Não, eu apenas não quero
sentir a solidão pesar
Cativando meus lábios em sangue
Com amargo cru de minha pele podreNão, eu apenas não quero
Sussuros sem graça, oferendas vazias
Um dia monótono tão triste quanto euNão, apenas não quero
O choro corrosivo
A certeza da solidão
A devastação de meu chãoNa mesa sentará apenas eu
Eu e minhas sombras
Minha alma desfalecera no chão
E meu espírito irá se abulir
Apenas minha pele erguida por ossos se manterá em pé, firme
Com sorriso fotográficoA sinfonia nos consumirá
Tremerei a cada timbre cansado
Tão ansioso pelo que não é meu
A espera do dia, o grande dia
Este não é meu dia
É delesE como corvos rasgaram minha carne
Deixarão abutres degustarem
Terei apenas a confirmação de que acabou
Carimbada e cravada ao fim do dia
Quando não cruzarem olharQuando solidão me abraçar
E malditamente dizer que está ali, comigo
Esfarelando meu núcleoA cada mais um ano
Mais perto minha cova se aproxima
A cada dia, tento ver seu fundoA cada dia morre gente que nem viveu
Maldita seja minha vida Severina
De morte tão sofrida
Tão viva na vela que me encandeia.— Saturna
M.B
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Angústia & Poesia
PoetryO poeta sempre será produto da angústia ____ • Plágio é crime! ___ ☆ #1 Indagações (18/10)