Sopro

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Cobre nossa visão
Um céu nublado com nicotina
Trovões que cortam o solo frágil entre nossas peles tão sensíveis

Somos porcelanas e cerâmicas
Craquelando sobre o toque sem cuidado
Moldadas com cuidado extremo
Dignas de uma beleza tão fraca quanto nossas almas

Aceleramos o passo
Em um labirinto de pessoas nos perdemos na existência
Viajando por neurônios e drogas
Viciados em qualquer coisa que não seja o agora

Preenchendo vazio com futilidades
Não temos a mínima ideia de como resolver tudo isso

Presos em nossos ossos
Uma cela firme e ruidosa
Que parte estrelas em sangue

Somos cadentes cortando céu
Ínfimas e temporárias
Brilhamos radiante
E então apagamos em instantes

Cansados da sobrecarga
Uma bateria conectada a tomada 24h

Cortamos a carne
Inserimos mentiras e vazamos dor
Sempre voltamos ao início
Vazia e entorpecida

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Perfuram nossas corpos com garras cruéis
Nos pegam como lanche
Consomem e descartam
Num ciclo hediondo

E com isso sumimos
Como areia no deserto
Porque é disso que somos feitos.
Momentos fúteis.

— Saturna
M.B

Angústia & PoesiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora