Capítulo XXIII - 1974

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Temos Muito Em Comum
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     A marca de mordida que Dio deixou em seu pescoço foi somente a prévia do quanto estava receptivo acerca da ideia de se tornarem um só, de compartilharem os sentimentos, as alegrias e desejos pela marca.

Jonathan, um pouco menos inebriado pelos feromônios – embora se deliciasse a cada minuto com Dio em seus braços –, sabia que tomar uma decisão como essa enquanto os hormônios devoravam a sua mente seria uma loucura irreversível; quando o casal marca um ao outro, sabe-se que este ato vale o mesmo que um casamento sem a opção de divórcio.

Contudo, não conseguia evitar, na verdade, não queria evitar que Dio o desejasse a este ponto, já que poderia tê-lo sem qualquer obstáculo. Era quase desesperador pensar que, se não marcasse aquele ômega para torná-lo seu, a felicidade que lhe era predestinada escaparia por entre os dedos como quem tenta apanhar um pouco de água com mãos trêmulas.

Não podia deixá-la escapar e o seu coração retumbou mais forte dentro do peito quando decidiu trilhar os beijos até o pescoço de Dio, ouvindo os seus gemidinhos manhosos ao pé do ouvido, para mordê-lo de verdade. A sua ereção dolorosamente contida dentro da calça jeans era o sinal de que deveria fazê-lo, pois era o certo a se fazer.

Ele é meu...

Sentiu, de repente, alguém cutucar em seu ombro, interrompendo aquele encontro de almas.

— Não posso permitir que façam isso aqui – dizia um senhor já de idade, usando uma camisa verde-escura que tinha a logo do estúdio bordada no bolso da frente. — Vocês precisam ir embora se não for pedir demais.

Jonathan sentiu o rosto todo esquentar pela falta de pudor enquanto ouvia Dio dar algumas risadinhas abafadas como quem é pego numa travessura.

— S-Sim, senhor. Peço d-desculpas pelo inco-onveniente – dizia ao se desvencilhar, não sem hesitação, do ômega. E foi só nesse momento que percebeu que Erina e Robert não estavam mais na sala.

— Vem comigo – disse Dio enquanto lhe puxava para fora da sala, seguindo o caminho que levava à saída do estúdio.

Lá fora, a lufada de ar que o recepcionou ao sair estava ainda mais gelada que antes, tudo parecia afetá-lo com mais intensidade quando não tinha Dio abraçado ao seu corpo.

Encontrou Erina e Robert ao lado da van, prontos para irem embora. Podia ser impressão, mas os dois não tinham expressões leves em seus rostos e Jonathan não entendia o porquê.

— Gente... me desculpa. – Não queria ter causado constrangimento aos novos amigos.

Dio grudou em seu peito sem intenção de sair dali, encostou o nariz em seu pescoço e eventualmente dava beijinhos que esquentavam ainda mais a sua pele. Para continuar as carícias, Jonathan passeava com suavidade pelas costas dele com uma mão.

Erina sorriu um tanto forçada, mas tratou de sustentar o seu olhar, sem dar atenção ao ômega carente que tentava desviar a atenção do alfa para si.

— Não esquenta com isso. Eu não tinha certeza se ele viria... enfim, podemos marcar outro dia pra tocarmos juntos, quando... – Ela apontou com o polegar para Dio. — Esse aí estiver consciente do mundo ao seu redor.

Jonathan sorriu e depositou um beijo na testa de Dio, que lhe sorriu de voltar ao erguer o olhar, fazendo-lhe se arrepiar com a sua beleza.

A essa altura, Robert se encontrava dentro da van, ocupando o banco do passageiro. Erina se despediu, claramente sem graça por alguma razão desconhecia por Jonathan e começou a contornar a van, mas Dio a impediu de ir.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Where stories live. Discover now