Capítulo XXXVII

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Vai Acabar Apaixonado
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Na noite do "verdadeiro primeiro encontro".

Vai acabar apaixonado... o pensamento fluiu, sem querer, da mente de Dio à sua e Jonathan sentiu-se culpado – mesmo que culpado não fosse o real sentimento que descrevesse aquela sensação, mas era o mais próximo do que sentia – por aquela espiada involuntária.

Não sabia se era uma advertência para si ou uma piada envolvendo os dois, ou se era uma constatação da própria consciência de Dio sobre estar apaixonado, ou no processo de – coisa que o orgulho do ômega não o permitiria dizer em voz alta –, que fora erroneamente captada por talvez ser ainda um segredo.

Mas, de qualquer forma, o seu coração disparou contra o peito com a possibilidade de Dio se deixar levar pelos sentimentos que afloravam dentro dele e, finalmente, se declarar. Ou de se abrir com alguém. Verbalizar o que sentia sem qualquer influência dos hormônios, apenas para tornar esses sentimentos reais. Muito mais do que contar para Jonathan – algo que ele mesmo poderia saber por conta do vínculo –, era Dio admitir para si mesmo o que sentia e lidar com isso não como se fosse uma fraqueza, mas apenas como humanidade.

Que sentimentos humanos ainda poderiam nascer naquele coração inóspito e nada de errado havia nisso.

Visto que o seu parceiro vinculado era, por assim dizer, alguém muito mais complexo do que se esperava, Jonathan detinha como o seu maior orgulho a paciência em determinados aspectos – sendo, em contrapartida, facilmente alguém impulsivo – e faria bom uso dela para lidar com as divergências que nasceriam entre os dois, embora estivesse cheio de dúvidas quanto à sua verdadeira intenção de reaver o perdão de Dio mascarando algum possível sentimento novo que rondava o seu peito que pudesse ser revelado como...

E se, no final das contas, ele era quem estaria se apaixonando primeiro?

Poderia estar mesmo apaixonado por Dio e nem saber disso ainda?... Ou poderia ser a obrigação que se auto-impôs de se tornar o melhor alfa que pudesse ser, apenas para reparar o erro de sua escolha egoísta? Contudo... podia ser amor que nascia ali, não podia? Mesmo escondido no meio daquele turbilhão de deslumbramento e arrependimento por não ter passado com ele todos aqueles primeiros momentos agora perdidos.

O beijo foi finalizado num estalo das bocas, onde Dio deixou surgir um sorriso lindo nos lábios bem vermelhos e convidativos. Jonathan assegurou que mantinha o bloqueio mental em virtude da "não precipitação" e voltou a entrelaçar os seus dedos com os dele para caminharem juntos pela calçada.

— Não vai me dizer o que sem querer não ouvi? – Jonathan queria desviar a atenção e não alimentar ainda mais as suas expectativas. Queria tornar aquela noite a mais especial possível, sem trocar os pés pelas mãos.

— Deveria ter escutado antes, JoJo... Agora, não importa mais. – Dio andava como se quase saltitasse. Jonathan se conteve em comentar sobre ao vê-lo certamente animado – o que parecia bastante raro – para não minar aquela alegria.

— Pare de teimosia, Dio – Não projetou a voz, apenas simulou uma falsa irritação, que acabou arrancado risos do ômega.

— Falando assim até convence que bota a banca! Mas é você quem deveria parar de se fazer de surdo, oras – dizia enquanto movia o ombro como um desaforado, sem tirar o sorriso sardônico do rosto que contagiava Jonathan por dentro.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Where stories live. Discover now