➹Capítulo dezenove➷

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𝙋𝙖𝙪𝙡𝙞𝙣𝙖 𝙋𝙊𝙑

O amadurecimento é algo que vem somente com o tempo, sempre como resposta das nossas atitudes e escolhas. Quando somos jovens rebeldes, é do nosso ser natural agirmos por impulso sem pensar nas consequências que nossas atitudes ou escolhas vão trazer para nós mesmos e também para aqueles que estão ao nosso redor. O problema é que, as consequências sempre virão, sejam elas boas ou ruins, mas isso não é algo do qual podemos fugir, pois parte da tarefa de crescer consiste em nos tornarmos responsáveis por tudo aquilo causado pelo nosso comportamento.

Falar sobre vida é algo complexo e, somente com o passar do tempo, somos capazes de compreender que estamos eternizados a viver entre erros e acertos, descobertas e conquistas, vitórias e derrotas, calmaria e tormenta. Olhar no espelho e encontrar um reflexo onde o rosto é marcado pelas expressões que a vida nos reserva deixa apenas a certeza que a juventude é passageira e ela leva parte daquilo que fomos deixando como resultado apenas o amadurecimento, aprendizado e o desejo daquilo que queremos ser para o resto de nossas vidas.

No entanto, parece que, quanto mais ficamos velhos, mais rígidos ficamos. Temos mais dificuldades em abrir nosso coração para as tantas outras novas descobertas que a vida pode nos oferecer. Não devia ser o contrário? Ao sermos conquistados pelo amor e amadurecimento, não deveríamos sentir como se fôssemos adolescentes de novo, porém tendo a experiência ao nosso favor? O tempo passou e eu que um dia tanto sentia-me capaz de desafiar todos e tudo parece não mais existir. Tudo pareceu mudar quando minha maior preocupação tornou-se ser exemplo para os meus bens mais preciosos. Família!

Contudo não consegui, às vezes sinto que em meu coração que falhei em todos os momentos, hoje eu deveria ser ainda mais forte, alegre e, principalmente, saber os caminhos que desejo seguir sem medo das consequências que minhas escolhas vão me trazer. Queria ter todas as respostas e soluções, mas a verdade é que me sinto frustrada, todos os dias, ao olhar no espelho e ver o quanto cansado é meu reflexo.

O motivo? A minha irresponsabilidade como mãe!

Ser mãe não era uma das coisas que ansiava em meu coração ao longo da minha vida, mas me surpreendi quando senti o meu coração aquecer com a possibilidade de ter filhos com aquele homem que era o motivo dos meus melhores sorrisos. O problema é que somente com o tempo entendi que ser mãe não é algo que aprendemos com um manual de instrução.

E eu falhei...

Contudo, a vida é uma verdadeira filha da mãe. Faz questão de nos mostrar que as coisas não acontecem no tempo que queremos, mas sim no momento que tem que ser. Levou algum tempo para que meu coração se curasse das mágoas que a má relação com mamãe ocasionou em minha vida. Não foi fácil compreender que quase vi minha família destruída por aqueles que deveriam torcer por minha felicidade.

Eu fui taxada como a vilã da história...

Dediquei-me aos estudos e tive algumas oportunidades, afinal eu não queria ser fracassada em minha carreira como era em minha vida sentimental. Digamos, que nunca fui uma das melhores pessoas, por isso, em determinado momento, decidi que isso jamais seria algo que voltaria a atormentar meu coração, focaria em meu trabalho e só. Agora estava, aos poucos, ganhando oportunidades, essas que vinham sempre, mas eu queria mais, eu queria ser grande, porém sabia que o caminho percorrido era longo.

Nesse pouco tempo que eu vinha batalhando para conquistar meu espaço no mundo ao qual tomei por profissão, descobri que os nãos sempre vêm aos montes, é algo frustrante, eu admito, mas eu não poderia me deixar cansar tão facilmente, precisava seguir sempre em busca do que acreditava e assim faria. A sensação agradável de está de volta em casa começava preencher meu coração e só então pude perceber o quanto aquele aconchego familiar me fazia falta. Como fui tola ao deixar tudo isso para trás, quando nos tornamos adultos é natural que pensemos ir em busca dos nossos sonhos, e os quando realizamos ou conquistamos nosso espaço no mundo é algo fascinante.

Porém, algo assustador...

[...]

- Por favor, não me mande embora... - pedi assim que vi que meu pai havia aberto a porta.

- O que faz aqui, Paulina? - perguntou me encarando com um semblante sério.

- Eu só preciso ver ela... - respondi - Por favor...

- Agora você quer ver, depois de anos. Acha que as coisas são assim, vim e ver ela, quando você à abandonou e deixou sobre os nossos cuidados - respondeu.

- Só me deixa vê-la, prometo que irei embora logo! - pedi.

- Ela não está, saiu com Sofia e sua mãe! Não devia estar aqui, sabe que elas odeiam você - respondeu.

- Eu sei! - respondi - Todos vocês me odeiam, mas eu só preciso ver minha filha!

- Sua filha não! Você pode ter gerado ela em seu ventre, mas isso não te dá o direito de ter o título de mãe - respondeu - Você nunca foi mãe dela!

- Eu fui sim! - aumentei o tom de voz - Pelo menos nos primeiros meses de vida dela...

- O que faz aqui? - perguntou uma voz logo atrás de mim que reconheci ser de Sofia.

- Vim ver minha filha! - respondi sem olhar para ela.

- Ela não é sua filha! - disse minha mãe que estava com a garotinha em seu colo, dormindo - Vai embora!

- Só me deixem ver ela! - pedi.

- Ah claro, para você se aproximar e iludir a menina com falsas esperanças de que será uma boa mãe - disse Sofia - Vai embora Paulina! Ela não precisa de você na vida dela...

- Veremos então se ela não precisa! Vocês não irão ter ela para sempre. Eu ainda voltarei para buscar minha filha - encarei cada um deles com raiva.

- Boa sorte! - disse minha mãe - Porque se depender de mim, você nunca terá esse privilégio!

- É o que veremos, Laura! - respondi passando por elas - Eu irei voltar, e levar ela comigo para bem longe!

– Claro, mas só depois que você passar por cima de mim! - exclamou Sofia com ódio - Não será tão fácil, como você pensa que é!

- A ironia é a melhor forma de expressar seu medo, Sofia? - perguntei.

- Não fala o que você não sabe! - me encarou.

- Não adianta discutir com você que precisa se auto-afirmar o tempo todo - respondi - Você sempre perde a linha de raciocínio tentando encontrar uma resposta!

- Cala a sua boca, Paulina - gritou se aproximando de mim - Eu só não te dou uma surra aqui agora, porque sou uma pessoa de caráter e bom senso, coisa que você nunca vai ser!

- Para que te odiar e discutir com você, se eu posso só ignorar e me fazer superior, não é mesmo! - olhei friamente em seus olhos - Não vale a pena discutir com uma pessoa de mente pequena como você!

- É impossível discutir com gente burra e ignorante como você. Nunca têm argumentos e sempre acha que está com a razão - respondeu.

- Não vou mudar de ideia, até ter minha filha comigo - cruzei os braços - Nos vemos em breve - dei um sorriso, logo saindo.

[...]

Créditos: L_C_Oliver 💙

𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐒𝐡𝐨𝐭 - Dofia (Concluída)Kde žijí příběhy. Začni objevovat