➹Capítulo vinte e nove➷

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𝙎𝙤𝙛𝙞𝙖 𝙋𝙊𝙑

Faltava menos de quatro horas para a festa de lançamento do livro começar e eu ainda tinha tantas coisas para fazer, céus porque ser dona de uma editora é tão puxado assim. Eu estava exausta, tantas coisas se passavam pela minha cabeça, principalmente o fato de ter encontrado com a desconhecida aqui na editora e a gente quase ter ido além do que tem acontecido.

Eu nem sequer sabia de Dove, já que desde a última reunião ela evaporou, talvez esteja recompondo as energias, coisa que eu devia ter feito mas não consegui. Ainda tinha Evelyn me dizendo que o seu amigo da escola iria vim para o evento pois ela havia convidado ele, eu ainda estava intrigada com a fato desse menino ter vindo parar na editora e logo depois eu ter encontrado com a desconhecida.

Sabe qual o problema dos românticos apaixonados? Eles agem por impulsividade, deixa o coração comandar aquilo que somente o cérebro deveria ser capaz de ordenar. Eles não temem ao perigo, permitem que o agora aconteça sem deixar que o amanhã seja previsto. Se entregam como se a lógica não fosse para ser levada em consideração e como se somente o amor pudesse vencer a realidade da desilusão. O problema é que, uma hora ou outra, todo o encanto se desfaz no mesmo passe de mágica com que se constrói, e é nesse instante que o conto de fadas vira tão somente o mundo real puro, amargo, sombrio e cruel.

- Aposto um sorvete pelos seus pensamentos - saí do meu transe quando a voz do meu pai ecoou pela sala - Os convidados começaram a chegar e Evelyn está com sua mãe

- Eu estou tão aflita, papai - comecei a ajeitar algumas coisas - E se algo não sair como planejado? - perguntei.

- Tipo o que? - perguntou e eu suspirei - Filha, é normal ter nervosismo com um evento dessa alta classe, onde terão muitas pessoas importantes e da mídia, mas vai dar tudo certo!

- É por esse motivo que odeio tanta a mídia - caminhei até ele - Dove já chegou? - perguntei.

- Sim, e está na sala que reservei à ela se preparando - respondeu - Você precisa falar com os convidados importantes e depois fazer um discurso

- Preciso mesmo fazer isso? - perguntei.

- Sim, você é a diretora. Boa parte disso só está acontecendo porque você trabalhou dia e noite - sorriu - Tudo isso é mérito seu, eu só dei alguns direcionamentos

- E mesmo assim fez melhor do que eu, papai - olhei para ele.

- Nada disso, eu não sou melhor que você! - respondeu - Agora vamos descer, que temos uma longa noite para comemorar

[...]

E de repente o silêncio. Por que será que sempre é o silêncio que preenche momentos tensos? Seria tão mais fácil se fôssemos capazes de contar piadas, ou coisa do tipo, para ocultar o nervosismo. O nervosismo estava estampado em minha voz embargada. Eu sequer conseguia olhar para aquele tanto de pessoas no salão principal da editora e alguns que vinham em minha direção. Na minha cabeça, uma luta entre o passado e o presente havia começado.

Mas, naquele momento, nada parecia fazer mais sentido em minha cabeça que não fosse simplesmente fugir dali. Como explicar? Eu sabia o turbilhão que movimentavam meus pensamentos naquele instante, mas não sabia como organizá-los e explicar com palavras como me sentia diante de tudo aquilo. Será que aquele era o famoso e tão temido processo de aceitação da realidade ao qual eu estou diante agora? Eu nem sequer conseguia prestar atenção nas pessoas, meus olhos foram direto para Evelyn que estava com o seu tal amigo da escola e isso significaria que ela estava ali, é claro que o menino não viria sozinho, meus olhos percorreram todo o lugar, mas nada dela.

𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐒𝐡𝐨𝐭 - Dofia (Concluída)Where stories live. Discover now