No vazio da casa
Teus passos ecoam
Vibrante sensação
Tuas sombras ressoamPelos comodos velhos e teias de aranha
Tu observas a nuance no ar
Um mero fio prestes a estourarNas paredes pesam quadros
Vermelhos e azuis, demarcados em seus girassóis
Com teu perfume agora podreNo vazio da casa
Teu fantasma assombra
Cada partícula minha abluida no escuro
Vigilante de seus resquíciosSua alma me achou como casa
Fez morada e não partiu
Limpando os móveis estilhaçados ao chão
Da tormenta que nos levou ao fimE no ponteiro do relógio
Enforca-se minutos e horas
Em decomposição a meu espíritoQuando poeira levanta na alvorada
Vejo sua silhueta andar pela cidade
A minha cidade tão vasta, tão vaziaNo silêncio espia as janelas
E durante eclipses limpa calçada
No vazio da casa
No vazio de sua casa
No vazio de sua casa em minha tão vasta cidadeE se trovejo sob teu telhado
Teu chão sequer treme na ira de meus demônios
Pois vazia é sua casaE este lugar que ocupa
Em minha tão vasta cidade
Se arraigou na terra firme, prendeu meu coração frágilHoje sangue em minhas veias
São os rios de sua casa vazia
Sua casa que abriga o breu, o véu, meu euE nos tambores que toca
Estremece toda minha tão pouca cidade
Quando as trombetas anunciam a nova chegada
Pois tua casa vazia apertaTão firme contra tormenta
Está casa vazia se acalenta
Sozinha na manhã que ostentaPois tua tão vazia casa
Abrigando teu tão pouco espírito
Atrocida minha tão frágil cidade
No alvorecer desta maldição.— Saturna
M.B
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Angústia & Poesia
PoetryO poeta sempre será produto da angústia ____ • Plágio é crime! ___ ☆ #1 Indagações (18/10)