Ele se abaixa e me dá mais um murro no rosto e mais outro e mais outro. Sinto sangue saindo pela minha boca. Então ele se afasta me deixando deitado no chão.
Perdoa Pai, ele não sabe o que faz.
Choro com muita dor, principalmente dor no coração por esse homem ser assim.

Então uma mulher me ajuda a levantar do chão e chama um uber pra mim. Eu digo:

- Não sei nem o que dizer, moça.

- Não precisa dizer nada. - A mulher diz. - Ele vai te levar ao hospital.

- Obrigado. Deus te abençoe.

Jesus me curou, querida. Pode te curar também. Where stories live. Discover now