Capítulo XVIII

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Brilho Em Seus Olhos
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     Não demorou para o sorrisão de Erina se desmanchar; a aparência precária de Dio ficou mais evidente a cada passo mais próximo, que sequer se esforçou para esconder a sua aparente impaciência com o prévio julgamento alheio.

Suspirou pesadamente.

— Já sei o que vai dizer – disse ele. — Nem comece.

— Mas... – Preocupada, Erina franziu a testa de braços abertos e segurando sacolas de compras, como quem tenta amparar alguém que está prestes a cair. — Speedy não me disse nada! Seu estado está muito pior do que pensei! Céus, o que diabos aconteceu?

— Dormi com um alfa – respondeu sem rodeios.

Sabia que não adiantaria mentir para ela. Assistiu aos olhos de Erina se arregalarem.

— Com quem? Kars? – Com a pergunta sussurrada dela, cheia de temor, Dio economizou saliva e assentiu com a cabeça. — Céus...

Apesar de esperar um sermão costumeiro da baixista sobre como foi irresponsável de sua parte dormir com um alfa extremamente egoísta, correndo o risco de perder a liberdade que tanto prezava, Dio se deu conta que Erina o abraçava bem apertado, tardiamente.

Não queria saber o quão deprimente se parecia a ponto de receber aquele abraço, que poderia muito bem ser a única forma que Erina encontrou de não deixá-lo desmoronar, embora ele mesmo nem soubesse que estivesse se sentindo aos pedaços.

Ficaram parados ali tempo suficiente para que Dio se questionasse sobre o rumo da própria vida, sentindo um entorpecimento tão intenso que o deixou paralisado, sem retribuir o abraço.

Deixara-se levar pela raiva; por ter sido desperto por alguém que sequer conhecia e que desejava ter ao seu lado, e por não ter tido a ajuda que precisava quando a barra pesou, e também pelo cio; que deixava a racionalidade de lado, seguindo apenas o fluxo dos feromônios, levando-o ao pesadelo nebuloso com Kars.

O que diabos estava fazendo consigo mesmo era a pergunta de um milhão de libras.

O seu maior sonho foi completamente esquecido durante a semana. Sua vida virou de pernas para o ar após pisar naquele dormitório, e no fundo sabia que poderia contornar todos esses problemas com paciência e lógica.

Parecia bem fácil parar e apenas pensar no que fazer.

Mas como pensar quando os hormônios comem a sua mente sem descanso? Como pensar quando descobre que o seu cio, engatilhado contra a sua vontade, está durando mais dias do que normalmente duraria? Como pensar se, não fosse a porta entreaberta, ainda estaria na cama de Kars sendo obrigado a possivelmente gerar um filho?

Dio se descobriu chorando quando Erina, desfazendo o abraço unilateral, deixou as sacolas no chão para repousar as mãos pequenas em suas bochechas e secar as lágrimas, que despencaram de seus olhos vermelhos sem qualquer pudor e permissão, com os dedos polegares.

— E-Eu perdi o controle – disse, revelando uma voz carregada de sofrimento que, até então, não havia dado as caras, porque Dio sempre escondeu esses sentimentos pesados, considerando-os um sinal de fraqueza típica dos omegas submissos e fracos, não querendo esse estereótipo para si.

Sempre acreditou que precisava ser forte, independente da situação, porque o maldito progenitor exigia-lhe isso por ter nascido ômega.

Se não aguenta, desiste logo de uma vez, seu merdinha. Do contrário, tome dos outros o que te falta, seja orgulhoso e forte, aja como um alfa que eu queria que fosse e se sobreviver na minha mão, sobreviverá a qualquer coisa no mundo.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Where stories live. Discover now