Capítulo LII - 1986

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Prazer E Perigo Dão No Mesmo Galho, Amor
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Um tempo passou, tornando-se dias... que passaram a ser semanas, que viraram meses.

E, na mansão em Munique, deitado na cama da suíte principal, Dio despertou naturalmente de um sono tranquilo que há tempos não usufruía.

Suspirou e logo bocejou, mantendo-se na posição que despertou para ver, pela janela, o belo dia que fazia lá fora com os seus olhos ainda sensíveis à luz.

O sol lançava o seu brilho branco intenso através das nuvens, e só então que o ômega concluiu que passara a manhã inteira dormindo.

Embora a brisa do lado de fora farfalhava com afinco as folhagens das árvores cultivadas no lindo jardim à frente, Dio pôde jurar que ela também trazia às suas narinas o aroma convidativo do desjejum que estava em plena fuga na cozinha.

Teve de lutar contra a preguiça e a vontade de se manter na cama quando a fome bateu, porém, ao se espreguiçar, sentiu dores pelo corpo que o fizeram questionar por um segundo a razão delas existirem, além de estar dormindo completamente nu – ainda que este último fosse mais recorrente, ficou surpreso com as marcas de chupão que manchavam o seu tórax e o interior de suas coxas – ao se espiar por debaixo do edredom.

Se virou na cama, deitando-se de barriga para cima, para olhar à sua esquerda. E o loiro de olhos endiabrados teve de se conter para não fazer barulho e acordar o alfa de cabelo de tom azulado ao seu lado, que continuava ressonando, profundamente.

Que isso não termine nunca...

O coração do ômega tocava verdadeiros solos intermináveis de percussão dentro do peito, ainda que tivesse ciência que as suas forças para resistir aquilo se encontravam escassas no momento.

E, mesmo sabendo dos riscos que corria de acordá-lo – se atrevesse em acariciar a testa daquele homem que se tornara mais do que nunca desejável –, Dio se encontrava hipnotizado por aquele vislumbre da noite anterior que culminara num cio avassalador, terminando ao lado dele, do seu Jonathan.

Ele sabia que aquele momento poderia ser fugaz e sentiu-se inclinado a agarrar qualquer coisa que conseguisse obter apenas para manter o alfa por mais tempo ali, consigo. Não permitiria que pensamentos mesquinhos minassem aquela felicidade que voltava a nascer.

Ao menos, era como Dio enxergava a situação.

Era fácil para ele aproveitar o simples fato que nenhum dos dois resistiram ao recente cio para continuar próximo de Jonathan. Coisa que não se podia dizer que fora bem sucedida, anteriormente, já que o alfa insistia na ideia idiota de morar cada um em um lugar, fingindo levar uma vida tranquila e solitária, mas com pensamentos resvalando como verdadeiros bombardeios devastadores dentro da cabeça, deixando qualquer são bem maluco.

E a marca continuaria a reger as suas vidas, porém, Dio sequer cogitou ter o pensamento dedicado na decisão extremista e desnecessária como a remoção da marca sendo a única via a se seguir.

Paralelo a tudo isso, Dio reconhecia a sua própria contradição e mudança de postura em relação ao alfa. Talvez fosse por medo de perder a garantia de bem-estar não só social que "vinha no pacote", no entanto, agora passou a admitir a existência de bons sentimentos por Jonathan em seu peito e "botá-los para fora".

Era o orgulho que o fazia enxergar que tudo aquilo não passava de fraqueza... além da voz de Dário na sua cabeça, deixando claro o quão patético ele se tornara na concepção daquele fantasma; e de Enrico, que colocava minhocas na sua cabeça enquanto lhe drogava, dizendo sempre em tom fatalista que seria o seu único e verdadeiro amigo na face da Terra, como se fosse uma verdade absoluta.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Where stories live. Discover now