Capítulo L

49 4 46
                                    

━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━
Âmbar No Azul-Celeste
━━━━━━━━━━

Os dois passaram uns bons minutos tentando acreditar naquela coincidência até o taxista gritar para que fechassem a porta se fossem ficar parados na calçada. Dio obedeceu a sua própria intuição; fechou a porta e deixou o taxista ir embora sem tirar os olhos do alfa à frente.

Jonathan estava um caco; olhos inchados e vermelhos, típicos de quem andou chorando por muito tempo; cabelo e roupas molhados por conta da chuva, além de expressar o puro cansaço naquele rosto ingênuo, que Dio se viu com a mão repousada ali mesmo sem ter pensado em fazê-lo.

Esperou que Jonathan o afastasse por conta de tudo o que aconteceu, mas nem o alfa estava esperando por aquele gesto, por isso, demorou para a ficha cair.

Você me pegou de surpresa.
É esse sentimento de afundamento contra meu orgulho.
Eu vejo, sinto e ouço você.
Mas tudo está dando errado comigo,
Perco minha convicção, meus objetivos, mas...
Foi minha imaginação ou você me encontrou?

Dio fechou os olhos e apenas deixou a música dominar a sua mente, contaminando também a mente do alfa.

Está tudo bem eu ter dito aquilo?
É normal que você esteja na minha cabeça?
Estou derramando vinho na banheira,
Mas você me beija e tudo deixa de ser uma questão.

As memórias da fase antes do sucesso chegar eram sempre tão arrebatadoras, que os dois sentiram a dor da saudade daquele tempo crescer e dominar o âmago de cada um. Jonathan se perguntava o porquê de não voltar como era antes e Dio se perguntava se ainda haveria como fazer isso.

Bem, você disse que não posso ter o que quero,
Mas agora eu tenho você!
E você também pode ter a mim (se quiser)
Então, vamos ver o mar.

Pensar naquele amor ávido pela vida fez com que emoções fervessem dentro de Dio, que também chegou a sentir raiva de Jonathan e de si próprio; e ressentimento por tudo o que aconteceu, além do senso de perda e medo de causar ferimentos que não seriam curados da noite para o dia.

Para que um desastre aconteça e para as coisas mudarem,
Penso que não devia (e por que deveria?)
Mas abri mão da chama pra brilhar por mim mesmo.
Seria possível mergulhar fundo sem se afogar?

Deus, não me deixe perder a cabeça!

Contudo, pensar nos tempos que passaram juntos – o sorriso dele, a rica musicalidade da sua voz, seu toque – fez com que algo mais nascesse dentro de si. Algo que se sobrepôs ao fervor e o abrandou.

Engraçado como parece que foi ontem,
Quando você quase me deixou de joelhos.
Sem perder tempo, eu fugi do corredor,
E pelo que me lembro, tudo se tornou deslocado.
Estive enfrentando problemas durante minha vida toda,
E me perguntei o que fiz para merecer tal devoção,
Assim que meu Âmbar trouxe seu Azul-Celeste para o meu coração.

— Jonathan – dizer o nome dele em voz alta mexeu com os seus brios.

Jonathan suspirou ao remover a mão de Dio do próprio rosto, e parecia reunir coragem para simplesmente verbalizar qualquer coisa.

— O que está fazendo aqui? – A pergunta era pertinente, afinal, Dio não esteve presente na morte de seu pai, muito menos no funeral, para lhe dar apoio. O que o trazia ali era ainda uma incógnita para Jonathan.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Where stories live. Discover now