Ausência de vida

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Por que tudo perde seu sentido

Ela escora na sacada
Observando a queda das estrelas
E seus cabelos permanecem quietos
Por mais que o vento esteja arrastando ondas enormes ao seu alcance

Seus lábios contraem
E ela observa paisagem sem interesse

O caos está vindo
E não é uma novidade

Sua pele gelada e magra
Perdeu a vontade de comer a meses
Esperando a morte vir lhe buscar de alguma maneira

Mas apenas a dor vem
O cansaço
E exaustão por estar viva

As cores perdem sua mágica
E nada parece realmente interessante

Está com ausência da vida

É seu diagnóstico comum

Observa as flores desabrocharem
Se lembrando quanta poesia
Sentia naquele simples gesto

E hoje apenas
Nada

Nada contra correnteza que a leva a teu fim
Agarrada ao pedregulho na cachoeira
Que se racha lentamente

Ela não se importa
Esta se segurando aos amigos
Buscando algum significado no céu azul

Mas tudo continua cinza
E ela já acha cruel ter de viver
Apenas para não aborrecer
Os poucos que lhe amam

É algo egoísta
Como humana ela entende
Já se cansou do próprio ego

Perseguindo meras ilusões entre espelhos esfumaçados
Mas não encontrou nenhuma razão

Se viu novamente em meio a roda
As almas repassavam o único nepente de efeito temporário que possuíam

As risadas subiam
E suas dores sumiram
Sua mente se esquecia
A deixava a deriva

Teu pés descalços
No fogo ardente
Viajando por entre as rachaduras

Seus cabelos voaram
Ricochitearam em seu rosto
Mas era apenas uma ilusão

Ainda estava estática na mesma sacada
Pressentindo caos lhe atingir

Já não se importava
Toda graça da vida
Se esvaiu

Ela estava com ausência de vida.

Milena

Angústia & PoesiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora