➹Capítulo vinte e um➷

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𝙎𝙤𝙛𝙞𝙖 𝙋𝙊𝙑

Aquele parecia apenas mais um dia típico na minha agenda, mesmo sendo acostumada quase uma vida inteira a dormir somente algumas horas por noite tinha levantado cedo, antes mesmo do sol nascer, e tomei o cuidado de preparar o café, simplesmente para não acordar ninguém em casa. Enquanto comia uma torrada com a última fatia de pão de forma, comecei o que seria uma lista de compras que eu possivelmente esqueceria, minutos depois, em cima da mesa.
           
Pela manhã fui em dois endereços sem ligação entre si, apesar de próximos, na região leste. A cidade era famosa por suas ruas arborizadas, especialmente naquela área, projetada para uma classe social mais abastada. Tudo era meticulosamente planejado e arquitetado, ao contrário do que ocorria ao sul, a praça daquele lado leste da cidade era o que eu amava, quase não tinha tempo e como hoje não tinha muito o que fazer na editora resolvi que tiraria o dia para mim.

Só não contava que um encontro indesejado acabaria com ele...

[...]

Quem essa mulher pensa que é para falar assim comigo, será que por um acaso ela sabe quem eu sou. Eu não tive culpa se ela não tem o que fazer da vida, não queria mesmo ter entrado nessa discussão com ela, mas isso que ela fez não irá ficar assim. Eu irei me vingar. Caminhei atrás dela assim que saiu de perto de mim, não deixaria ela sair impune do que fez contra mim.

Ela irá se arrepender, caminhei em passos firmes sem que ela notasse minha presença, quando ela parou na calçada para atravessar a rua que dava para o estacionamento era a minha hora de agir com vingança, mas a única coisa que fiz foi correr para próximo dela e salvá-la de ser atropelada por uma bicicleta que vinha em sua direção em uma velocidade alta assim que ela colocou seus pés na via.

Num gesto discreto corri minha mão para o lado e segurei a mão dela à puxando para trás. Não havia o que se dizer, apenas notei que seu corpo estava em meus braços e ela estava sobre meu colo, eu havia salvado a vida dela. Encarei seus olhos que ainda estavam em tom escuro, certamente pelo susto de minutos atrás.

- Devia prestar mais atenção - encarei seus lábios que estavam entre-abertos bem próximo à mim.

- O que aconteceu? - perguntou e aí notei que ela estava um pouco perdida.

- Você iria ser atropelada por uma bicicleta, mas eu te salvei - respondi e só então notei seu rosto tomar a cor em um tom avermelhado.

- Meu Deus - respondeu tentando se levantar rapidamente, mas logo sentiu um dor em seu tornozelo - Droga!

- Deve ter machucado - comentei quando ela saiu do meu colo e sentou-se ao meu lado.

- Eu te machuquei? - perguntou me encarando.

- Não! - respondi - Estou bem... - novamente eu estava encarando seus lábios, céus Sofia, deixa disso.

- Obrigada - agradeceu, nem parece que tivemos uma discussão agora mesmo - Desculpa pelo inconveniente de minutos atrás!

- Sem problemas, eu também te devo um pedido de desculpas - respondi notando que não deixávamos de nos encarar, quando notei nossos lábios já estavam se tocando, o beijo foi muito bem aceito pela parte dela, eu custava a acreditar que aquilo estava acontecendo, mas estava adorando cada segundo.

Acho que meu coração nunca trabalhou tanto durante toda a minha vida, nem quando eu estava na minha primeira semana de provas quando entrei na faculdade. Sim, eu sentia muitos arrepios na região do pescoço, e sei lá, o modo como ela mexia com o meu ser era diferente. Confesso que estava sendo difícil fazer a coisa mais simples desse mundo inteiro, porém, concentrei-me em puxar o ar bem fundo e o soltar tranquilamente, tentando relaxar o máximo possível.

Senti seus lábios depositando beijos em meus lábios, bochechas, mais eu sentia a chama no meu peito aumentar. Não consegui evitar e abri meus olhos receosa, e rapidamente fui capturada pelas sua íris verdes, deixando-me completamente inerte perante tanto brilho, tão enigmática. Ela acariciou minhas bochechas com os polegares, inclinando aos poucos seu tronco para frente, enquanto seu carinho fazia com que eu me sentisse sob um véu de proteção, fazendo-me fechar os olhos novamente com aquele toque e tombando minha cabeça para o lado para que eu pudesse apreciá-lo ainda mais.

- Como isso é bom... - sussurrei envolvendo sua mão com a minha.

Minha boca abriu e fechou diversas vezes, eu realmente estava em choque, e claramente assustada. Eu não sabia explicar com palavras o que eu estava sentindo naquele momento, mas é como se milhares de pássaros estivessem batendo suas asas dentro de mim. Ela enlaçou meu pescoço e eu aproveitei para fazer o mesmo com sua cintura, deixando que a ansiedade me consumisse por ver que ela me olhava de uma forma diferente, profunda, com desejo. E, em instantes, ela me puxou e selou nossos lábios novamente. Um beijo necessitado, com anseio, um beijo que começou gentil, mas que agora eu sentia uma tentação imensurável de intensificá-lo, nem ligando se estávamos em um lugar público.

Eu puxei seu corpo em direção ao meu com calma, diminuindo qualquer espaço que ainda houvesse entre nós, minhas mãos seguravam sua cintura como se estivessem com medo dela se desvencilhar de mim, enquanto sentia um calafrio subir pela minha espinha quando ela arranhou minha nuca de uma maneira superficial com suas unhas. Eu arfei contra seus lábios, interrompendo o beijo e abrindo os olhos em seguida para então me perder dentro da imensidão daquelas íris verdes, como se eu pudesse ver as sete maravilhas do mundo através delas, enquanto tentava normalizar as batidas do meu coração que pareciam entrar em curto.

- Isso não devia ter acontecido! - protestei me afastando dela, vendo em seu olhar de que aquilo não devia ter acontecido.

— Mas... — suspirou — Está certa, não devia ter acontecido esse beijo! Fingimos que nada disso aconteceu e seguimos em frente — se levantou — Passar bem...

- Eu acabei agindo no calor do momento - segurei sua mão impedindo ela de sair - Desculpa!

— Não, você está certa! — se virou para me olhar — Não devia ter acontecido o que aconteceu segundos atrás! Apenas esqueça!

- Tudo bem - suspirei soltando sua mão, me levantando em seguida - Passar bem e melhoras com o seu tornozelo!

— Obrigada — agradeceu — Vê se pare de me perseguir — implicou antes de sair.

- Não estou te perseguindo! - falei um pouco alto enquanto ela se afastava.

Era só o que me faltava, eu ficar encantada por uma desconhecida...

[...]

Finalmente rolou beijo, não esperava mais a enrolação delas!!!

Créditos: L_C_Oliver 💙

𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐒𝐡𝐨𝐭 - Dofia (Concluída)Where stories live. Discover now