𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐒𝐡𝐨𝐭 - Dofia (Concluída)

➹Capítulo quarenta e um➷

𝙎𝙤𝙛𝙞𝙖 𝙋𝙊𝙑

A semana passou voando e mal tive tempo para respirar. O fato de não ter viagens longas nem sempre era sinônimo de vida mansa. Quase me perdi em meio a tantas reuniões, apresentação de ideias novas, discussões com o pessoal do departamento financeiro e com o conselho, muitas vezes esse povo parece totalmente alienado e depois eu é que sou a chata. Mas é só lembrar que sou eu quem lida diretamente com os clientes e que efetivamente traz ganhos para a editora, todos se acalmam e cantam o meu coro. Mas não é fácil pois muitas vezes me vejo extenuada com vontade de largar tudo e seguir outro rumo.

Sexta-feira, mal podia acreditar. Estava cansada, mais do que o normal, talvez fosse o sinal claro que não estava tão satisfeita com aquela vida. Só de pensar em viajar e negociar algum novo contrato, meu estômago se contraía. Meu órgão vital é o estomago, para o bem e para o mal. Preciso de férias, mas não férias de uma semana como tomei há mais de um ano, preciso me desligar do mundo.

Faltavam apenas um dia para comemorar minha primeira virada do ano ao lado de Dove. Claro que nossos pais implicaram por nós não festejarmos a data com eles, mas havíamos decidido juntas que tiraríamos aquele momento para nós duas e as crianças. Na verdade passaríamos uns dias viajando, afinal quando retornássemos para L.A retomaríamos de volta à nossa rotina de trabalho.

Enquanto seguíamos em destino a Malibu, Dove dormia tranquilamente ao meu lado e do outro lado Evelyn e Lincon. Não pude deixar de rir quando me perdi nos seus traços angelicais, ela era linda e sem ao menos fazer esforço conseguia arrancar do meu coração as batidas mais erradas e apaixonadas. Chegamos ao hotel sem enfrentar muitas dificuldades, apesar de perceber que o lugar estava muito movimentado aquela época do ano.

– Tudo bem? – perguntei quando me aproximei da janela onde ela estava admirando o céu escuro.

– Tudo ótimo, meu amor - me recebeu em seus braços deixou um selinho rápido em meus lábios – Já acabou seu banho? E as crianças?

– Uhum! – me aconcheguei mais em seus braços me permitindo sentir o calor do seu corpo – Estão dormindo feito anjos. Por que está tão quieta? - perguntei.

– Eu só estava aqui pensando - sorriu.

– Algo que queira compartilhar? - capturei os lábios dela em um beijo lento e rápido, e logo voltei a fitar seus olhos. Dove delicadamente ajeitou alguns fios do meu cabelo atrás da orelha. Seu semblante era sereno, completamente livre da angustia de quando nos conhecemos.

– Apesar de tudo o que passamos, eu o descrevo como os mais incríveis da minha vida. Conquistei meu sonho, ou seja, meu espaço como presidente e de quebra ainda me tornei uma louca apaixonada. Fortaleci ainda mais os laços familiares, mas o mais importante, ganhei você de presente. O melhor de todos os presentes, porque é exatamente aquilo que jamais pensei que poderia ganhar. O amor! - sorriu e eu entendia os sentidos das palavras dela, e por mais que fosse inquietante imaginar que no passado ela não confiava em si própria para conquistar um amor, meu coração dançava desgovernado diante de cada uma daquelas palavras.

– Você é tão incrível, Dove. Como poderia ser diferente? Sorte a minha que te encontrei antes de qualquer outra mulher - sorri.

– Besteira! – riu de canto – Bom, alguém até poderia me notar, mas posso apostar que ninguém teria a capacidade de fazer com que eu me reencontrasse, Sofia – seu polegar acariciava meu rosto – Antes de amarmos alguém precisamos amar a nós mesmas, e isso era algo que eu desconhecia, mas você fez com que isso tornar-se real

– Se não se permitisse, eu não teria conseguido nada - comentei.

– Passei a me permitir quando imaginei que te perderia se não tivesse insistido nesse amor. Obrigada! - suas mãos agora estavam em meu rosto.