apenas não quero

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Não, eu apenas não quero
sentir a solidão pesar
Cativando meus lábios em sangue
Com amargo cru de minha pele podre

Não, eu apenas não quero
Sussuros sem graça, oferendas vazias
Um dia monótono tão triste quanto eu

Não, apenas não quero
O choro corrosivo
A certeza da solidão
A devastação de meu chão

Na mesa sentará apenas eu
Eu e minhas sombras
Minha alma desfalecera no chão
E meu espírito irá se abulir
Apenas minha pele erguida por ossos se manterá em pé, firme
Com sorriso fotográfico

A sinfonia nos consumirá
Tremerei a cada timbre cansado
Tão ansioso pelo que não é meu
A espera do dia, o grande dia
Este não é meu dia
É deles

E como corvos rasgaram minha carne
Deixarão abutres degustarem
Terei apenas a confirmação de que acabou
Carimbada e cravada ao fim do dia
Quando não cruzarem olhar

Quando solidão me abraçar
E malditamente dizer que está ali, comigo
Esfarelando meu núcleo

A cada mais um ano
Mais perto minha cova se aproxima
A cada dia, tento ver seu fundo

A cada dia morre gente que nem viveu
Maldita seja minha vida Severina
De morte tão sofrida
Tão viva na vela que me encandeia.

— Saturna
M.B

Angústia & PoesiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora