➹Capítulo quarenta➷

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𝙎𝙤𝙛𝙞𝙖 𝙋𝙊𝙑

O alarme começou a tocar baixinho como era de costume, detesto acordar abruptamente e mais uma vez já estava acordada mas de olhos fechados. Rolei na cama e agradeci mentalmente por estar sozinha, certamente Dove já havia ido trabalhar e deixar as crianças na escola. Na verdade fazem exatamente dois meses em que decidimos comprar um apartamento para morarmos juntas, no começo nossos pais ficaram meio receosos com a decisão pois ambas as partes não queriam ficar longe das crianças.

Mas a ideia de ter um cantinho nosso já estava nos planos, Evelyn e Lincon amaram a ideia e devo dizer que o modo como eles cuidam um do outro é tão lindo de ver. Como hoje eu iria bem mais tarde para editora, decidi que precisava voltar a praticar o que eu mais amava. Bom e falando nisso logo no começo do nosso namoro, decidi que estava na hora de Dove saber o que eu fazia nas horas livres e quando a mesma descobriu foi uma mistura de emoção, pois descobrimos que já tínhamos conversado virtualmente em um site para escritores e logo as peças começaram a se encaixar.

Ainda lembro da reação dela ao descobrir que um dos meus hobby's era a pintura, na verdade ela foi a primeira pessoa de fora que teve essa oportunidade de saber e ver o meu lugar secreto. Mesmo após a descoberta onde eu queria me desapegar disso, ela insistiu para que eu que não deixasse de lado, então resolvi trazer essa parte de mim para o nosso apartamento e devo dizer que até ela se arrisca algumas vezes em algo.

[...]

Vesti um short e um top de ginástica e corri mais de meia hora na esteira. Dessa rotina não abro mão, todos os dias, excepto aos domingos de ressaca ou nem por isso, domingo é dia de relaxar na minha cama. É o único dia que me dou esse privilégio, ficar na cama horas esquecidas sem pensar em nada, enrolada nos lençóis. Mas hoje é segunda-feira e começa mais uma semana de muita loucura.

Como de costume Dove havia deixado o café da manhã já preparado para mim, mesmo que na maioria das vezes ela sabe que não precisa, ainda insiste. Quem sou eu para reclamar, já que tudo que ela faz é maravilhoso, ainda bem que nesse quesito eu tive sorte. Passei boa parte da manhã fazendo algumas coisas e após o almoço tinha que ir para editora, na verdade já estou atrasada para encarar muitas reuniões, clientes chatos, outros que se acham espertos, mas eu adoro a minha vida ou pelo menos é o que parece.

Banho relâmpago, difusor nos cabelos para não ficarem com cara de rato que caiu num pote de azeite e roupa. Nunca perco muito tempo escolhendo roupa, pelo menos não para trabalhar. Calça preta, blusa, blazer no braço porque não está frio, salto alto, relógio que eu adoro, umas gotas do perfume discreto que uso no dia-a-dia, batom cor de boca, rímel. Olho-me no espelho e gosto do que vejo, como diria um amigo meu, executiva fria e pragmática. Não evito um sorriso ao espelho, executiva fria, não sou fria mas também não sou quente, digamos que sei muito bem como conseguir tudo o que quero e que raramente fracasso numa negociação.

[...]

Saí correndo e já ia esquecendo o notebook em cima da mesa, eu e essa minha mania de esquecer as coisas. O elevador estava no meu andar, bom sinal o dia correria bem, loucura minha mas meço o decorrer do dia pelo elevador no meu andar, às vezes acho que não ando bem da cabeça, mas quem é bom da cabeça nos dias de hoje. Passei pela portaria correndo em direção à garagem, moro em um prédio maravilhoso em que o génio do arquiteto achou que ninguém precisava descer diretamente à garagem.

- Bom dia dona Sofia, atrasada? - sorriu o porteiro que já era quase um amigo, isso por pura insistência da afabilidade dele porque eu quase nunca notava muita coisa ao meu redor, fora do universo do meu trabalho, claro.

- Bom dia Martinez! Sim, ligeiramente atrasada para variar - disse correndo em direção à porta que me levaria à garagem.

- Que a senhora faça muitos e bons negócios hoje - respondeu.

𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐒𝐡𝐨𝐭 - Dofia (Concluída)Where stories live. Discover now