Nilismo

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Aos poucos cores foram consumidas
Cuspidas por secremento atônitos

Assiti a queda de estrelas
E me manti observadora
De todo caos a minha volta

O no em minha garganta
Rasgava e crescia
Mas não saía nem engolia

Houveram gritos ruidosos
Partindo meus ossos com tanto vigor
Que me fizeram uma refém
Então silenciaram
Agudo e pinicante silêncio
Que me compunha raciocínios

Me senti levar e meu corpo pesar
Um equilíbrio perigoso
Que me sufocou na ampulheta

Eu quis gritar e sair
Mas permaneci
Eu não consegui me libertar

Estive procurando e questionando
E então cansei

Um misto exaustivo de vazio e antipatia
Cortei como navalha
Sangrei como um anjo
E pequei como um Deus
Precisei, busquei
E não achei

Minha existência foi entupida com razões ínfimas
Tão efêmeras quanto meu tempo de vida
Tão frágeis quanto os ideias que carrego
E me craquelou em circunferências
Para caber na medida
Mas não encaixei
Não me basto
Simplesmente não sou suficiente.

— Saturna
M.B

Angústia & PoesiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora