Alma

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Alma

Desmancha sobre uma camada de espinhos
Visão embaçada
As sensações estão sumindo
Pontas dos dedos congeladas
E eu não sei

Controlando a maré
Perdida em escombros
Tão cansada

Se eu apenas beber do sangue que derramei
Talvez eu não precise voltar a isso

Clamei por ajuda
Eu quis o silêncio
Tudo esteve tão barulhento que não pude me concentrar

Escoramos sobre o gelo
Derretendo no por do sol
Andei por milhas
Por milhares de anos
Na angústia eterna

Fraca sobre os lençóis
Apenas preciso de um abraço
Será que existe alguém por aí
Com qual posso cantar por horas em silêncio

Cômodos vazios
Acho que erramos o tempo
Perdendo tudo que tivemos

Me desmanche sobre a camada de sua pele
Estou cansada
Estou lutando e perdendo
Miragens perigosas
Não posso ver muito além
Rompendo linhas
Irei me enroscar

Poesia conversa comigo
Faça meu coração bater novamente
Sinto que apodreci no ar
Um cadáver deprimente

Chore por mim
Existe alguém que possa sorrir por mim?

Quero meus dedos sobre as folhas
Os antigos pergaminhos
No topo de uma pirâmide
Correr até alguém
Sumir do universo inteiro

Se alguém puder me salvar eu imploro que faça
Me destingua da realidade
Sou fantasia e po
Desfaço por seus porus

Isso me mata todas as manhãs
Os dias são torturantes
Mal posso esperar para dormir novamente

Quero esquecer sobre tudo
Começar do zero na companhia de um anjo
Doar meu coração à alguém que saiba usá-lo

Pensei que estava voando
Por isso quando caí
Não estive preparada

Cobrindo cicatrizes amargas
Eu sempre gostei do doce
E você é tão fria

Me dê um pouco de vida
Desbando sobre todas essas mentiras

Não quero falar
Quero apenas chorar abraçada a alguém
Sem perguntas
Sem dor

Um minuto para me organizar
Não me solte
Me prenda em seus cardaços
E repita que tudo está bem
Até que possa voltar a respirar

Suja e inerte
Voando contra estrelas sendo queimada
Atirada de mundo a mundo
Perdi o meu

Tudo está fora de lugar
Não sei como consertar
Jogada ao chão sem resistência
Exausta demais
Estou desistindo
Posso sentir isso

Não há lugares para escapar
Então me encolho sobre a pia como um aborto ainda vivo
Não posso enxergar
É aterrorizante

Antes que vá
Me diga algo que mude tudo
Preciso daqueles sorrisos
Me sinto abaixo da terra
Se eu não fui sincera me desculpe
Estou aprendendo
Confiando
Ainda não sei como fazer isto

Me segure no precipício
E não me deixe cair
Meu corpo tremeu só de imaginar estar lá novamente

Alguém salve a alma perdida
Está vagando sozinha
Quero a de volta

Dinastias e presídios
Canto solene de passaros emoldurados
Repita que estamos bem e não me deixe fugir
Me faça ficar
Me faça ficar até que seja real

Quebrando em espelhos
Ainda não posso ver
Tremendo com frio
Não há nenhum vento aqui
Console me, cuide de mim
Não posso fazer isso sozinha mais
Eu preciso de ajuda

Estou com medo destas ideias
Esses sussurros amaldiçoados
Medo de ficar sozinha e não querer voltar
De fazer aquilo que me pedem

Porcelana frágil
Revestida em camadas grossa
Já não sei diferenciar
Estive tão quebradiça
Que talvez agora eu seja apenas cola
Uma tentativa fútil de tentar me manter

Grite com tudo que tem
Mesmo assim sera apenas silêncio
Essas amarras em mim não me deixam falar
Me fazem refém

Fatídico dia
Ainda me lembro da dor
Eu quero que fique
Quero que volte
Mas se fizer estarei perdida

Honre suas palavras
Tudo de mim foi tirado por minhas próprias mãos
Isso me aterroriza

Lágrimas sufocantes
As coisas já não são as mesmas
Estão piorando
Não sei o que fazer

Não posso falar a ninguém
Problemas não se resolvem
Apenas aumentam
Esta pesado
Não estou mais aguentando
Talvez eu exploda

Talvez eu desista para sempre.

Milena

Angústia & PoesiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora