Capítulo LI

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Dar Valor Às Coisas Quando As Perde
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     —— Eu... amo... você... – Dio voltou a balbuciar as palavras, quebrando o silêncio que se instaurou no escritório. Jonathan permaneceu calado, um pouco surpreso com a espontaneidade do ômega, mas desconfiado da veracidade daquele pronunciamento. E Dio acrescentou quando não teve a reação esperada: — Venha e veja por si mesmo... Confira se estou mentindo! Eu amo você, droga! Não era isso que queria ouvir esse tempo todo?! Diga... alguma coisa...

Jonathan engoliu o nó que se formou em sua garganta. Não queria estar nessa situação, ao menos, nunca imaginou que chegariam ao ponto de dizer o que sentiam, mas que nada disso fizesse mais diferença.

Que o tão esperado "eu amo você" vindo dele já não pudesse mais fazer o seu coração bater como num solo de bateria aritmético que o ômega dominava com maestria.

— Eu amei você, Dio... e saber disso não te fez reconsiderar meus sentimentos – respondeu enquanto olhava de esgueira para o ômega. — Por que eu deveria acreditar em você justamente agora?

Pela visão periférica de Jonathan, o rosto de Dio tomou uma coloração mais avermelhada de raiva e frustração.

E assistiu, em soslaio, Dio se empertigar.

— Então, se trata de vingança no final das contas – ele sugeriu com a voz em tom mais grave que o normal.

Jonathan se virou de frente para o seu parceiro e olhou fixamente naqueles olhos cheios de emoções distintas, e disse:

— Não, eu só quero saber a motivação que te fez agir de maneira tão passional, porque me parece muito conveniente você precisar de mim logo depois de saber que perdeu a banda pro seu amigo empresário. Ou que de fato o comando que usei em vocês dois é permanente e está insistindo no erro de me convencer a desfazê-lo em você, já que não vejo o outro aqui. – Não conseguiu evitar o deboche, mas continuou com firmeza. — Mas não quero me enganar uma segunda vez, entende? Não quero descobrir depois que esse "amor" que tanto você declara agora é apenas parte de um plano mirabolante pra se vingar dos outros através de mim; do tolo do alfa esperançoso que acredita nessa tolice de amor, como DIO gostava de dizer.

Dio cruzou os braços e amenizou a feição raivosa, apenas por um breve momento, pois continuou olhando para Jonathan com a testa franzida, esperando por uma oportunidade de atacar sem piedade, assim como o alfa presumiu.

— Não faça isso, você não é assim... – ele dizia.

— Não, não sou, mas você me tornou assim – Jonathan o interrompeu com a voz imponente, o que fez Dio se desarmar, e, novamente, o silêncio se fez presente diante dos dois.

E tudo o que viveu, até aquele momento, passou diante dos olhos azuis-celestes de Jonathan como uma confirmação da existência da dor odiosa que ocupava boa parte de seu peito e não permitia que a esperança brotasse e florescesse.

E ele mesmo não podia negar quando teve as emoções compartilhadas com o ômega, que também parecia sofrer demais com a situação, que sentia muito mais falta do que viveu antes da The Phantom Blood acender ao sucesso do que depois.

As coisas pareciam mais fáceis quando eram apenas os dois... as brigas pareciam menores e menos... cruéis. Dio sempre foi um ser quase que maligno, mas não tinha o poder que Enrico lhe proporcionou ao inflar o ego da persona DIO que se apresentou insuportável e simplesmente insana, depois.

— Acredite, Jonathan... – Dio quebrou o silêncio – arrancando Jonathan dos próprios devaneios – e tomou coragem de se aproximar alguns passos do alfa. — Acredite quando digo que também me machuca muito saber que machuquei você tanto assim. Mas se me der uma chance, a gente pode voltar como era antes.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Where stories live. Discover now