Arte

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Este quadro em branco
Funde sangue e sombras num mesmo tom que resultam na arte de meu ser

Convergem em cinza e azul
Numa encruzilhada sem fim
É uma esperança vazia
Um desespero marcado
Por olhos aflitos
E corações feridos

Ergue-se diante a montanha um por do sol
Que derrete sobre as águas mansas
Sinto cheiro de carniça
Penetra amargas canções sobre meu corpo
É difícil decifrar

No horizonte se partem assas e sonhos
Um limite que não posso tocar
Uma fuga que não posso alcançar

É desgastante e complexo
Sintoniza num quarto rosado
Paredes grossas e pouco ar

Gira gira
Uma saia voou e algo me diz que não é pelo bem

Ferve no Caldeirão
Mentes perturbadas que arranham meus ouvidos em mais uma noite fria

Meus ossos estão descansando
Longe da alma, carne e espírito
Estão corroendo
Morrendo pelos cantos e ninguém vê

Soa silêncio de todas as direções
E me jogam sobre este quadro em tinto profundo
Estou na taça em suas mãos
Que descarta com desgosto

Sangro até secar
Sou um galho irrigado
Entortado pelo tempo
Falho com o ciclo da vida

Estou desistindo

Milena.

Angústia & PoesiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora