Artificial

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Artificial

Flutuando num oceano claro
O sol está brilhando
Mas não chega até nós
Peitos inundados
Vazamos demônios
Preocupados com amanhã
Esqucemos do hoje
Sempre esquecemos de nós

Canção de sereia
Com medo da queda
Decemos com calma
Assim não iremos rolar até o fundo

Contando os amigos nos dedos
Nenhum deles pode te abraçar
Estamos presos a tela
Brilho artificial
Então esquecemos como brilhar de verdade

Ampulheta de vidro
Poeira de cocaína
Estamos indo rápido demais
Acelerando nossos carros
Batemos
Morremos
E então vivemos

Cansados de estarmos cansados
Adolencia é uma doença
Corte profundo
Perdemos nossas almas
Elas estão confusas
Correndo em círculos finitos
Nos movemos
Mas não chegamos a lugar algum

Dinheiro e drogas
Esquecemos como amar
Por medo de sermos feridos novamente
Vivemos com este fantasma no peito
Foque em genitais
Não em olhares

Presos a cibernética
Não sabemos qual mundo é real
Consumimos e dormimos
Buscamos e perdemos
Corremos quilômetros atrás da felicidade
Então na linha de chegada nos decepcionamos

Carreira de drogas
O futuro evapora
Buscamos por cordas
Não se engane, não é para subir
Vamos a usar como cachecóis elegantes

Presos e livres
Temos tanto que acabamos nos perdendo

Criando nossas identidades
Mas quem de verdade está fazendo isso
São pessoas que julgam

Com medo e dor
Encolhemos
Somos brilhos artificiais
Sorrindo como heróis
Foi tudo mentira
Estamos quebrando como todos os outros
Fingindo estarmos inteiros

Poste suas lágrimas
Escreva como os outra devem levar suas vidas
De conselhos de merda
Distorça a visão da vida
Diga que morrer é melhor

Suicídio em massa
Estamos todos andando até o fim
Correndo até ele desesperados
Não estamos curtindo caminho
Almejamos aquela ponte alta e nosso último suspiro
Esquecemos que perder o fôlego e adrenalina saudáveis movem nossos corpos

Fumaça e álcool
Derretemos sobre estes papéis
Caímos, levantamos
Estamos sempre brigando

Hierarquia invertida
Sempre competindo para ver quem está pior
Felicidade virou metáfora
Que já nem usamos mais
Estamos burros e cegos
Confiantes e inseguros
Sempre tudo e nada
Nem sabemos como sentir

Choramos e rimos
Queremos morrer
Queremos viver
Estamos sempre sofrendo por aquilo que não temos
Odiando tudo aquilo que conquistarmos

Perca-se
Está é nossa doença
a Adolencia.

Angústia & PoesiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora