Exaustão

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Exaustão
Se parte além do horizonte e eu encolho
Busco por quartos, buracos de rato
Uma saída conveniente

Tudo desmancha sobre uma camada de dor aterradora
Eu sou a mera vítima
A bala de meu próprio revolver
Destruindo meu corpo frágil

Cigarro apoiado em minha mão
Uma fumaça que me cega
Limita minha visão e então posso brincar com a névoa
Então vento leva

Rodopiando
Abismo bem na ponta de meus pés

Voe pequena garota
Seus sonhos merecem ser vividos
Esqueça seus demônios

Alguém a liberte desta amarga infeção
Ela merece ser livre também

Suando no escuro
Houve gritos e sussurros se arrastando sobre sua pele frágil
Ela irá quebrar
E este processo a apavora

Correndo por milhas
Sem nenhuma luz
Ela caiu em nuvens tóxicas e então flutua até os espinhos

Está implorando por salvação

Incontrolável
A maré nos derrubou
Como garrafas vazias boiamos sem destino
Com único propósito de aguentar
Mas não resistimos.

Um doce asteróide
Que dança sobre nossas íris
Uma ilusão falha
Lágrimas de um céu azul
Definhamos sobre a terra podre

Nossas almas dançaram
Tropeçaram e então quase caímos naquele abismo

Um medo surreal
Paralisamos

Senti a lâmina me arrancar sangue e vida
Implorei por perdão e salvação
Mergulhei em barro a procura de algo
Então afoguei no vazio

Mãos ásperas
Rasparam em nossos pescoços
Enforcando sonhos e prazeres
Afundamos em dor

Tudo é tão torturante e raso

Seguiu seus conselhos
Buscou pelo bem ainda que agarrada a todos seus pecados imundos
Não demorou
Aquele relógio não cedeu um segundo
Então ela não pode fugir

Descasque
Como uma cebola
Cada vez mais exposta
Cada vez mais sensível

Debruçada em escombros
Ferida e cansada
Ela já não tem lar

Suba está montanha
Cresça neste solo infértil
Vá além de suas capacidades
Além de seus limites
Seu corpo é uma obra de abusos e traumas

Uma obra prima inacabada
Marcada por toques frios
Rachada e seca
Um sopro de morte
Um sussuro envenenado

A vida se torna um desastre
Me diga para onde iremos
Não há fugas
Tornamos a afundar.

— Saturna
M.B

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